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ANÁLISE F1: Foco em Verstappen e 'aposta' em Pérez torna Academia da Red Bull irrelevante

Este é o terceiro ano sem a estreia de um piloto da Academia, com Tsunoda sendo o último em 2021, e Albon foi o último a correr pela Red Bull, em 2020

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Sergio Pérez teve seu contrato renovado pela Red Bull para mais dois anos na Fórmula 1. Mas por que Helmut Marko e Christian Horner apostam em Checo? Para dar estabilidade à equipe e a Max Verstappen. Mas o consultor austríaco sabe muito bem que, com isso, criará um vácuo de poder quando o holandês decidir sair da equipe.

No espaço de poucos dias, Pérez passou da alegria de renovar seu contrato com a Red Bull para o pior fim de semana de corrida da temporada. Nas avaliações que surgiram após o GP do Canadá, os dois eventos se fundiram em uma única pergunta: por que Marko e Horner ainda apostaram em Checo?

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E a partir daí surgem outras perguntas. É possível que, no espaço de três anos e meio, a Academia da Red Bull não tenha sido capaz de apresentar pelo menos um candidato digno de uma chance? E por que a possibilidade de ter Carlos Sainz ou Fernando Alonso na equipe foi deixada de lado?

Max Verstappen, Red Bull Racing

Max Verstappen, Red Bull Racing

Foto de: Glenn Dunbar / Motorsport Images

No passado, Marko foi criticado por suas escolhas muito duras, às vezes cínicas, utilizando-se de um modo de operação que nunca proporcionou uma segunda chance. O interesse da equipe sempre esteve acima de tudo, ao custo de sacrificar as carreiras de pilotos que, na época, não eram capazes de fornecer à equipe o que ela precisava.

Muitos pilotos que ainda estão na F1 sofreram com isso, de Sainz a Pierre Gasly, além de Alexander Albon. Porém, com a chegada de Perez, as coisas mudaram, e muito, com uma abordagem que está muito em desacordo com o que vimos no passado e que só pode levantar mais questões.

Há um momento preciso em que a mudança de direção tomou forma: a ascensão de Verstappen ao papel de fator indispensável para o sucesso da equipe. Isso pode ser datado de 2021, o primeiro ano de Pérez na equipe e a temporada em que o mexicano desempenhou um papel importante na trajetória de Max rumo ao seu primeiro título mundial.

Mas, na realidade, o papel de Max na Red Bull já havia crescido consideravelmente, a equipe percebeu imediatamente seu potencial e a percepção de que eles tinham um diamante bruto nas mãos levou a uma mudança de atitude.

No confronto direto com Verstappen, Ricciardo, Gasly e Albon foram "queimados" e, com a chegada de Pérez (no final de 2020), quatro anos de estabilidade foram acionados, que se tornarão cinco na próxima temporada.

O aspecto positivo dessa política é que, desde então, a Red Bull não deixou nada pelo caminho em termos de metas, de modo que os resultados continuam a estar do lado de Marko e Horner. Mas, ao mesmo tempo, a equipe tem se tornado cada vez mais dependente de Verstappen.

No passado, Marko sempre tinha o próximo passo em suas mãos, assim como aconteceu quando Sebastian Vettel deixou a equipe para ir para a Ferrari. Após sua saída, Ricciardo chegou e, enquanto o australiano crescia, Verstappen chegava.

Sergio Perez, Red Bull Racing

Sergio Perez, Red Bull Racing

Foto de: Zak Mauger / Motorsport Images

Hoje não há plano B, e quando, nos últimos meses, Max deu a entender que não seria o contrato (que expira no final de 2028) que o manteria na equipe, muitos em Milton Keynes tremeram. O viveiro é árido, e o único candidato interno a uma vaga na Red Bull é Yuki Tsunoda, que chegou a pedido da Honda.

O japonês cresceu muito, mas ainda parece estar longe de conseguir colocar um papel de piloto da Red Bull em seus ombros. Atrás dele está um piloto potencialmente bom, Liam Lawson, mas com um longo caminho a percorrer.

Os novos talentos que surgiram nos últimos sete ou oito anos não usaram o uniforme da Red Bull Junior Team, que durante anos foi o orgulho de Marko e do grupo austríaco. A lista atual de pilotos da Academia é escassa em comparação aos últimos anos, quando chegou a ter seis nomes apenas no grid da F2.

Ayumu Iwasa, também apoiado pela Honda, está na Super Fórmula Japonesa. Na F2, 'apenas' Isack Hadjar e Pepe Martí, que não fazem o melhor dos anos. Na F3, Oliver Goethe e Arvin Lindblad, além de alguns poucos nomes nas outras categorias de base.

Tsunoda é, inclusive, o piloto mais recente da Academia a subir para a F1, em 2021, enquanto vários outros nomes foram 'liberados' de seus acordos com a marca austríaca, como Jack Doohan (hoje reserva da Alpine), Enzo Fittipaldi, Dennis Hauger, Juri Vips, Pato O'Ward, Zane Maloney e mais.

Para 2025, a perspectiva atual é de manutenção desse status quo. Com Tsunoda já renovado e Ricciardo encaminhando mais uma vez sua permanência, a Red Bull chegará ao quarto ano sem revelar um novo talento.

Andrea Kimi Antonelli, Oliver Bearman e, antes deles, George Russell, Oscar Piastri, Charles Leclerc, Lando Norris, tiveram o cuidado de não aceitar as ofertas (que chegaram pontualmente) de Marko. A ideia de entrar em um sistema centrado em Verstappen, no qual o risco de ficar esgotado era uma possibilidade real, convenceu os jovens com mais ofertas na mesa (geralmente os melhores) a procurar outro lugar.

Enquanto Verstappen garantir sua presença na equipe, as desvantagens da política da Red Bull permanecerão ocultas, e isso convém muito bem a Marko, o proponente da renovação de Perez.

Tudo é feito em nome de Max, ignorando o fato de que, no dia em que Max decidir fazer uma mudança, ele continuará sendo uma casca vazia no lado dos pilotos. Mas isso pouco interessa a Verstappen e menos ainda a Marko, que sabe que não passará um único dia na Red Bull a partir do momento em que o "seu" Max se despedir de todos para ir para outro lugar.

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Roberto Chinchero
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