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Adiando o Futuro: O destino dos carros híbridos da F1

João Corrêa analisa a real importância da era híbrida da F1 para o futuro dos carros de rua do mundo

Felipe Massa, Williams FW40
Felipe Massa, Williams FW40
Sebastian Vettel, Ferrari SF70H
Valtteri Bottas, Mercedes AMG F1 W08
Jolyon Palmer, Renault Sport F1 Team RS17
Sergio Perez, Sahara Force India VJM10, Esteban Ocon, Sahara Force India VJM10
Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W08
Valtteri Bottas, Mercedes AMG F1 W08
Sebastian Vettel, Ferrari SF70H
Number boards
Romain Grosjean, Haas F1 Team VF-17
Max Verstappen, Red Bull Racing RB13, Felipe Massa, Williams FW40
Kevin Magnussen, Haas F1 Team VF-17
Max Verstappen, Red Bull Racing RB13
Stoffel Vandoorne, McLaren MCL32
Kimi Raikkonen, Ferrari SF70H, Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W08, Max Verstappen, Red Bull Racing RB13
Kimi Raikkonen, Ferrari SF70H, Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W08
Felipe Massa, Williams FW40
Sebastian Vettel, Ferrari SF70H

Muito se questiona sobre o futuro tecnológico da F1 e a busca por respostas nesse tema nos leva a muitas indagações e poucas certezas.

Como exemplo de certeza tecnológica temos que motores híbridos só farão sentido enquanto as baterias de lítio ou banco de capacitores de nova geração não combinarem boa velocidade de recarga com grande densidade energética, ou seja, quando uma unidade de potência totalmente elétrica for mais eficiente que outra de características híbridas ou puramente convencional, queimando combustíveis de origem fóssil ou vegetal (etanol). 

Corre por fora ainda o que poderíamos chamar de híbrido dos elétricos, os veículos de motor elétrico sustentados por uma 'fuel cell' a qual transforma gases, como o hidrogênio ou o metano (alternativamente), em corrente elétrica. O processo já vem sendo usado em várias partes do mundo, principalmente em grandes veículos como ônibus urbanos. Todavia, lidar com o abastecimento de gases e seus respectivos volumosos tanques de armazenamento nunca terá a benção da modernidade que sempre busca combinar simplicidade com praticidade. Fora o quê qualquer esforço nesse sentido é inútil em termos de preservação ambiental, já que praticamente 90% do hidrogênio vendido no mercado mundial foi extraído na reformatação do gás natural. Com o uso de baterias ainda temos a possibilidade de usar apenas energia solar, inclusive aquela produzida em nossos telhados (as telhas da Tesla estão prometidas para o mês que vem) ou em placas fotovoltaicas que todos já conhecem.

Quando falamos de gás natural falamos de um poço onde comprimem jatos de produtos químicos danosos à saúde que fazem liberar os gases presos entre as rochas, processo este que compromete os lençóis freáticos que por ventura existam ao redor. Água contaminada que as pessoas correm o risco de ter em suas torneiras domésticas. Todavia, falamos de algo irreversível, pois é através do gás natural que o maior consumidor de energia do planeta, os Estados Unidos, obterão o retorno de sua autossuficiência energética. E aqui temos uma pista em relação ao futuro. Os carros elétricos não irão mais contra os interesses das grandes companhias de petróleo e seu inegável poderio político. A maneira mais prática e barata de se utilizar o gás natural é em termoelétricas que geram a eletricidade que encontramos nas tomadas da maioria dos lares, onde será plugado o cabo que abastecerá nosso carro elétrico. As grandes petroleiras são igualmente as maiores extratoras de gás natural, logo...

Temos a questão da fusão nuclear que já foi provada ser possível, faltando apenas um grande experimento de viabilização tecnológica que ocorrerá na França nos próximos anos sob a tutela de um grande consórcio internacional.

Então toda essa tecnologia dos atuais carros híbridos da F1 é por nada? Absolutamente não. O interesse de algumas grandes montadoras em produzir tais motores pode se justificar de diversas maneiras. Primeiro que, embora se saiba que o futuro seja irreversivelmente elétrico, não se sabe exatamente quando isso ocorrerá e não existe melhor plataforma de testes para a recuperação de energia que a atual concepção dos híbridos da F1, que diferem de outros tipos de híbridos do mercado regular. A ajuda que os motores elétricos coligados ao motor turbo V6 dão a potência despejada por esses bólidos nas pistas vem da capacidade da recuperação cinética e do gerador coligado ao turbo, assim como de baterias cada vez mais sofisticadas, área capital para tudo que temos pela frente. A bateria dos F1 atuais estão longe de ter alcançado todo o desenvolvimento que é possível. Pouca recuperação significa pouca ajuda, principalmente nas retomadas, nas saídas de curva. Embora a energia recuperada do turbo não vá ser utilizada em um veículo totalmente elétrico onde turbo são inexistentes, a energia cinética obtida com as freadas vai ser muito utilizada nos carros puramente elétricos, alongando e muito a quilometragem da autonomia dada pelas baterias. Essa recuperação de energia pode ser traduzida literalmente em dinheiro, poucas pessoas se dão conta da economia que essa tecnologia propiciará quando a frota planetária de veículos passar a ser totalmente elétrica.

Contudo, o nosso desafio nessa análise é descobrir o que ocorrerá nos próximos anos quando veremos as atuais unidades híbridas da F1 se tornarem obsoletas diante aos carros da F-E. 

Estamos diante 3 hipóteses de futuro...

Tanto a F1 quanto a F-E são  regidas pela FIA, muito embora os detentores dos direitos comerciais sejam distintos. Fundir as duas categorias seria um negocio como outro qualquer, mas só aconteceria se houvesse um colapso de público na F1 e uma ascensão de interesse pela F-E, o que poderia ocorrer com o abandono dos principais fabricantes hoje presentes na F1, optando eles pela F-E, porque lá é que estará seu interesse comercial (o 'branding') e a necessidade de desenvolvimento tecnológico.

Na segunda hipótese, a F1 se eletrificaria e competiria com a F-E, como hoje de certa forma compete de forma distante com a Indy... 

Na terceira suposição,  a F1 abandona os híbridos e se dirige para ser apenas uma categoria de corridas do estilo sprint, com carros equipados com um forte motor turbo V6, V8, V10 ou V12, deixando de lado o marketing de ser um grande laboratório onde os avanços são testados em primeiro lugar... Nesse último caso a F1 viveria do passado e todos verificariam que na verdade houve apenas uma 'nascarização' ou 'indyanização' da categoria, pois é exatamente isso que essas outras duas aludidas categorias apresentam, uma grande disputa com máquinas que, apesar de não serem muito avançadas, são suficientemente rápidas para permitir a emoção que uma parte do público deseja acima de tudo, sem ligar muito para inovações tecnológicas.

O paradoxo é que sempre devemos lembrar que quando Henry Ford inventou a linha de produção, a maioria dos carros no mundo (poucos na verdade) eram elétricos, com aquelas velhas e volumosas baterias de ácido-chumbo. Como os carros ficaram muito baratos no país que mais produzia gasolina no mundo e se ia muito mais longe com um tanque de gasolina do que com um banco de baterias que ficavam o dia inteiro para se carregar totalmente, houve um adiamento do futuro, mas com certeza o tempo de existência dos motores híbridos não será o mesmo que foi dado aos motores a combustão... O certo mesmo é que os híbridos não tem futuro, como acontece na natureza, geralmente híbridos não procriam. 

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João Corrêa
Fórmula 1
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