Análise

ANÁLISE F1: Incertezas sobre regulamento dos motores de 2026 geram apreensão entre equipes

Embora o presidente da FIA tenha lançado campanha para retorno dos motores V10 no futuro, ainda há poucas informações sobre o trabalho dos construtores e das equipes nos carros do próximo ano. Segredos estão sendo protegidos ou há muitas dúvidas a serem superadas?

Power unit Ferrari

Mynt

Bitcoin e criptomoedas? Invista na Mynt.com.br, a plataforma cripto do BTG Pactual

No fim do ano, vivenciaremos uma autêntica revolução que afetará todos os aspectos da nova Fórmula 1: unidades de potência com motor térmico e elétrico que contribuirão igualmente para a produção de potência, carros mais leves e estreitos com uma distância entre eixos menor, pneus com menor área de contato com o solo, aerodinâmica móvel na frente e atrás, bem como a introdução de combustíveis sustentáveis. 

Leia também:

Em resumo, nada será como antes. Os engenheiros, para começar, estão descobrindo como cada unidade de potência ficou terrivelmente cara. Em comparação com os motores atuais (quatro PUs concedidas sem penalidade ao longo dos 24 GPs), cujo preço é de 1,2 milhão de euros (R$7,8 milhões) cada, haverá uma economia de não mais que 100.000 euros (R$650 mil). E quem está acumulando quebras consecutivas nos testes de bancada verá essa margem de redução de custos cair ainda mais.

Rendering dell'auto F1 2026 FIA

Renderização do carro F1 2026 FIA

Foto de: FIA

Mohammed Ben Sulayem lançou sua campanha de reeleição à presidência da FIA, que expira no final do ano, defendendo os motores V10 aspirados (com um pequeno sistema KERS). 

O emiradense se lançou de cabeça sobre o obstáculo, descartando efetivamente a geração de novos motores que ainda não estrearam nos GPs. Na verdade, foi uma deslegitimação do que os construtores vêm estudando, projetando e construindo há quatro anos.

Com a simplificação dos motores, o presidente também estaria disposto a perder alguns construtores: a esperança é que a FIA consiga se livrar das influências políticas dos fabricantes (OeMs) para ter controle total sobre as regras. Mesmo que a experiência recente nos mostre que as regras elaboradas pela Federação Internacional sem o apoio das equipes teriam sido altamente falhas e problemáticas.

Mohammed Ben Sulayem, Presidente FIA

Mohammed Ben Sulayem, Presidente da FIA

Foto de: Sam Bloxham / Motorsport Images

Vale lembrar que a ideia de um motor que fosse metade elétrico e metade a combustão não nasceu dos técnicos que vivem o automobilismo e movimentam os bastidores do paddock, mas sim de presidentes e CEOs das montadoras. Foram os grandes nomes da indústria automotiva que entraram em campo para discutir qual deveria ser a nova fronteira da Fórmula 1 — uma que pudesse dar um impulso concreto ao mercado dos elétricos.

Eles esperavam que os GPs pudessem se tornar a "vitrine" de um mercado de carros que não existe: todos queriam impulsionar o elétrico depois dos investimentos monstruosos que, especialmente os alemães, mas não só eles, haviam feito para apoiar o elétrico, seguindo a visão míope da Comissão Europeia que havia apostado no Green Deal (Pacto Ecológico Europeu, um  plano estratégico e legislativo da União Europeia com o objetivo de tornar a Europa o primeiro continente climaticamente neutro até 2050) sobre a demonização do motor a combustão, escolhendo uma única tecnologia para o futuro da mobilidade. 

Os presidentes e CEOs, embora conscientes de que erraram em suas estratégias industriais e que arcaram com enormes custos de reconversão de produto, ainda assim esperavam acender a 'faísca' com a F1, mas, em poucos anos, o mundo mudou completamente.

O motor meio a meio acabou sendo um exercício que elevou demais os padrões em comparação com a tecnologia disponível e está se revelando um fracasso: não é possível obter carga elétrica suficiente para manter a energia necessária para completar uma volta. Para corrigir esses problemas, os legisladores intervieram na parte do chassi, tentando reduzir o arrasto o máximo possível e não desperdiçar cada centímetro de potência, de modo que teremos 'monopostos Frankenstein'. Os carros projetados pela FIA não tinham carga e corriam o risco de rodar nas curvas mais rápidas. Então, graças também à colaboração das equipes, foram buscadas medidas corretivas que deveriam mitigar os problemas. 

