ANÁLISE: Apesar da necessidade do DRS, o novo regulamento da F1 está funcionando?
Foram apenas duas corridas até agora, mas as perspectivas são positivas, apesar de ainda restarem algumas dúvidas
A nova era da Fórmula 1 já chegou a duas corridas, e os primeiros sinais vistos nas batalhas dentro das pistas e o feedback dos pilotos têm sido encorajador.
A mudança do regulamento técnico neste ano foi feita principalmente para melhorar o espetáculo, permitindo mais batalhas roda a roda ao reduzir a quantidade de ar sujo produzido, tornando mais fácil para os carros seguirem uns aos outros na pista.
A pré-temporada trouxe alguns feedbacks positivos, mas não foi possível tirar conclusões antes das primeiras corridas, quando pudemos ver as novas regras em efeito total e o seu impacto. Tanto o Bahrein quanto a Arábia Saudita ofereceram momentos de tirar o fôlego entre Charles Leclerc e Max Verstappen. O placar está 1 a 1, e a emoção da potencial nova luta pelo título já cresce.
Mas ambos os pilotos foram honestos em suas análises após as batalhas, afirmando que, enquanto o novo regulamento ajudou, o DRS segue sendo algo necessário para se aproximar e ultrapassar.
"Por mais que seguir seja melhor que no ano passado, e isso é um passo positivo, ainda não acho que seja suficiente para nos livrarmos do DRS", disse Leclerc após o GP em Jeddah. "Faz parte e eu gosto. É parte da estratégia de cada piloto em termos de defesa e ultrapassagem, e é parte das corridas".
Vimos como isso mexeu com a estratégia na luta pela vitória no GP em Jeddah, quando Leclerc e Verstappen tentaram passar em segundo na zona de detecção do DRS na última curva, sabendo de sua potência na reta principal.
Christian Horner, chefe da Red Bull, disse que seria válido olhar para as zonas de detecção daqui em diante, para evitar "jogos de gato e rato", mas que isso traz um fato de jogo ao evento.
Mas o fato de Leclerc e Verstappen terem se aproximado para lutar pela vitória nas duas corridas é encorajador. "Vimos Charles e Max se ultrapassarem umas 10 vezes, o que não víamos em anos anteriores", disse Horner após a última corrida. "Foram grandes corridas, corridas fantásticas entre as duas equipes".
A general view over the grid preparations
Photo by: Red Bull Content Pool
A maior mudança para os pilotos é a confiança, sabendo que poderão guiar os carros mais próximos dos demais. Não há mais problemas repentinos com a queda de downforce. Esteban Ocon comparou às corridas de kart, após uma boa disputa com o companheiro de Alpine, Fernando Alonso, e uma luta com Lando Norris e a McLaren na linha de chegada.
A telemetria também mostra uma tendência positiva. Segundo à Forix, tivemos 55 mudanças de posição no Bahrein, contra 40 do ano passado. Já em Jeddah, subiu de 20 para 31. Isso não significa as ultrapassagens, já que os pilotos podem mudar nas voltas, devido às paradas, e não conta as trocas na primeira volta.
A natureza mais competitiva do grid neste ano, auxiliado pelos passos adiante de Alfa Romeo e Haas também aumentaram esse número. Mesmo assim, é encorajador.
Um dos maiores desafios do novo carro é o peso, cujo valor mínimo está em 798kg. Os carros são mais lentos nas curvas de baixa, e se provam difíceis com os compostos macios.
"O pneu duro permitiu seguir mais de perto", disse Verstappen após vencer em Jeddah. "Os outros compostos, e isso depende da pista, acabam perdendo rendimento. Assim que você começa a seguir por algumas voltas, eles caem. E o peso do carro te coloca acima do limite do pneu".
A sensação predominante é de que as novas regras estão funcionando bem. Neste fim de semana, o GP da Austrália será um grande teste, devido às mudanças ao layout do Albert Park, para vermos se a nova abordagem da F1 para os carros e o design da pista estão no caminho certo. Um desafio que ainda está por vir é se as ultrapassagens serão estimuladas nas pistas mais tradicionais.
"Em Melbourne, teremos muitas zonas de DRS também, então a corrida pode ser interessante", disse Alonso. "Mas precisamos esperar para ver nas corridas normais, como Barcelona, Ímola ou algo assim, se será fácil ou difícil de ultrapassar. Acho que essas são pistas muito específicas".
A decisão final pode estar no ar ainda, mas os primeiros sinais são promissores. As batalhas foram emocionantes e a necessidade do DRS, antes visto como um mal, agora parece parte da batalha tática de modo interessante. O grid é mais competitivo, mesmo com duas equipes acima dos demais e, com a guerra de desenvolvimento a caminho, podemos ter mais aproximações.
"Com uma amostra de duas [corridas], temos que dizer que está cumprindo na habilidade de seguir de perto e as batalhas roda a roda", disse Horner. "Tem sido incrível".
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