Análise

Resenha: em sua segunda temporada, Drive to Survive vai além para mostrar os bastidores da F1

A nova temporada da série da Netflix continua com seu trabalho de mostrar os bastidores da F1 e trazer novos fãs para o esporte

Fórmula 1 - Drive to Survive

E a espera finalmente acabou! Na madrugada desta sexta-feira (28), a Netflix divulgou a segunda temporada completa de Drive to Survive (Dirigir para Viver). A série, que mostra os bastidores da Fórmula 1, tem como foco nessa segunda temporada o ano de 2019, que terminou com mais uma dobradinha de Lewis Hamilton e Mercedes, além do fundo do poço da Williams, a crise da Haas, entre outras histórias interessantes que compõem os dez episódios dessa nova leva.

O grande barato de Drive to Survive é esse acesso quase total que a equipe de gravação teve às equipes da F1. Isso é uma das grandes marcas da categoria sob a gestão da Liberty Media. Algo do tipo não seria possível durante os anos de Bernie Ecclestone, que era contra à presença do campeonato, pilotos e equipes em redes sociais.

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Mas o que vemos na série é muito diferente do que temos no dia-a-dia, durante as corridas e a própria cobertura da categoria? Sim e não. Vou começar pelo segundo. Não porque a base do que assistimos é o desenvolvimento da temporada: são as mesmas corridas, os mesmos resultados e o próprio direcionamento da categoria.

Sim porque o acesso da equipe de gravação é muito maior do que o público geral tem às equipes. É maior até que boa parte dos jornalistas que cobrem o esporte. Então há detalhes que vemos na série que acabam fazendo a diferença no final, como reuniões fechadas dentro das equipes, que debatem o futuro dos pilotos, alterações nos carros e até mesmo broncas nos pilotos.

O principal diferencial da segunda temporada em comparação com a primeira é a presença de todas as equipes. Em 2018, Mercedes e Ferrari não toparam participar, mas após verem o sucesso da série, mudaram de opinião. E isso fez muita diferença. Você percebe que os comentários são mais completos, por assim dizer, pela possibilidade de referenciar as duas equipes.

E os produtores não deixaram por menos. Aproveitaram a chegada das novas equipes e já colocaram elas desde os primeiros minutos, com destaque para a entrevista de Mattia Binotto, chefe da Ferrari logo na primeira cena, falando sobre a Netflix e a própria série.

Christian Horner, Team Principal, Red Bull Racing

Christian Horner, Team Principal, Red Bull Racing

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

"Fora minha família, é a coisa mais importante do mundo para mim" (Christian Horner)

A frase do chefe da Red Bull acaba dando um tom à temporada, sendo perceptível nas imagens e nas entrevistas dos pilotos e chefes de equipe falando do quanto eles gostam de estar nesse mundo da velocidade.

Nesta temporada, a produção de Drive to Survive vai além dos episódios do ano passado, mostrando, entre outras coisas, a pré-temporada das equipes. É muito interessante ver os bastidores desse momento que nem os fãs nem a imprensa tem muito acesso. Assim, é possível ver como que se deu de fato o desenvolvimento de um carro de F1, mesmo que ainda muito superficialmente.

Além do acompanhamento dentro do mundo da F1, as câmeras também acompanham pilotos e chefes de equipe fora, em seus momentos de lazer e férias, assim como na temporada passada. São momentos interessantes para conhecer melhor esses personagens, mas também para entender que, mesmo distantes, eles não deixam esse mundo da alta velocidade para trás.

Guenther Steiner, Team Principal, Haas F1 Team

Guenther Steiner, Team Principal, Haas F1 Team

Photo by: Andrew Hone / Motorsport Images

"Começo de temporada, os sonhos ainda estão vivos" (Nico Hulkenberg)

A frase pode ser do ex-piloto da Renault, mas ela se encaixa perfeitamente na proposta do segundo episódio, que tem como foco a crise enfrentada pela Haas em 2019.

