ANÁLISE - Destaques positivos, alertas e dúvidas: veja números e observações da pré-temporada da F1 2022
Apesar dos três dias em Barcelona terem sido usados como testes de shakedown, algumas coisas começam a chamar a atenção
Após três dias de atividades em Barcelona, chegou ao fim a primeira parte da pré-temporada de 2022 da Fórmula 1, que marcou a estreia oficial da nova geração de carros da categoria. E apesar de ser apenas o primeiro contato com os novos modelos, os testes na Espanha já deixaram algumas impressões iniciais que são difíceis de serem ignoradas.
Mas, em primeiro lugar, é importante deixarmos bem claro que os resultados de Barcelona precisam ser tomadas exatamente assim: impressões, e não verdades absolutas. Ainda teremos mais três dias de pré-temporada no Bahrein que podem mostrar uma imagem completamente diferente da que tivemos na última semana.
Como todos sabem, em testes do tipo, o que realmente importa é o número de voltas completadas, muito acima dos tempos de volta, já que o objetivo é de acumular o máximo de quilometragem possível. Especialmente com a chegada do novo regulamento, é fundamental ter tempo com o carro na pista para entender como ele funciona, além de detectar possíveis problemas que possam ser resolvidos até o início da temporada.
Mesmo assim, vamos começar olhando para os melhores tempos de volta de cada piloto em Barcelona, junto do composto utilizado e quando essa marca foi obtida.
Lewis Hamilton, Mercedes W13
Photo by: Carl Bingham / Motorsport Images
Os melhores tempos de cada piloto:
Posição | Piloto | Equipe | Melhor Volta | Composto Usado | Sessão |
1º | Lewis Hamilton | Mercedes | 1:19.138 | C5 | Sexta - Tarde |
2º | George Russell | Mercedes | 1:19.233 | C5 | Sexta - Manhã |
3º | Sergio Pérez | Red Bull | 1:19.556 | C4 | Sexta - Tarde |
4º | Lando Norris | McLaren | 1:19.568 | C4 | Quarta - Tarde |
5º | Charles Leclerc | Ferrari | 1:19.689 | C3 | Quinta - Tarde |
6º | Max Verstappen | Red Bull | 1:19.756 | C3 | Sexta - Tarde |
7º | Sebastian Vettel | Aston Martin | 1:19.824 | C5 | Sexta - Manhã |
8º | Pierre Gasly | AlphaTauri | 1:19.918 | C4 | Quinta - Tarde |
9º |
Carlos Sainz | Ferrari | 1:20.072 | C3 | Sexta - Tarde |
10º |
Daniel Ricciardo | McLaren | 1:20.288 | C4 | Quinta - Tarde |
11º |
Alexander Albon | Williams | 1:20.318 | C4 | Sexta - Tarde |
12º |
Nicholas Latifi | Williams | 1:20:699 | C4 | Sexta - Manhã |
13º |
Fernando Alonso | Alpine | 1:21:242 | C3 | Sexta - Manhã |
14º |
Nikita Mazepin | Haas | 1:21.512 | C3 | Quinta - Tarde |
15º |
Yuki Tsunoda | AlphaTauri | 1:21.638 | C3 | Quarta - Manhã |
16º |
Guanyu Zhou | Alfa Romeo | 1:21.885 | C3 | Quinta - Tarde |
17º |
Lance Stroll | Aston Martin | 1:21.920 | C3 | Quinta - Manhã |
18º |
Mick Schumacher | Haas | 1:21.949 | C3 | Quinta - Manhã |
19º |
Esteban Ocon | Alpine | 1:22.164 | C3 | Quinta - Tarde |
20º |
Valtteri Bottas | Alfa Romeo | 1:22.288 | C3 | Quinta - Tarde |
21º |
Robert Kubica | Alfa Romeo | 1:25.909 | C3 | Quarta - Manhã |
Lembrando que os pneus C1 e C2 são duros (C1 sendo o mais duro), C3 é intermediário e C4 e C5 são os macios (C5 sendo o mais macio)
No apagar das luzes de Barcelona, Hamilton entregou uma série de voltas voadoras para garantir não apenas a liderança geral da pré-temporada como também uma “dobradinha” para a Mercedes, com Russell na segunda posição. Mas é importante que, enquanto a dupla britânica tenha terminado na frente, com tempos na casa de 01min19s baixo, eles foram dois de poucos pilotos a usarem os compostos C5, os mais macios.
