Análise MotoGP - Ducati planeja ter apenas motos atualizadas no grid em 2026: seria o momento ideal?
Após uma temporada com uma divisão igualitária de motos, três GP25 e três GP24, marca italiana considera colocar apenas as GP26 no grid do próximo ano

O surgimento de Álex Márquez. Os contratos com Fermín Aldeguer e Fabio di Giannantonio. O domínio quase absoluto frente às montadoras. O que esses fatores têm em comum? Quando combinados, eles criam um cenário que podem forçar a Ducati a colocar seis motos atualizadas no grid da MotoGP em 2026, abandonando o esquema atual, com divisão igualitária entre máquinas do ano e da temporada anterior.
Na última década - mais ou menos desde que Gigi Dall'Igna chegou como diretor geral - a Ducati se distanciou gradualmente de seus rivais diretos na MotoGP, atingindo um nível que, a curto e médio prazo, parece inigualável. Seu projeto na categoria rainha é meticuloso em todos os aspectos: sua base é uma moto excelente que é explorada ao máximo.
Uma equipe satélite padrão paga à Ducati cerca de 2 milhões de euros para alugar a Desmosedici mais recente. Esse valor cai pela metade para uma versão do ano anterior. Houve até mesmo ocasiões, como em 2021, em que três anos de modelos diferentes foram alinhados no grid simultaneamente.
A Desmosedici não é apenas capaz de vencer outros protótipos na pista - ela também enfraquece a concorrência fora dela. A ponto de Marc Márquez ter desistido do último ano de seu contrato com a Honda (2024), juntamente com os cerca de 20 milhões de euros que o acompanhavam, pela chance de pilotar uma Ducati que nem sequer era o modelo mais recente.
Apenas uma única saída, em seu teste de estreia com a equipe Gresini em Valência, foi suficiente para o espanhol confirmar que ele não era o problema na Honda. E sua história agora se transformou em uma história de dominação total com sua campanha de 2025 com a equipe oficial.
Além de ter a melhor combinação piloto-moto do momento, a Ducati fez sua lição de casa em termos de números, extraindo o máximo de valor de cada unidade que fabrica. Até agora, ela usou a promessa de um contrato com a montasdora como um chamariz para atrair estrelas em ascensão - como Fermín Aldeguer - ou para garantir alianças estratégicas, como fez ao promover a equipe VR46 ao status de satélite com apoio de fábrica, um privilégio anteriormente exclusivo da Pramac.
Por meio desse modelo, a marca italiana não apenas ganhou uma poderosa ferramenta de negociação, mas também conseguiu colocar Desmosedicis de anos anteriores nas mãos de seus clientes. No entanto, um conjunto de circunstâncias esperado para a próxima temporada faz com que a Ducati considere este o momento ideal para colocar seis GP26 na pista, segundo apurado pelo Motorsport.com.

