Análise

ANÁLISE F1 - Crise na Mercedes: problemas com desempenho do carro levam equipe a reavaliar estratégia

Diretor técnico fez balanço com o time para recuperar a competitividade que parece ter desaparecido; atualizações prejudicaram performance do W16 e rumores do mercado de pilotos complicam as coisas

O sucesso em Montreal foi uma mentira. De forma quase zombeteira, logo após a primeira (e até agora única) vitória da temporada, a Mercedes entrou em um período de dificuldade na Fórmula 1. Nos últimos três GPs, conquistou menos pontos que a Sauber, ficando muito atrás não só do desempenho da McLaren, mas também da Ferrari e da Red Bull. Nada parecido com o meio do ano de 2024, o melhor período vivido pela equipe na era do efeito solo, que pode até mesmo ser considerado um surto (três vitórias em quatro GPs) que não teve continuidade. 

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A diferença de desempenho evidenciada no fim de semana de Spa-Francorchamps disparou um grande alarme dentro da equipe. A reunião de segunda-feira na sede de Brackley foi mais longa do que o normal e contou com a presença de toda a alta gerência, incluindo pilotos.

"Nos encontramos em uma situação em que todos os nossos rivais diretos parecem ter dado um passo à frente", explicou o diretor técnico, James Allison. "Precisamos entender se realmente houve um salto repentino da concorrência ou se fomos nós que cometemos um erro. Não é apenas uma questão de tempos de volta, mas também do que é relatado por nossos pilotos, que descrevem um monoposto que sofre de instabilidade em altas velocidades, tanto na frenagem quanto nas curvas".

No início da temporada, a Mercedes tinha uma boa janela de funcionamento e o ajuste não foi um problema para os engenheiros, incluindo a configuração de classificação. "Não conseguimos dificultar a vida da McLaren", admitiu Allison, "mas [conseguimos] o suficiente para sermos competitivos no campeonato e era muito mais fácil de gerenciar do que é hoje. Quando os primeiros desenvolvimentos começaram a chegar, a situação ficou mais complicada. A busca pelo desempenho veio às custas da dirigibilidade, desencadeando um caminho inverso".

As suspeitas recaíram sobre a suspensão traseira introduzida no fim de semana de Ímola e, mais tarde, em Montreal, uma modificação que supostamente ajudaria a resolver o problema de superaquecimento dos pneus traseiros. O sucesso canadense desviou os engenheiros do caminho certo.

La nuova ala anteriore che ha debuttato a Spa sulla W16

A nova asa dianteira que estreou em Spa no W16

Foto de: AG Galli

Há também aqueles no paddock que apontam que o revés da Mercedes coincidiu com a introdução dos novos regulamentos de flexibilidade da asa dianteira, uma medida que forçou todas as equipes a redefinir o equilíbrio de seu carros. Uma avaliação que, de uma forma não tão oculta, foi confirmada por George Russell. Daí a busca por uma aposta na configuração (como aconteceu em Spa) na esperança de 'tirar uma carta da manga', mas essa não é a abordagem que se espera de uma equipe como a Mercedes.

Em um momento que certamente não é brilhante na área técnica, uma política não tão linear também surgiu no mercado de pilotos. É inegável que Russell está tendo sua melhor temporada desde que estreou na Fórmula 1. Na primeira metade de 2025, ele foi provavelmente o piloto mais consistente de todos, porém (ainda) não tem um contrato que lhe garanta uma vaga para a próxima temporada. Ele [o contrato] virá, é certo, mas esse não é o ponto. Russell tem sido mantido em alerta há meses, com Toto Wolff apaixonado (pela segunda vez em três anos) pela perspectiva de ter Max Verstappen na equipe.

Como aconteceu há dois anos, o tetracampeão permanecerá onde está, agradecendo à Mercedes por lhe oferecer a alavancagem perfeita para obter mais e mais do contrato com a Red Bull. Em 2014, quando estava em seu primeiro ano em um monoposto no campeonato europeu de Fórmula 3, Jos Verstappen armou um leilão entre Helmut Marko e Wolff, o que levou a Red Bull a melhor escolha possível na época: uma estreia direta na F1. Em 2023, a alternativa da Mercedes permitiu que Max Verstappen prevalecesse nas brigas internas que eclodiram no início da temporada. Dois anos depois, o cenário de uma possível mudança para Brackley significou o empurrão final para a saída de Christian Horner.

George Russell, Mercedes

George Russell, Mercedes

Foto de: Marcel van Dorst / EYE4images / NurPhoto via Getty Images

Mas será que Verstappen realmente pensou que queria ir para a Mercedes ou está apenas usando essa oportunidade para conseguir o que quer na Red Bull? O único efeito que isso teve até agora foi fazer com que as últimas semanas de Russell não fossem agradáveis, principalmente em um momento em que ele merece uma renovação. O britânico estará com a equipe em 2026, em uma temporada em que ele deve estar na disputa por um título mundial.

Se a vitória do campeonato chegar, haverá grandes aplausos e tapinhas nas costas, com a Mercedes na vanguarda dizendo que sempre acreditou em seu piloto, desde seus primeiros anos nas fórmulas menores. Se o cenário for diferente a ponto de não ser atraente para Verstappen, ele terá de torcer para que Russell não decida seguir em frente...

NUANCES de VERSTAPPEN no mercado, VEREDITO sobre HAMILTON e BORTOLETO, Lando x Piastri! FELIPE MOTTA

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