Já o campeão Verstappen ficou “apenas” em sexto, terminando cerca de seis décimos atrás do rival de 2021, mas ficou claro que o holandês usou o dia e meio de contato com o RB18 para entender melhor o novo carro, apostando em muitas simulações de corrida e o uso dos pneus intermediários e duros, dando poucas voltas com os compostos mais macios, e sem fazer voltas consideráveis.
Lando Norris, McLaren MCL36
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Voltas feitas por cada equipe
Posição | Equipe | Voltas Completadas |
1º | Ferrari | 439 |
2º | Mercedes | 393 |
3º | McLaren | 367 |
4º | Red Bull | 358 |
5º | Williams | 347 |
6º | AlphaTauri | 308 |
7º | Aston Martin | 296 |
8º | Alpine | 266 |
9º |
Alfa Romeo | 175 |
10º |
Haas | 160 |
Aqui sim temos números mais representativos. Como não sabemos o mapa do motor usado pelas equipes, a quantidade de combustível presente nos carros e mais para avaliarmos os tempos de volta, o fator mais considerável em uma pré-temporada acaba sendo as voltas completadas.
Entre os vários pontos que podemos tirar a partir disso, dois se destacam: a confiabilidade do carro e do motor, além do consumo de pneus. Especialmente em um momento de início de nova era, quanto mais quilometragem adquirida, mais cada equipe pode estudar a telemetria obtida para entender onde é possível melhorar a performance.
Nesse quesito, as quatro equipes que eram apontadas desde o ano passado como possíveis candidatas ao título de 2022 se destacaram, terminando nas quatro primeiras posições: Ferrari, Mercedes, McLaren e Red Bull. E é preciso colocar a Ferrari à parte, fazendo quase 80 voltas a mais que a Red Bull, que teve sua cota de problemas ao longo da semana quando Pérez estava a bordo.
Max Verstappen, Red Bull Racing RB18
Photo by: Alessio Morgese
As rivais de 2021 devem seguir mostrando força
Ao longo da temporada de 2021, uma dúvida pairava no ar: com Mercedes e Red Bull focadas na disputa intensa pelo título, elas correm o risco de iniciar a nova era atrás? E essa era uma pergunta válida, porque enquanto muitas equipes já focavam apenas em 2022, as duas ainda dividiam as atenções com os projetos atuais.
Mas os três dias em Barcelona mostram que as duas não tem muito com o que se preocupar. Mercedes e Red Bull mostraram que seguem fortes, obtendo não apenas bons tempos de volta como também boa quilometragem. Ambas as equipes destacaram na sexta que ainda há muito o que melhorar, mas isso é normal, ainda mais com o primeiro ano de um regulamento radicalmente diferente.
Charles Leclerc, Ferrari F1-75
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Ferrari parece ter chegado e McLaren se aproxima
Várias equipes aguardavam a chegada da nova era com o objetivo de dar um salto de performance e, para a Ferrari, isso significava voltar a lutar por vitórias e títulos com maior frequência, buscando encerrar um jejum que já dura desde 2008. E a primeira impressão que fica é a que já era esperada: a equipe italiana indica que vem forte, podendo se colocar entre as que lutam pela frente do grid.
Outra que deixou uma boa impressão inicial, mas que parece ainda estar um passo atrás de Mercedes, Red Bull e Ferrari é a McLaren. Com o apoio do bom motor Mercedes (afinal, ainda estamos na era turbo híbrida da F1), a equipe britânica passou pela pré-temporada sem maiores problemas que deixassem dúvidas, adquirindo boa quilometragem e entregando boas voltas.
Mick Schumacher, Haas VF-22
Photo by: Carl Bingham / Motorsport Images
Alfa Romeo e Haas começam com luz de alerta acesa; Alpine olha para motor com cautela
Enquanto a maioria das equipes cruzou a marca de 250 voltas ao longo dos três dias, duas sequer chegaram a 200: Alfa Romeo e Haas. Nenhuma delas chegou a completar o equivalente a três GPs da Espanha (66 voltas).
Considerando que ambas aguardavam a chegada do novo regulamento como uma forma de dar um salto de performance e integrar novamente o pelotão do meio, esse início de pré-temporada, com pouca quilometragem é alarmante. Os carros passaram muito tempo na garagem sendo reparados por problemas dos mais diversos. Os olhos no Bahrein estarão voltados para eles, em busca de uma resposta à essa semana problemática em Barcelona.