Alex Marquez, Gresini Racing
Foto de: Gresini Racing
Um dos principais pontos de discussão na pré-temporada foi o debate sobre o potencial da GP25 em comparação com a moto de 2024, que havia sido caracterizada como uma "máquina perfeita". Após o último teste na Tailândia, de fato, a Ducati anunciou que homologaria uma única especificação de motor para todos os seus pilotos - uma decisão sem precedentes nos últimos anos.
"O motor será o de 2024 para todos os pilotos da Ducati. Conseguiremos produzir tudo a tempo? Bem, tudo isso tem que acontecer dentro de oito ou nove dias, quando normalmente teríamos cerca de três semanas", admitiu o gerente da equipe Davide Tardozzi em uma conversa com o Motorsport.com na Tailândia.
No entanto, algo mudou nesse período, pois o departamento técnico, ainda com Dall'Igna no comando, optou por diferenciar os motores usados por Marc Márquez, Pecco Bagnaia e Di Giannantonio - os três pilotos cujos contratos estipulavam uma GP25 para esta temporada - daqueles usados por Álex Márquez, Aldeguer e Franco Morbidelli.
"Sim, há duas especificações diferentes. A usada por Marc, Pecco e Diggia incorpora algumas pequenas mudanças em comparação com a versão usada por Alex, Franco e Fermin", disse um porta-voz da Ducati a este redator durante a abertura da temporada, também na Tailândia. "Na especificação mais avançada, levamos em conta o feedback de Marc e Pecco", acrescentou a fonte, enfatizando que as diferenças entre as duas versões são "pequenas".
Não a toa que, ao descrever a moto de 2025 no início do campeonato, Bagnaia chegou a classificar a GP25 como uma GP24.9, ressaltando as pequenas diferenças entre elas.
Cinco meses depois, a situação é bem diferente. Marc Márquez está dominando com uma superioridade esmagadora, tendo conquistado oito vitórias duplas (sábado e domingo) e 10 vitórias em doze sprints. Seu irmão, pilotando uma moto 2024 um pouco menos refinada e sem apoio da fábrica - seu contrato é com a Gresini, não com a Ducati - tem sido o único capaz de desafiá-lo às vezes.
Bagnaia, por sua vez, continua preso no divã metafórico do terapeuta, incapaz de encontrar uma resposta para a falta de sensibilidade que, como ele sempre repete, o impede de ter o mesmo desempenho dos últimos três anos.
Há também os outros pilotos da Ducati: Diggia está tentando recuperar a consistência que lhe foi negada pelas lesões; Aldeguer está se destacando - com um pódio em sua temporada de estreia e alguns desempenhos impressionantes no final das corridas - enquanto Morbidelli, que começou bem a temporada, perdeu um pouco do ritmo nas últimas rodadas.
Desses pilotos, apenas Morbidelli tem um contrato que expira no final deste ano. Apesar dos esforços para recrutar Pedro Acosta - que estava ansioso para se livrar de seu contrato com a KTM - o jovem já aceitou que permanecerá na marca austríaca na próxima temporada.
Di Giannantonio, por sua vez, tem contrato com a Ducati como piloto de fábrica até o final de 2026. Como observado anteriormente, Álex Márquez assinou com a Gresini, enquanto Aldeguer, seu companheiro de equipe na equipe de Faenza, assinou diretamente com a fábrica.

Fabio Di Giannantonio, equipe VR46 Racing
Foto de: Gold and Goose Photography / LAT Images / via Getty Images
Seu acordo estipula que ele pilotará uma Desmosedici "padrão" em 2025, seu ano de estreia, com o compromisso de ser atualizado para a moto de última especificação - como as de Márquez, Bagnaia e Di Giannantonio - em 2026.
Considerando os números até agora, é inegável que Álex conquistou o direito de pilotar uma GP26 no próximo ano, mesmo que seu contrato não especifique isso. Além disso, com o mercado de pilotos aberto para 2027, Marc Márquez e a Ducati terão que sentar e negociar.
A primeira metade do calendário mostrou claramente que Álex não precisa de seu irmão como parâmetro para provar seu potencial - sua velocidade e consistência são mais do que suficientes. Dito isso, ter o apoio da referência incontestável no grid nunca é demais.
Há também alguns fatores técnicos importantes a serem considerados na próxima temporada, que será a última antes da grande mudança de regulamento da MotoGP em 2027. Primeiro, vale a pena observar que os motores foram congelados desde sua homologação em Buriram. Com toda a experiência e os dados de 2025, a Ducati estará bem posicionada para escolher entre as duas opções de motor que fornece atualmente.
O argumento a favor da versão mais evoluída é forte. Usado por Márquez, Bagnaia e Diggia, ele acumulou nove vitórias, enquanto a especificação anterior (usada por Álex, Aldeguer e Morbidelli) conquistou apenas uma. Para os fãs, ver todos os seis pilotos correndo em condições teoricamente iguais seria um verdadeiro prazer.
A diferença entre a Ducati e o restante dos fabricantes é um abismo que não pode ser superado em uma única temporada - e todos sabem disso. Por esse motivo, faz sentido acreditar que a maioria das marcas tratará 2026 como um ano de transição, evitando investir mais do que o necessário.
As novas regulamentações oferecem uma janela de esperança para o restante, e seria imperdoável não aproveitar ao máximo essa oportunidade, em vez de desperdiçar energia tentando fechar uma lacuna intransponível em um projeto que durará apenas um ano.
ALÉM DOS MÁRQUEZ, QUAL O MAIOR DESTAQUE de 2025? Diogo Moreira? BAGNAIA é o PIOR DA MOTOGP? Sertões
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