O episódio da Haas era um dos momentos mais esperados pelos fãs de automobilismo por um motivo: Guenther Steiner. O chefe da equipe foi um dos grandes destaques da primeira temporada com seus comentários sarcásticos e sua atitude e relacionamento com os membros da Haas e do resto do paddock.

A Haas chegou à 2019 esperando um ano ainda melhor que o anterior, quando terminaram em quinto no mundial de construtores, mas o que se viu foi muito diferente: um carro com vários problemas e uma dupla de pilotos complicada, para dizer o mínimo, além de resultados que não vieram, culminando em decepcionante um nono lugar no mundial.

O que foi visto definitivamente não decepcionou. Guenther está ainda mais afiado nessa segunda temporada, principalmente nos momentos mais tensos, como em Silverstone, quando seus dois pilotos Romain Grosjean e Kevin Magnussen tiveram um toque entre si que levou ambos a abandonarem a prova.

Além dos problemas internos enfrentados pela equipe, outro tópico permeou o episódio: o acordo de patrocínio com a Rich Energy, que começou 2019 como um futuro brilhante para a equipe, mas que chegou ao fim antes mesmo da metade do campeonato devido à péssima performance da equipe nas primeiras provas. Chama a atenção o fato da produtora de Drive to Survive ter conseguido trazer o CEO da Rich Energy para dar o seu lado da história.

O andamento do episódio só deixa uma pergunta para o público: por que a Haas manteve a dupla de pilotos para 2020 após todos esses problemas?

Daniel Ricciardo, Renault F1 Team

Daniel Ricciardo, Renault F1 Team

Photo by: Joe Portlock / Motorsport Images

"É uma jornada incrível a busca por um mundial. E eu mal posso esperar para começar" (Lewis Hamilton)

Uma das características mais interessantes de Drive to Survive é a igualdade de espaço entre as equipes, sem focar especificamente nas três da frente. Isso é motivado pelo fato de Ferrari e Mercedes não terem participados da temporada passada, mas acaba sendo um dos pontos positivos da série, e a fórmula é repetida nesse ano.

Uma das histórias mais legais de acompanhar, tanto no grid quanto na série, é a disputa entre Renault e McLaren pelo quarto lugar no mundial de construtores, ou, como é popularmente conhecido, o título de "melhor do resto". E por ser especificamente entre essas equipes há alguns ingredientes a mais nessa disputa, algo que a série soube aproveitar: a chegada de Ricciardo à Renault, obrigando Sainz a buscar uma vaga na McLaren, o fato da equipe inglesa usar motores da montadora francesa...

Na primeira temporada, alguns pilotos assumiram um certo protagonismo ao longo dos episódios. Dois se mantêm na leva deste ano: Ricciardo e Sainz, muito motivado por essa disputa entre Renault e McLaren para ver quem se sobressai como a melhor equipe do meio do grid. Mesmo agora com Hamilton, Leclerc e Vettel disponíveis para a série, apesar do tempo limitado (uma corrida de cada equipe), a decisão da produtora foi correta, pois a briga do pelotão intermediário foi um dos grandes destaques de 2019.

Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W10, crashes his car but manages to continue on his way

Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W10, crashes his car but manages to continue on his way

Photo by: Jerry Andre / Motorsport Images

"A Fórmula 1 é como um planejamento de guerra" (Toto Wolff)

Como já mencionei acima, tanto Mercedes quanto Ferrari toparam participar da segunda temporada de Drive to Survive, mas apenas em uma corrida para cada durante a temporada. E a produção da série não poderia ter esperado uma sorte maior com o episódio da Mercedes.

Devido ao aniversário de 125 anos da montadora alemã no mundo do automobilismo, a Mercedes preparou uma ocasião especial para o GP da Alemanha, chegando inclusive a ser a patrocinadora master do evento. E o que vimos, como todos sabem, foi um resultado muito diferente do imaginado pela equipe.

A produção da série resolveu aproveitar a oportunidade e fazer algo que ainda não havia feito na série: se aprofundar em um único final de semana de GP. Mostrar momentos como as coletivas de imprensa dos chefes de equipe e de pós classificação é bom principalmente, para o público que está conhecendo a F1 através da série.

