Alonso, Hamilton e cia: como pilotos mais velhos se mantêm no topo da F1
Com 35% do grid acima dos 30 anos em 2024, Fórmula 1 continua a contar com nomes experientes para as próximas temporadas
Neste ano, a Fórmula 1 tem 35% dos pilotos de seu grid com 30 anos ou mais, dado que aponta para o aumento do interesse de atletas mais velhos em se manter na categoria. Paralelamente, a composição por idade dos atletas atingiu uma média de 29 anos, a maior nos últimos 6 anos de competição. Essa tendência não é coincidência, mas sim resultado de uma série de mudanças estratégicas no esporte ao longo das últimas temporadas.
Embora as inovações técnicas e novas medidas de segurança nos carros tenham sido importantes, foi a evolução na preparação física e mental dos pilotos que se mostrou decisiva para sua continuidade competitiva nas pistas da F1. Segundo Ricardo Takahashi, especialista em fisioterapia esportiva e sócio da Sonafe - Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física -, o preparo individual colocou esses atletas em condições de quebrar a barreira da idade.
“A F1 hoje não só proporciona aos pilotos veteranos as condições necessárias para competirem de igual para igual com os mais jovens, mas também adapta os programas de treinamento às suas necessidades individuais, incluindo testes de força e cognitivos. Isso é crucial, pois embora a capacidade física possa ser um desafio com o avanço da idade, os impactos são atenuados por estes programas especializados,” detalha Ricardo.
Neste contexto, a possibilidade de atletas continuarem em alto nível e entre as principais equipes aumentou. Fernando Alonso, Lewis Hamilton e até Nico Hulkenberg são exemplos de sucesso de pilotos que iniciaram suas carreiras há muito tempo e ainda figuram no cenário do esporte de alto nível.
Alonso
Fernando Alonso
Foto de: Zak Mauger / Motorsport Images
Um dos principais nomes das últimas duas décadas, Fernando se tornou referência em constância no esporte após se manter na categoria por mais de 15 anos. O piloto, já com 42 anos, renovou com a Aston Martin por duas temporadas. Se o espanhol cumprir o contrato, irá se tornar o piloto mais velho, após a década de 1960, a correr em um GP, ultrapassando o feito de Michael Schumacher, que fez sua última corrida na categoria aos 43 anos.
Para a Dra. Flávia Magalhães, médica do esporte e especialista em fisiologia do exercício, os fatores determinantes na longevidade de atletas como Alonso baseiam-se no cuidado contínuo ao longo da carreira. “A longevidade está relacionada com os cuidados ao longo da carreira, além dos tratamentos adequados em momentos de lesão. Um atleta de alta performance sempre deve ter em mente que seu corpo é a ferramenta de trabalho e os pilares da saúde estão envolvidos na manutenção e longevidade".
"Dentre os pilares, podemos citar nutrição, mobilidade articular, simetria muscular, sono, recuperação, carga de treino, e os sistemas cardiorrespiratório e endócrino, além de cuidados com o sistema renal e urogenital. Também não podemos negligenciar a utilização correta dos equipamentos, essencial no automobilismo”, afirma a doutora.
Hamilton
Lewis Hamilton, Mercedes-AMG F1 Team
Foto de: Sam Bloxham / Motorsport Images
Desde 2007, Lewis corre pelas pistas da F1. De lá para cá, o piloto britânico conquistou 103 vitórias, 104 poles e 7 títulos, resultados que o colocaram entre os atletas mais vitoriosos do automobilismo. Aos 39 anos, mesmo com as dificuldades enfrentadas nos últimos anos, ele está longe de encerrar a carreira.
No início do ano, para a surpresa de muitos, o inglês anunciou sua saída da Mercedes, equipe com que disputou 13 temporadas, para ingressar na Ferrari em 2025. O contrato do piloto garantirá sua permanência até os 41 anos, já que a duração será de mais duas temporadas.
Hulkenberg
Nico é outro que estará no esporte por mais alguns anos. O alemão assinou recentemente com a Sauber, que se tornará Audi em 2026, em um contrato plurianual. Com 36 anos, ele ainda terá a chance de subir ao pódio pela primeira vez, já que em mais de 10 anos de F1 não conseguiu chegar entre os 3 primeiros. A expectativa é que com a chegada da Audi em 2026 e a mudança de regulamento, o vetarano consiga performar bem pela equipe.
Alonso e Hamilton: rivais de longa data
Em 2001, Fernando estreou na F1 pela Minardi, já chamando atenção das equipes. Ao longo de mais de 20 anos, o atleta coleciona 32 vitórias e dois títulos, o que o colocou entre os maiores da modalidade. Do outro lado, Lewis fez sua primeira corrida ao lado do espanhol em 2007, na McLaren.
Atualmente, os dois são os pilotos mais velhos da categoria, com 42 e 39 anos, respectivamente, e, juntos do jovem Max Verstappen, figuram entre os mais vitoriosos. Lewis com seus sete títulos e Alonso com seu bicampeonato. Até hoje, a rivalidade entre eles permanece fervorosa, com episódios recentes de discussões e disputas dentro e fora da pista. Mesmo seguindo caminhos distintos, Lewis e Alonso continuam movimentando a F1, tanto com renovações de contrato quanto com acordos de patrocínios.
Além disso, a ex-dupla da McLaren também possui uma grande base de fãs, com ambos figurando na lista dos 10 pilotos mais seguidos no Instagram. Para Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, a continuidade de Lewis e Alonso representa muito mais do que aparenta para o automobilismo.
“Nomes consagrados e campeões da F1, como são Hamilton e Alonso, agregam muito à categoria, pois fazem parte da história, atraem grande visibilidade e geram receita significativa,” diz Fábio. O grid da categoria disputa neste fim de semana o GP de Mônaco, com cobertura completa do Motorsport.com.
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