Entrevista

F1 EXCLUSIVO - Mariana Becker explica como Bortoleto tem conquistado a mídia internacional

Brasileiro tem ganhado admiradores na mídia especializada; correspondente da Band comenta ascensão do piloto na opinião global

Gabriel Bortoleto estreou na Fórmula 1 este ano e não tinha uma missão fácil: representar o Brasil após sete anos sem um piloto do país no grid e fazer isso com a Sauber, equipe que terminou 2024 em último lugar. O início do ano não foi fácil, com o brasileiro nem mesmo terminando a primeira corrida na Austrália, porém, com o tempo veio a evolução e também a admiração de fãs e da imprensa especializada ao redor do mundo. 

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Repórter de F1 in loco desde 2007, Mariana Becker conta como Bortoleto alcançou o respeito e admiração da imprensa internacional "aos poucos e com coisas muito determinantes", por causa das próprias atitudes e posicionamento. Apesar da pouca idade e da inexperiência, o brasileiro soube lidar com a pressão de ser um piloto da maior categoria do automobilismo mundial. 

"Desde o princípio, o posicionamento público dele na Austrália, sem ter sequer entrado no carro [impressionou]. Um jovem chegando, ainda como todo jovem, sem saber do que que era capaz, ainda inseguro como todos eles. É só ver o Hadjar na primeira corrida, que bateu indo para o grid e saiu chorando; eles chegam com essa pressão. Aí, no primeiro dia, ele tem que encarar uma declaração de um dos caras mais importantes do meio que era o Helmut Marko dizendo que ele era um piloto B. Então, ele de cara já se posicionou muito bem", relembrou a repóter com exclusividade ao Motorsport.com

"Ele respondeu com educação e respondeu não duro, mas com uma certa segurança. E isso passou uma dignidade para todo mundo. Então, de uma certa forma, foi isso que ele foi apresentando em termos de retorno nas entrevistas. Ele é muito franco, não enrola, se posiciona, dá o o feedback quando você pergunta. Ele fala as coisas que acontecem ou deixam de acontecer com o carro, com a equipe, com tudo", diz a repórter de F1

Gabriel Bortoleto, Sauber, e Mariana Becker

Gabriel Bortoleto, Sauber, e Mariana Becker

Foto de: Guido De Bortoli / LAT Images via Getty Images

Embora tenha tido um início difícil, como é natural, o jovem da Sauber evoluiu com o tempo. Os primeiros pontos vieram na 11ª etapa do campeonato, na Áustria, com um oitavo lugar e, desde então, já esteve na zona de pontuação em outros três fins de semana. Além disso, em classificações, supera o companheiro de equipe, o experiente Nico Hulkenberg: 12 x 7 para o brasileiro, contando sprints. 

"É um desempenho não só constante e estável, mas que dá uma ideia de ter um estofo, sabe? Não é uma coisa à toa, só em um GP, porque vários caras quebraram aí ele se dá bem e no outro [vai mal]. Ele não é instável na forma de pilotar. Não só nos resultados e nos números, mas na forma de guiar. Você vai vendo que ele é estável e aí vai melhorando", explicou. Essa evolução, associada a um bom relacionamento com outros pilotos e com a maneira correta de se posicionar frente a situações difíceis, faz com que Bortoleto se torne alguém confiável e, nos últimos tempos, admirado até mesmo por quem costuma ter uma postura mais cética, especialmente com estreantes. 

"Ele é um cara que passa a ideia de uma promessa sólida, um cara sólido. E eu fiquei muito surpresa já, desde o início, de ter ouvido, principalmente da mídia inglesa, que é bastante crítica e às vezes pondera muito até elogiar algum piloto. Falando não da mídia do dia a dia, mas da mídia tradicional, analítica. Eles começaram a elogiar o Gabriel e fiquei bem surpresa porque eu não estava acostumada a ouvir isso", contou. "Acho que nesse primeiro ano ele está se conquistando, conquistando o que ele se propõe. Conquistou a equipe e, numa situação rara da gente ver, também tá conquistando a mídia em torno dele". 

Gabriel Bortoleto, Sauber

Gabriel Bortoleto, Sauber

Foto de: Guido De Bortoli / LAT Images via Getty Images

Mariana detalha que, apesar de existirem diferentes estilos de imprensa, com alguns veículos mais "efervescentes" e emocionados, que ora criticam duramente e ora se apaixonam, e outros mais detalhistas e especializados, de maneira geral, os comentários sobre o brasileiro tem sido positivos e respeitosos. Do outro lado, Bortoleto também tem se mostrado cada vez mais adaptado e pronto para lidar com as situações que podem acontecer.

"Eles não olham para o Gabriel só como um 'moleque talentoso'. Ele começa já também a se posicionar como um um piloto de respeito. Então é bacana e ele conversa com quem vem conversar com ele, com os repórteres, ele sabe quem é quem. Por enquanto ele tá realmente num momento muito legal, dentro e fora da pista", disse Becker

Outro sinal de respeito dos jornalistas internacionais com Bortoleto é a preocupação com a pronúncia correta do nome do brasileiro, com Mari tendo até mesmo se tornado uma 'consultora de português': "Os gringos, que antes erravam muito o nome dele, agora erram menos. Ainda erram, mas bem menos. Eu até chamei a atenção de um deles, que é um grande amigo meu, falei: 'Ó, não é Gabriele, é Gabriel', ' Ah é, é Gabriel'. Aí vem me perguntar como é que é o 'el' , porque eles falam 'ele', né? Então, eles já começam a se interessar mais".

"Como jornalista brasileira, a gente ouve também. Eles vem querer saber mais dele, vem perguntar ou às vezes dar parabéns por alguma ultrapassagem dele ou um bom resultado. Isso é uma coisa que acontece muito dentro da F1 quando o piloto do seu país vai muito bem ou quando vai muito mal: os outros colegas de imprensa vem falar com você, como se você jogasse no mesmo time. Na verdade a gente joga, mas não exatamente no front ali, né? Dizem "Ó o que o seu piloto fez". E, na verdade, é um prazer depois de tanto tempo sem ter ninguém", revelou. 

"Isso tudo está acontecendo porque ele é bom. Ninguém fala bem de piloto que não é bom. O cara pode ser o mais gente boa do mundo, se ele não é bom na pista, ele não vira assunto. [Primeiro] os caras querem saber se ele é bom. Aí, no momento que ele é bom, ele vira assunto... Se ele é legal, se ele não é, se isso e aquilo. É um bom sinal, sabe?", concluiu. 

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