Agora, fala-se das últimas simulações com tempos de volta que, na maioria das pistas, não devem ser mais do que alguns segundos mais lentos do que os atuais: como ponto de partida, isso seria fantástico, já que as primeiras pesquisas revelaram indicações humilhantes para a F1. Portanto, é possível que, com o trabalho de desenvolvimento, cheguemos rapidamente aos valores atuais. Há fabricantes que fizeram um investimento de bilhões de dólares e estariam preparados para encurtar o ciclo regulatório (até 2030, inclusive) a fim de antecipar a mudança. 

Eles avançariam para unidades de potência que poderiam custar um quarto do que está sendo estudado atualmente, com uma simplificação técnica que tornaria o exercício acessível até mesmo para fabricantes que não têm uma cultura específica de unidades de potência excessivamente complexas. 

Hywel Thomas, Mercedes AMG HPP

Hywel Thomas, Mercedes AMG HPP

Fotos de: Mercedes AMG

Os novos regulamentos, portanto, são quase inéditos. No paddock, diz-se que a Mercedes, como em 2014, no início da era híbrida, estaria à frente de todos com a unidade de potência fabricada em Brixworth pela equipe de Hywel Thomas. Três equipes, além da oficial, seriam beneficiadas: McLaren, Williams e Alpine.

E as outras? Não há notícias oficiais, apenas rumores. Tudo sobre Ferrari, Honda, Audi e Red Bull Powertrains  é segredo absoluto. As especulações são alimentadas apenas pelos engenheiros que mudam de um construtor para outro, carregando a bagagem de informações adquiridas antes de irem para a jardinagem. 

Há quem possa ter um excelente motor a combustão e um sistema híbrido ruim — e vice-versa. Mas também pode haver quem tenha um seis cilindros extremo, mas que não seja compatível com um e-fuel adequado, o que leva a uma sequência de quebras no dinamômetro devido a detonações na câmara de combustão. Um elemento está ligado aos outros, e entender qual será o resultado final não será simples. Nós, que observamos de fora, não sabemos — mas a sensação é de que nem mesmo dentro das equipes isso esteja claro.

Adrian Newey, Managing Technical Partner Aston Martin F1 Team

Adrian Newey, sócio técnico gerente da Aston Martin F1 Team

Foto de: Zak Mauger / LAT Images via Getty Images

Com os muitos limites da aerodinâmica, é fácil prever que, pelo menos no início, a nova F1 poderá ser movida principalmente por motores, mas engenheiros como Adrian Newey, que sempre desprezaram esse regulamento, apresentariam ideias e soluções para voltar a se divertir.  

Pensar em um campeonato tão equilibrado em valores como o deste ano é pura heresia e o que está surgindo é uma F1 no escuro, mas que não precisa necessariamente ser descartada antes mesmo de nascer, pois existe o risco de que as próprias pessoas que escreveram as regras do jogo decidam sair do jogo prematuramente. O desafio pode ser empolgante, mas será necessário ter ferramentas válidas para contar a história, de modo a criar interesse em torno do novo que está avançando e que alguns gostariam de cancelar antes do tempo.  

MÁRQUEZ supera problema, Pecco SOFRE! Aprilia e KTM bem. E Diogo Moreira? | SERTÕES com Raquel Stein

Ouça a versão áudio do PÓDIO CAST: 

 

COMPANHE NOSSO PODCAST GRATUITAMENTE:

Faça parte do nosso canal no WhatsApp: clique aqui e se junte a nós no aplicativo!

In this article
Be the first to know and subscribe for real-time news email updates on these topics
Artigo anterior Trunfo da McLaren é problema que afeta F1 "nos últimos 25 anos", diz chefe da Ferrari

Principais comentários

Cadastre-se gratuitamente

  • Tenha acesso rápido aos seus artigos favoritos

  • Gerencie alertas sobre as últimas notícias e pilotos favoritos

  • Faça sua voz ser ouvida com comentários em nossos artigos.

Edição

Brasil Brasil
Filtros