A teoria por trás daquilo que coloca a McLaren à frente dos rivais na F1

Como o time de Woking criou uma diferença tão grande em relação à concorrência no final de um ciclo técnico? A resposta pode ser a correlação; saiba mais

Lando Norris, McLaren

Um dos alicerces do sucesso da McLaren na Fórmula 1 nos últimos dois anos foi o desenvolvimento dos carros da equipe durante a temporada, após a reviravolta imediata no GP da Áustria de 2023.

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A McLaren identificou uma série de ineficiências na plataforma aerodinâmica do MCL60 aquele ano no início da temporada, o que levou a uma reestruturação do departamento técnico e a um ciclo de desenvolvimento pesado para dar novo fôlego à equipe.

Com uma atualização considerável para a corrida do Red Bull Ring de 2023, a McLaren deixou de marcar pontos ocasionais e passou a subir ao pódio com frequência.

Embora o próximo carro, de 2024 (o MCL38), tenha começado mais à frente, só após uma atualização no assoalho em Miami é que a equipe entrou no caminho para a conquista do título de construtores.

A escuderia de Woking continuou a 'construir' esse impulso, e seu MCL39 de 2025 tem sido dominante ao longo do ano - seus rivais mais próximos não conseguiram desafiá-lo de forma consistente.

No paddock, considera-se que o que está por trás disso é a melhor correlação alcançada pelo time britânico em comparação com seus rivais, que projetam melhorias, mas não conseguem traduzir na pista aquilo que computadores projetam. É o que tem feito a Mercedes sofrer, por exemplo, desde 2022.

O chefe da equipe, Andrea Stella, acredita que isso se deve ao fato de a equipe ter acertado os "fundamentos" por trás de cada nova atualização em potencial.

"Essa tendência que conseguimos estabelecer, em que os desenvolvimentos - sejam eles do ponto de vista mecânico, mas acima de tudo aerodinâmico - foram bem-sucedidos, é o resultado de muitos fatores", disse Stella.

Andrea Stella, Team Principal, McLaren F1 Team

Andrea Stella, diretor de equipe da McLaren F1 Team

Foto de: Simon Galloway / Motorsport Images

"Não há muito na F1 que seja fundamental para o sucesso e que seja uma bala mágica. É realmente o resultado do trabalho nos fundamentos."

"Os fundamentos não envolvem apenas a capacidade de gerar ideias, de criar a próxima geometria para um assoalho ou uma asa dianteira, mas também envolvem a compreensão das metodologias que você usa para esse desenvolvimento - e a compreensão de quando essas metodologias serão eficazes não apenas para serem inovadoras, mas também para lhe dar a confiança de que o que você conseguiu no desenvolvimento no túnel de vento ou CFD será realmente transferido para algo que funcione na pista."

"Isso faz parte da geração de conhecimento como equipe, o que em si é uma afirmação muito simples - 'vamos gerar o conhecimento para ter a melhor correlação' - mas, na realidade, é possivelmente um dos campos de batalha mais complicados para qualquer equipe de F1", seguiu Andrea.

"Investimos muito nesse ponto de vista. Tenho que elogiar a qualidade das pessoas porque, mesmo que falemos de metodologias, elas são sempre lideradas por pessoas. Tive muita sorte de poder contar com líderes muito competentes e uma equipe muito talentosa", destacou o italiano ex-Ferrari.

A correlação nesse caso, claro, é medida quando uma equipe reúne seus dados em várias ferramentas de simulação e descobre que os padrões de dados são geralmente experimentados na pista durante as sessões de prática. Pode ser que os números reais em si estejam 'fora' por um pequeno fator, mas, desde que esse fator permaneça consistente, a equipe pode se ajustar a essa discrepância em um trabalho de simulação adicional.

Naturalmente, quando esse fator é extremamente inconsistente em todas as facetas dos atributos de um carro, é aí que os problemas começam a surgir. A McLaren não parece estar caindo nessa armadilha. A equipe também tende a levar tempo com uma peça atualizada, testando-a nos treinos e depois analisando os dados antes de usá-la no restante do fim de semana.

Observe a asa dianteira que a McLaren registrou pela primeira vez no Canadá, por exemplo. A equipe a testou nos treinos de sexta-feira, mas não correu com ela até que tivesse 'digerido' os dados. Em seguida, foi colocada em ação em uma sessão competitiva pela primeira vez na Áustria.

Lando Norris, McLaren

Lando Norris, McLaren

Foto de: Sam Bloxham / Motorsport Images

Analisando o desempenho de sua equipe em 2025, Stella admitiu que o nível de competitividade foi uma surpresa para ele, mas fez questão de salientar que a equipe adotou uma abordagem "agressiva" para evoluir o carro do ano passado.

A equipe tinha a meta de superar o nível estabelecido pelas outras equipes de ponta de forma consistente, e Stella disse que o desenvolvimento contínuo se deveu às estimativas da pré-temporada de que a margem sobre as outras equipes não era suficiente.

"Fiquei surpreso com esse nível de competitividade. Quando, no ano passado, discutimos o quanto queríamos nos esforçar para melhorar o carro de 2024, definitivamente queríamos ser muito ambiciosos", acrescentou.

"Queríamos tentar acabar com a situação de 'entrar nos fins de semana de corrida e nunca saber quem vai ganhar' que tivemos no ano passado, e achamos que precisávamos fazer um pouco mais do que o desenvolvimento normal."

"Então, como fizemos isso? Adotamos uma abordagem muito agressiva em relação à inovação. O MCL39 é um carro muito inovador. Do ponto de vista da engenharia, ficamos nervosos quanto a algumas soluções - se estávamos realmente em condições de entregá-las."

"Mas, quando vimos os tempos de volta e os números das simulações, achamos que isso não seria suficiente. No início da temporada, efetivamente não era suficiente. Esse é um fator que aconteceu durante esta temporada, ou seja, o carro foi realmente melhorado [ao longo deste ano]", completou ele.

BERNIE quer BORTOLETO na FERRARI, Hamilton MAL, McLAREN: balanço da F1 no meio do ano e RAFA CÂMARA!

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