F1: Alonso e Verstappen criticam ideia de GPs mais curtos; Russell e Antonelli demonstram simpatia às mudanças
Pilotos se manifestaram sobre propostas de CEO da categoria, Stefano Domenicali, que é a favor de mais sprints e corridas mais curtas
Após os comentários do CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali, sugerindo que os chefes do campeonato analisariam corridas mais curtas, Fernando Alonso sugeriu que o argumento da redução da capacidade de atenção era "um problema da sociedade e das crianças", e não da categoria.
Domenicali sugeriu que a F1 poderia pensar em reduzir a duração dos GPs como parte de uma série de considerações para aumentar a popularidade da F1. Incluindo a ideia de mais sprints no calendário.
Alonso, por outro lado, acha que a duração normal de um GP não precisa ser alterada, usando o exemplo de uma partida de futebol. Ele admitiu que não assiste aos 90 minutos completos sem distrações, mas não acredita que a solução para isso seria reduzir os jogos para 60 minutos. Dito isso, ele afirmou que confiava no julgamento de Domenicali e acrescentou que isso provavelmente não o afetaria de qualquer forma, dada sua implícita vida útil mais curta na F1.
"Eu estarei na frente da TV quando isso acontecer. Não acho que seja um problema com o esporte, então provavelmente não é necessário mudar", disse o bicampeão. "Mas Stefano sabe melhor do que ninguém, portanto, se ele acha que isso é necessário, estamos em boas mãos nesse tipo de decisão com ele".
"Os jogos de futebol são um pouco longos. Quando me sento em frente à TV, não estou assistindo aos 90 minutos concentrado. Vou à cozinha, volto, ou seja, sempre há alguns momentos de distração, mas ninguém está falando em ter jogos de futebol de 60 minutos ou algo assim. É um problema da sociedade e das crianças, mas não do esporte, então provavelmente não é necessário mudar', declarou.
Andrea Kimi Antonelli apoiou a ideia de mais corridas sprint, afirmando que gosta do desafio de ter que estar "pronto logo de cara", mas achou que corridas mais curtas, em geral, seriam um desafio para equilibrar com os regulamentos.

Andrea Kimi Antonelli, Mercedes
Foto de: Sam Bloxham / LAT Images via Getty Images
Ele citou as estratégias de boxes, já que, atualmente, as corridas podem ser feitas com uma única parada. O italiano preferiria manter a variedade de opções estratégicas, que, em uma corrida menor, seriam reduzidas.
"É difícil, acho que, pessoalmente, os fins de semana de sprint são divertidos porque têm muita atividade", acrescentou Antonelli. "Você tem que estar pronto logo de cara porque tem um treino, depois a classificação e, em seguida, vai para uma corrida".
"Porém, corridas mais curtas, acho que não funcionaria. Agora, nas corridas longas, já fazemos estratégias de parada única com os pneus que temos e, você sabe, eles teriam que implementar muito mais regras para uma corrida mais curta em termos de parada nos boxes. Acho que, com uma corrida mais longa, provavelmente você também terá mais tempo para construir a corrida. Mas os fins de semana de sprint são divertidos, então não seria ruim ter mais deles", completou.
Esteban Ocon, piloto da Haas, ofereceu um ponto de vista contrário sobre a duração das corridas, afirmando que os GPs com maior probabilidade de ultrapassarem a marca de duas horas poderiam ser encurtados sem perder muito, dando Singapura como exemplo.
No entanto, o francês apontou a cultura consumista como a força motriz por trás da F1 considerar mais sprints. Ele achava que adotar a fórmula da MotoGP de realizar sprints em todos os finais de semana seria demais, e que seria benéfico para a F1 criar expectativas com uma abordagem de "menos é mais".

Esteban Ocon, Haas F1 Team, Oliver Bearman, Haas F1 Team
Foto de: Joe Portlock / LAT Images via Getty Images
"Tentaram muita coisa. Acho que é bom que sejamos consultados um pouco sobre isso com Stefano. Mas minha opinião é que não há necessidade de fazer uma grande mudança em relação ao que temos. Acho que ir para o formato da MotoGP seria um pouco extremo, com certeza, com uma sprint em cada corrida", disse.