Mas, ao mesmo tempo, acabou deixando uma lacuna, algo estamos acostumados a ver nos demais episódios: as entrevistas e os bastidores. Com um foco muito grande nos acontecimentos da corrida, as opiniões de Hamilton, Bottas e Toto pouco apareceram, além de ainda deixar o público na vontade de conhecer o funcionamento da máquina de guerra que é a Mercedes.

Com todos esses elementos, Drive to Survive trouxe uma grande segunda temporada, tendo a sorte de trabalhar com o ótimo 2019 que a Fórmula 1 entregou. Além disso, souberam aprofundar-se na rotina das equipes, chefes e pilotos, principalmente ao mostrar imagens de momentos-chave como a pré-temporada.

Para o fã de automobilismo, é uma ótima oportunidade de ver os bastidores da principal categoria do esporte a motor do mundo de um jeito que normalmente não é possível de se ver no dia-a-dia. Já para quem não é fã de automobilismo, Drive to Survive continua sendo uma ótima porta de entrada para quem quer conhecer mais o esporte e talvez até se tornar um novo fã.

Isso já é visível desde o lançamento da primeira temporada, há um ano. A organização do GP dos Estados Unidos afirmou que teve um público maior na edição de 2019 devido à série e Daniel Ricciardo também disse que agora é mais reconhecido em regiões onde a Fórmula 1 não é tão disseminada, como nos Estados Unidos.

VÍDEO: O que queremos ver na segunda temporada de Drive to Survive

GALERIA: Veja imagens desta sexta em Barcelona

Alex Albon, Red Bull Racing RB16
Alex Albon, Red Bull Racing RB16
Alex Albon, Red Bull Racing RB16
Carlos Sainz Jr., McLaren MCL35
Carlos Sainz Jr., McLaren MCL35
Carlos Sainz Jr., McLaren MCL35 leads Alex Albon, Red Bull Racing RB16
Charles Leclerc, Ferrari SF1000
Charles Leclerc, Ferrari SF1000
Charles Leclerc, Ferrari SF1000
Charles Leclerc, Ferrari SF1000
Charles Leclerc, Ferrari SF1000
Charles Leclerc, Ferrari SF1000
Charles Leclerc, Ferrari SF1000
Charles Leclerc, Ferrari SF1000
Charles Leclerc, Ferrari SF1000 alongside Daniel Ricciardo, Renault F1 Team R.S.20
Daniel Ricciardo, Renault F1 Team R.S.20
Daniel Ricciardo, Renault F1 Team R.S.20
Daniel Ricciardo, Renault F1 Team R.S.20
Daniel Ricciardo, Renault F1 Team R.S.20
Daniel Ricciardo, Renault F1 Team R.S.20
Daniel Ricciardo, Renault F1 Team R.S.20
Daniel Ricciardo, Renault F1 Team R.S.20
Daniil Kvyat, AlphaTauri AT01
Daniil Kvyat, AlphaTauri AT01
Daniil Kvyat, AlphaTauri AT01
Daniil Kvyat, AlphaTauri AT01
Daniil Kvyat, AlphaTauri AT01
Daniil Kvyat, AlphaTauri AT01
Fans
George Russell, Williams FW43
George Russell, Williams FW43
Kimi Raikkonen, Alfa Romeo Racing C39
Kimi Raikkonen, Alfa Romeo Racing C39
Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11
Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11
Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11
Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11
Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11
Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11
Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11
Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11
Lewis Hamilton, Mercedes F1 W11
Red Bull Racing fans watch Carlos Sainz Jr., McLaren MCL35, on track
Romain Grosjean, Haas F1 Team VF-20
Romain Grosjean, Haas F1 Team VF-20
Romain Grosjean, Haas F1 Team VF-20
Romain Grosjean, Haas F1 Team VF-20
Sergio Perez, Racing Point RP20
Sergio Perez, Racing Point RP20
Sergio Perez, Racing Point RP20
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Guilherme Longo
Fórmula 1
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