Lembrando que a Haas ainda tem muito com o que se preocupar fora das pistas. A guerra da Rússia contra a Ucrânia deve ter mais repercussões no time americano nas próximas semanas, inclusive com o futuro de Nikita Mazepin ficando em aberto, com o russo podendo ser substituído por Pietro Fittipaldi caso necessário.
E apesar de ter adquirido uma quilometragem maior, a Alpine também não deve ter saído de Barcelona muito feliz. A pane no motor quando Alonso guiava, na última manhã, impediu que Ocon fosse à pista a tarde e deixa uma dúvida muito grande. No início da semana, o CEO Laurent Rossi revelou que o foco no desenvolvimento da nova unidade de potência da Renault estava em performance e não na confiabilidade. Será que a montadora francesa foi longe demais?
Max Verstappen, Red Bull Racing RB18
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Designs dos carros mostram diversidade de ideias
Como já era de se esperar, o início de um novo regulamento traz consigo diversas leituras das novas regras. A estreia da pré-temporada em Barcelona foi marcada por comparações entre as soluções apresentadas por cada equipe para cada área.
Após lançamentos falsos, apostando em renderizações para esconder detalhes do carro, a quarta-feira marcou a primeira vez em que pudemos realmente olhar para cada modelo, cada novidade, cada inovação.
A partir de agora, a tendência é que comecemos a ver algumas direções iguais que as equipes passarão a seguir, a partir do momento que vejam quem se destaca em cada área.
Mercedes W13 stiffened floor
Photo by: Giorgio Piola
'Quicadas', peso extra e ar sujo: as dúvidas que ficam de Barcelona
Das muitas questões técnicas sobre o novo regulamento que pairavam no ar antes do início da pré-temporada, três acabaram se destacando a partir do momento em que os carros entraram na pista.
Começando com o fenômeno chamado em inglês de porpoising, essas 'quicadas' que os carros dão sob alta velocidade na pista (entenda melhor o fenômeno aqui). A própria Ferrari chegou a dizer que todas as equipes subestimaram essa possibilidade e agora devem correr contra o tempo para minimizar esse efeito a tempo da primeira classificação do ano, no Bahrein.
Outra grande dúvida era se a F1 conseguiria atingir seu objetivo máximo com o novo carro: tornar mais fácil para que os pilotos pudessem seguir uns aos outros, facilitando disputas e ultrapassagens. De acordo com Leclerc, esse objetivo foi atingido até certo ponto: quando o carro está até 1s do outro sim, está mais fácil de se aproximar mas, entre 1s e 0s5, a sensação é a mesma do ano passado. Será que isso é suficiente para tornar as corridas mais emocionantes?
Já essa terceira dúvida deve ser resolvida logo. Entre 2021 e 2022, os carros ficaram 43kg mais pesados e, segundo informações de bastidores, apenas uma equipe, potencialmente a Alfa Romeo, conseguiu manter seu modelo dentro do limite, com todas as outras nove excedendo.
Segundo a edição italiana do Motorsport.com, as equipes estariam prontas para pedirem à FIA uma alteração no regulamento, pedindo o aumento de peso dos carros entre 5 e 10kg. A ver como isso se desenrola.
Carros devem vir diferentes já no Bahrein
Esse foi apenas o primeiro contato real das equipes com o novo carro. E certamente todos os engenheiros presentes no paddock não olhavam apenas os seus próprios carros, ficando de olho também no que as rivais haviam trazido, em busca de soluções que possam ser copiadas rapidamente para maximizar performance.
Além disso, essa foi a primeira vez que as equipes puderam buscar correlação entre a realidade e os dados obtidos no túnel de vento. Isso é crucial para mostrar acertos e erros com relação a esse novo carro.
Já esperava-se uma curva de desenvolvimento muito rápida, e alguns pilotos, como Verstappen, já vinham destacando a possibilidade dos carros estarem diferentes na pré-temporada do Bahrein. E isso foi corroborado com a notícia de que a Mercedes já deve trazer um forte pacote de atualizações aerodinâmicas, especialmente com o objetivo de minimizar o porpoising.
A pré-temporada do Bahrein terá uma forte cobertura televisiva e acredito que apenas neste momento veremos os carros que realmente estarão no grid de largada do GP, uma semana depois. Mesmo assim, em um primeiro momento, não acredito que as três semanas que separam os testes de Barcelona e o GP tragam mudanças radicais de performance. Devemos ver isso mais ao longo do ano.
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