ANÁLISE F1: Ferrari beirou ilegalidade e comprometeu vitória de Leclerc na Hungria?

Decisões da equipe de Maranello e mudanças no motor fizeram com que o monegasco terminasse apenas em quarto

Charles Leclerc, Ferrari

Foto de: Mark Thompson / Getty Images

George Russell e Charles Leclerc protagonizaram um momento tenso no fim da corrida de Fórmula 1 na Hungria. Enquanto o britânico tentava ultrapassar o monegasco, ele informou seu engenheiro de que o carro da Ferrari teria se movido durante a frenagem, o que gerou uma punição para o carro #16.

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Mas esse não foi o assunto que começou a borbulhar no paddock. Na verdade, a Ferrari estava preocupada de que seu carro terminasse a corrida na ilegalidade, por conta do desgaste da prancha, com isso, a Ferrari decidiu modificar a pressão dos pneus na segunda parada de Leclerc, o que dificultou a vida do monegasco.

Um terceiro lugar já era frustrante, principalmente porque Leclerc conseguiu colocar o carro na pole no sábado, superando o favoritismo das duas McLarens. Mas a gota d'água foi o piloto ter perdido completamente o pódio pela sequência de decisões ruins da Ferrari.

Hungaroring é uma pista conhecida por ser especialmente difícil de acontecer ultrapassagens, então foi importante o piloto ter mantido a liderança na Curva 1. Tudo parecia estar correndo bem, mesmo com a pressão de Oscar Piastri, o carro de Charles tinha ritmo para, pelo menos, manter a segunda posição.

A primeira parada da Ferrari foi boa, apesar deles terem 'caído' no plano da McLaren, que se provou positivo no fim da corrida. A diferença entre os dois carros diminuiu drasticamente, antes para pouco mais de dois segundos e meio, para menos de dois segundos.

Apesar da pressão, Leclerc tinha o ar limpo e não precisava se preocupar com nenhuma pressão de Russell, que naquele momento estava em terceiro. A grande ameaça se tornou Lando Norris, que se comprometeu com a estratégia de uma única parada e despontaria sem grandes problemas no fim da etapa, como de fato aconteceu.

Charles Leclerc, Ferrari

Foto de: Sam Bloxham / LAT Images via Getty Images

O grande problema aconteceu na volta 41, quando o monegasco entrou nos boxes para fazer sua segunda parada e recebeu pneus com uma pressão diferente, diminuindo o contato do carro com o solo e fazendo com que a disputa por posições ficasse cada vez mais difícil.

Se analisarmos a mensagem de Piastri no rádio para a McLaren, fica claro que ele considerava Leclerc a grande ameaça naquele momento, por isso optaram por cobrir o pit stop do carro #16 e fazerem o mesmo, acreditando que o australiano teria ritmo o suficiente para chegar em Norris e vencer na Hungria pelo segundo ano consecutivo.

Porém, tudo deu errado para a Ferrari a partir desse momento. Leclerc perdeu a segunda posição para Piastri, não tendo muito o que fazer para tentar revidar e logo atrás vinha Russell, com o carro pronto para tomar o terceiro degrau do pódio.

"Vi como estava lento, então presumi que havia um problema", disse Russell à Sky Sports. "A única explicação que podemos pensar é que eles estavam com o carro muito baixo em relação ao solo e tiveram que aumentar a pressão dos pneus no último trecho, porque estavam usando um modo de motor que o deixava mais lento no final da reta, onde o desgaste das pastilhas é maior".

A mudança na pressão dos pneus de Leclerc se deu porque os engenheiros da Ferrari estavam preocupados com o desgaste da prancha. Importante lembrar que os dois carros italianos foram desclassificados do GP da China por estarem abaixo do limite de peso do carro, causado exatamente pela prancha desgastada demasiadamente.

A telemetria de Leclerc mostra que ele foi 1s4 mais lento que Piastri no terceiro stint da corrida, enquanto o australiano estava conseguindo fazer voltas na casa de 1min20s, o monegasco virava apenas 1min22s.

Charles Leclerc, Ferrari

Foto de: Jayce Illman / Getty Images

Além disso, a Ferrari estava usando uma configuração diferente no motor, que diminuia a velocidade máxima do carro, pensando em gerenciar melhor o desgaste da prancha. Não possível saber se isso teria relação direta com o resultado ruim de Leclerc, mas é algo que coloca uma pulga atrás da orelha.

Depois da corrida, Charles disse que a equipe havia encontrado um problema com o carro e isso teria sido o verdadeiro motivo pelo qual ele perdeu o pódio. No entanto, Russell acredita que a questão não foi exatamente essa:

"Ele não vai dizer que eles estavam quase ilegais. É a única coisa que podemos imaginar com base nos tempos de volta, no modo de motor que eles estavam usando e em outros detalhes. Mas, apesar de tudo, estamos muito felizes com o resultado".

Conclusão

Uma coisa não podemos negar: as decisões da Ferrari comprometeram a corrida de Leclerc. Mas algo que devemos ficar de olho é a comunicação dentro da equipe de Maranello.

Desde o início da temporada, Leclerc e Lewis Hamilton deixaram claro que não estão sendo ouvidos pela equipe. A frustração é crescente, inclusive, Charles acabou explodindo com a equipe pelo rádio ao ver que não tinha mais chances de lutar pelo pódio na Hungria:

"Isso é incrivelmente frustrante. Perdemos toda a competitividade. Basta me ouvir, eu teria encontrado uma maneira diferente de lidar com essas questões. Agora é simplesmente impossível de pilotar, impossível de pilotar! Será um milagre se terminarmos no pódio", disse pelo rádio.

De fato, a equipe não podia arriscar terminar no pódio e ser desclassificada por estar ilegal, descumprindo as regras da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Isso custaria todos os pontos conquistados por Leclerc, então um quarto lugar foi o melhor que eles puderam fazer.

Porém, pensando no início do fim de semana e as mudanças que foram feitas, a Ferrari tinha um pódio em mãos e poderia conseguir um resultado mais positivo do que o P4, visto que Hamilton também teve grandes dificuldades com o carro e terminou apenas 12°. As mudanças e estratégias não foram acertas e o clima está ficando cada vez mais tenso entre a equipe e os pilotos.

LANDO BATE PIASTRI, RUSSELL 3º, LECLERC P*, GABRIEL 6º! F1 na Hungria c/Rico Penteado e Felipe Motta

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