"E não acho que necessariamente o 'show' será muito melhor. Como fã, o que você quer ver é mais corridas. Vivemos em um mundo tão consumista agora que queremos ver mais espetáculo, mais show e com mais frequência. Quando estamos na Netflix e vemos uma série, pensamos: 'é muito tempo para esperar a segunda temporada'. É basicamente assim que o mundo está agora", apontou o francês.
"Mas também é bom esperar pacientemente e aguardar a corrida. Um GP é algo importante e eu gosto um pouco mais disso. Gosto muito de esperar um bom tempo para ficar animado novamente. Eu concordaria com Stefano que talvez algumas corridas sejam um pouco longas - digamos, as que duram mais de duas horas, como a de Singapura e outras do gênero. Talvez encurtar um pouco não faça diferença para o espetáculo, mas é assim que tem sido historicamente há muito tempo. Mas [encurtar] uma corrida como Monza ou Spa, isso seria muito curto", finalizou.
O tetracampeão Max Verstappen também se manifestou, dizendo que a "F1 não deveria fazer loucuras" e que Domenicali deveria priorizar que os times estejam mais próximos em questão de desempenho e de velocidade. "Vocês já sabem o que eu penso sobre as sprints mas, quanto à duração da corrida, acho que está tudo bem. Sim, às vezes dura uma hora e meia, às vezes mais perto de duas. Em outros esportes também é assim. Às vezes você tem um jogo emocionante e às vezes é totalmente entediante e você acaba dormindo. Isso é o esporte. Nem sempre dá pra fazer algo emocionante porque, se for sempre emocionante, também acaba ficando entediante", falou.
"Eu provavelmente sou mais tradicional, acho que o mais importante é que as equipes estejam mais próximas umas das outras, porque aí você tem mais disputas de qualquer forma. Mas, no geral, se você olhar para a temporada, tirando a McLaren, não está tão ruim. É só que, com esses carros, voltar a seguir de perto está virando um problema novamente. Por isso, às vezes você acaba preso em um trenzinho de DRS ou algo assim", continuou.
No entanto, o holandês admite que entende as razões por trás das propostas do CEO e vê os pontos positivos: "As pessoas estão ganhando mais dinheiro. Entendo o porquê dessas mudanças: para tornar o produto mais empolgante no dia do evento. Porque eu entendo que, quando os fãs vão ao autódromo, é claro que é mais emocionante ver os carros correndo do que apenas dando voltas em treinos. Para nós, os treinos ainda são muito importantes. Mas entendo que, do ponto de vista dos fãs, pode ser meio entediante".
"Só que a F1 é assim desde os anos 50. Entendo que os esportes evoluem e coisas do tipo, mas não deveríamos exagerar. Acho que a corrida sprint, do meu ponto de vista, já é uma loucura suficiente", concluiu.
Por outro lado, George Russell se mostrou mais aberto as propostas, dizendo que poderia "dar uma chance antes de descartar qualquer coisa" e sente que "o esporte precisa evoluir".
"Nunca fui um grande fã das sprints. Mas agora, na verdade, eu as prefiro em relação aos GPs normais, porque tornam toda atividade de pista muito mais significativa, enquanto algumas sextas-feiras parecem um pouco redundantes. Equipes andando com tanque cheio, tanque vazio, motor no máximo, no mínimo. Acaba parecendo tempo demais gasto de maneira desnecessária na pista", defendeu o britânico.
“Acho que algumas corridas talvez sejam sim longas demais. Por exemplo, uma corrida em Monza dura 1h15min, enquanto em Singapura pode chegar a quase 2h. Então isso também faz um certo sentido. Confio em Stefano e na equipe e estou muito aberto a novas ideias. Sempre quero dar o benefício da dúvida”, finalizou.
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