ANÁLISE F1: A McLaren 'privilegiou' Norris em detrimento de Piastri na estratégia do GP da Hungria?

Motorsport.com analisa desenrolar tático da prova deste domingo no Hungaroring, trazendo a visão do chefe de Woking, Andrea Stella; confira

A McLaren não acreditava que uma estratégia de só uma parada fosse possível no GP da Hungria de Fórmula 1, até que Lando Norris a fez funcionar para vencer a última etapa da categoria antes das férias de agosto.

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Foi o que marcou a corrida no Hungaroring, quando Norris acabou 'sendo forçado' a adotar uma estratégia de uma parada após uma largada ruim, mas que acabou funcionando a seu favor. E o inglês não foi o único - Max Verstappen poderia ter terminado em quinto ou sexto, em vez de nono, segundo o conselheiro da Red Bull, Helmut Marko, se tivesse parado uma vez em vez de duas. No fim, o holandês terminou em nono.

No sábado, a Pirelli foi inequívoca sobre a superioridade de duas paradas, apesar da possibilidade de a chuva durante a noite fazer um 'reset' na nova superfície da pista.

"No momento, uma parada única é mais ou menos 10 segundos mais lenta", afirmou o gerente de automobilismo da Pirelli, Mario Isola, na noite de sábado.

"Com o nível de degradação que medimos ontem [sexta-feira]", justificou Isola

"Portanto, se estiver mais frio e você conseguir gerenciar melhor o pneu, esses 10 segundos podem ser menores. É por isso que creio que a opção de duas paradas ainda é a preferida", disse Mario no sábado.

As condições estavam, de fato, mais frias, embora a corrida tenha sido ditada pelos acontecimentos na volta de abertura, quando Lando - que vinha em terceiro no grid - passou para o lado de dentro na aproximação da Curva 1 com o objetivo de ultrapassar o companheiro de equipe Oscar Piastri, que havia se classificado em segundo lugar, atrás do pole Charles Leclerc, da Ferrari. A manobra não deu certo e Norris perdeu posição para George Russell, da Mercedes, e depois Fernando Alonso, da Aston Martin.

Embora tenha passado Alonso rapidamente para o quarto lugar, Norris não conseguiu escapar do "ar sujo" da Mercedes de Russell. Enquanto Alonso se afastava dessa batalha em direção ao pelotão do meio, engarrafando os carros atrás, a janela para uma corrida de uma parada começou a se abrir.

Charles Leclerc, Ferrari leads at the start

Charles Leclerc, Ferrari, lidera na largada

Foto de: Mark Thompson / Getty Images

De fato, essa se tornou rapidamente a única opção de Norris, enquanto a estratégia da McLaren para Piastri foi ditada pela necessidade de ultrapassar Leclerc de alguma forma.

"Nossa estratégia básica hoje foi uma estratégia de duas paradas", disse o chefe da equipe McLaren, Andrea Stella, em seu briefing pós-corrida.

"Não achamos que a parada única fosse possível. Então, com Oscar, tentamos adotar uma estratégia boa e determinista de duas paradas, tentando passar Leclerc na primeira parada, e depois tentamos estender a segunda parada para ter um delta de pneu a fim de ter aqueles poucos décimos de segundo para poder passar Leclerc, e isso funcionou."

Mas foi entre essas duas paradas de Piastri nos boxes que o 'ímpeto mudou' para uma parada única. Quando ele parou para o primeiro jogo de pneus duros no final da 18ª volta, forçou a Ferrari a responder, mas Leclerc saiu na frente e os dois saíram dos boxes atrás de Alonso - que havia começado a acelerar o ritmo três voltas antes, abrindo uma brecha que a McLaren e a Ferrari achavam que podiam explorar.

Embora Leclerc e Piastri tenham ultrapassado Alonso quando a contagem de voltas entrou na casa dos 20, ficou cada vez mais claro que o piloto da Aston Martin pretendia estender seu primeiro stint e que isso seria problemático para Russell e Norris, caso eles fossem para os boxes. Russell provou isso ao precisar de quatro voltas para passar o bicampeão mundial.

A essa altura, fazer qualquer coisa que não fosse uma parada única estava parecendo desfavorável para Norris, e Piastri já estava alerta para a possibilidade de sua estratégia estar 'abaixo do ideal'. Embora suas respostas anteriores ao engenheiro de corrida Tom Stallard, que perguntou sobre a possibilidade de parar uma vez, tenham sido negativas, ele começou a fazer perguntas sobre a possibilidade de ficar de fora até o fim da corrida.

O tom sugeria que, ao tentar ultrapassar Leclerc, ele havia dado a Norris uma abertura para passar os dois. Assim, mesmo quando eles se aproximaram de Norris antes de ele parar no final da volta 31, a sorte estava lançada.

Lando Norris, McLaren

Lando Norris, McLaren

Foto de: Mark Thompson / Getty Images

"O mérito é do Lando, que conseguiu alguns setores e tempos de volta muito fortes com pneus que estavam relativamente usados. Então, de alguma forma, nos convencemos de que a estratégia de uma parada estava começando a entrar no jogo à medida que avançávamos no primeiro stint", disse Stella.

"Não foi como se tivéssemos entrado na corrida com estratégias de uma ou duas paradas e tivéssemos escolhido as duas de forma equivalente. Achamos que a estratégia de duas paradas seria a dominante hoje."

Norris estabeleceu várias voltas mais rápidas em sua fase inicial com os pneus duros e foi nesse ponto que o teor das conversas entre Stallard e Piastri mudou: o piloto australiano teve que escolher entre "atacar o Leclerc ou o delta de pneu para o Lando".

A McLaren então tentou algo, dizendo a Piastri para "encaixar a volta" e colocando seus mecânicos no pit na volta 39. A Ferrari reagiu trazendo preventivamente Leclerc para bloquear o undercut - mas, em vez disso, Piastri estendeu seu stint por mais seis voltas. Blefe da McLaren.

Norris teve alguma ajuda quando Russell saiu do seu caminho no final da 42ª volta, quando já estava a 9s5 de Piastri, e herdou a liderança quando seu companheiro de equipe parou. O mais importante é que Piastri havia perdido terreno - somente na volta 44, ele perdeu 2s em relação a Norris.

Piastri, então, teve de usar o melhor de seu delta de pneus para passar Leclerc na pista.

Lando Norris, McLaren, Oscar Piastri, McLaren

Lando Norris, McLaren, Oscar Piastri, McLaren

Foto de: Guido De Bortoli

Naturalmente, considerando o desenrolar da corrida, Stella foi questionado se a equipe havia conscientemente favorecido Norris em relação a Piastri, mas ele descartou essa possibilidade de forma decisiva.

"Queríamos dar a Oscar um delta de pneu suficiente para passar Leclerc, mas também para ter uma chance justa contra Lando, porque isso significaria estar em uma parada dupla ideal", afirmou ele.

"Portanto, queríamos ter certeza de que, pensando em Leclerc, não estaríamos nos desviando muito de uma parada dupla ideal, porque isso teria sido injusto para Oscar em relação à sua competição com Lando. E também verificamos com Oscar qual era sua preferência, e certamente ele queria ter a oportunidade de vencer a corrida."

"E achamos que, com um delta de pneus suficiente para Leclerc, Oscar teria tido uma chance no final."

LANDO BATE PIASTRI, RUSSELL 3º, LECLERC P*, GABRIEL 6º! F1 na Hungria c/Rico Penteado e Felipe Motta

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