Saiba como motores mudam para conviver com altitude paulistana
O engenheiro chefe de motores da Renault, Ricardo Penteado explica com exclusividade ao TotalRace o que muda para Interlagos
Quem nunca ouviu falar que jogador de futebol, ou qualquer esportista, tem dificuldade em respirar na altitude? O mesmo ocorre com os motores da F-1, ainda que eles sejam bem mais sensíveis que nossos pulmões. Afinal, até os cerca de 800m em relação ao mar de São Paulo já fazem diferença.
É o que explica com exclusividade ao TotalRace o engenheiro chefe de motores da Renault, Ricardo Penteado.
“Não tem de mudar muito pelo tempo que passa em aceleração máxima ou pela distância percorrida em aceleração máxima do motor, mas o fator mais importante para o motor em Interlagos é a pressão atmosférica.”
O brasileiro afirma que os motores têm de ser bem acertados para sobreviver a essa “falta de ar”.
“Estando a quase 800 metros de altitude, a pressão é muito baixa, de cerca de 920mbar. Então, o motor ‘respira’ mal e ganha aquele que conseguir acertar melhor a acústica do motor para ele ter a potência máxima e conseguir subir o mais rápido possível até o final da reta principal.”
Outro fator que a altitude interfere é no consumo de combustível, que é diminuído.
“Quanto mais alto você estiver, menos pressão atmosférica terá. Há uma coluna mais leve de oxigênio empurrando em cima de sua cabeça, tem menos oxigênio, então você vai ter que colocar menos gasolina para queimar todo o oxigênio que tem no ar. É muito mais complicado um circuito como Valência e Melbourne, pois, ao nível do mar, tem muito mais oxigênio entrando no motor.”
O grande desafio dos engenheiros, portanto, é minimizar a perda de potência devido ao menor volume de oxigênio no ar.
“Em altitude, tem de fazer o motor ‘respirar’ o máximo possível para compensar essa perda. Para se ter uma idéia, com menos 80 a 90mbar, você perde quase 8% de potência. É muita coisa. Então tem de ter certeza que a cartografia está bem boa para conseguir sair de todas as curvas de baixa de Interlagos com o máximo de torque possível. É um desafio bem interessante.”
Além de se preocupar com os motores que Bruno Senna e Vitaly Petrov usarão em Interlagos, com 11 anos de F-1 e vivendo na Europa, Penteado aproveita o GP do Brasil para matar a saudade da família.
“Eu tento separar as coisas. É lógico que, na quarta-feira, como não tem de ter passe para entrar no circuito, vou tentar levar meu filhinho para ver um carro de F-1 pela primeira vez, minha irmã estará em São Paulo também. É claro que a família inteira fica na expectativa para me ver porque é a única data do ano em que podemos estar juntos, pois estou baseado na Europa.”
(colaborou Luis Fernando Ramos)
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