ANÁLISE: O que o futuro reserva para Pierre Gasly na Fórmula 1?

Piloto francês deseja retornar à Red Bull, mas equipe já renovou com Pérez para 2022 e tem leque de opções para 2023

Pierre Gasly, AlphaTauri AT02, Sergio Perez, Red Bull Racing RB16B

Quando Pierre Gasly abandonou o GP da Itália após três voltas, terminou uma impressionante sequência para a AlphaTauri na Fórmula 1. Antes dos problemas do francês e a "não-largada" de Yuki Tsunoda, a equipe havia sido a única equipe a pontuar em todas as corridas da temporada, o que a colocou na luta pelo quinto lugar no campeonato de construtores.

Grande parte dessa contribuição veio por conta de Gasly, que não tinha somado pontos em apenas três corridas antes de Monza. Enquanto o companheiro de equipe, o novato Tsunoda passou um tempo se adaptando e corrigindo erros, o francês emergiu como o líder indiscutível da escuderia.

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Seu desempenho neste ano tem sido excelente e a exibição mais notável foi em Baku, quando conquistou o terceiro lugar. O piloto francês está em terceiro na classificação média de pilotos do Motorsport.com na temporada até o momento, com 8,1/10, deixando-o atrás apenas de Lando Norris e Max Verstappen (ambos com 8,5).

Portanto, era estranho que, em meio a toda a conversa do mercado de pilotos na silly season, o nome de Gasly quase nunca aparecesse. A confirmação de que permaneceria com a AlphaTauri, emitida pela equipe em 7 de setembro, não foi uma surpresa para ninguém, principalmente após o anúncio anterior da Red Bull de que Sergio Pérez ficaria em 2022.

Isso deixou muitos se perguntando o que o futuro reservaria para Pierre - incluindo o próprio. Ele sempre falou sobre a esperança de que suas excelentes exibições na escuderia italiana, com destaque para a vitória em Monza no ano passado, poderiam levar a um retorno ao time principal. Afinal, como integrante da coirmã, há a ambição e a esperança de que haja um caminho.

Pierre Gasly, AlphaTauri AT02

Pierre Gasly, AlphaTauri AT02

Photo by: Charles Coates / Motorsport Images

Foi algo sobre o qual Gasly falou em uma entrevista à emissora francesa Canal+ em Monza. Ele observou que estava tendo "a melhor temporada na Toro Rosso e AlphaTauri de qualquer piloto desde que começou na F1 nos últimos 15 anos", mas "não estava sendo recompensado por isso".

"É verdade que é triste e um pouco frustrante, por um lado", acrescentou Pierre. "Por outro, é assim que as coisas são. Estão fora do meu controle e, infelizmente, não depende de mim."

Grande parte dessa decepção vem da maneira como Gasly foi "fritado" na Red Bull durante sua passagem de 12 corridas pela equipe em 2019, antes de ser substituído por Alexander Albon durante a pausa de agosto.

Embora a renovação de Perez para 2022 possa sugerir que foi a resposta para o "problema" do segundo piloto da escuderia, o francês tomou nota das recentes performances do mexicano: "Você vê o desempenho, especialmente no último fim de semana em Zandvoort, quando ele foi eliminado no Q1 e terminou em oitavo, uma volta atrás de seu companheiro de equipe e foi o piloto do dia. Há certas coisas que realmente não dá para entender."

Pérez falou abertamente sobre a dificuldade de ganhar velocidade com o carro da Red Bull, com seu conceito complicado e estilo de direção agressivo adequado para Verstappen. O mesmo desafio que Gasly e Albon enfrentaram quando estavam na equipe.

Pierre Gasly, AlphaTauri AT02, Sergio Perez, Red Bull Racing RB16B

Pierre Gasly, AlphaTauri AT02, Sergio Perez, Red Bull Racing RB16B

Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images

A comparação dos pontos reflete favoravelmente em Pérez. Nas primeiras 12 corridas da temporada de 2021, ele somou 104 com uma vitória no Azerbaijão. Já nas 12 de Gasly pela equipe austríaca, foram 63 e o melhor resultado foi um quarto lugar em Silverstone.

É importante notar as diferentes circunstâncias. O mexicano corre com um carro mais competitivo que deveria estar no top 4 a cada fim de semana, tal é a vantagem da Mercedes e da Red Bull. No início de 2019, Pierre teve o desafio adicional de lutar contra a Ferrari, dando-lhe maior concorrência e, portanto, tornando mais difícil somar pontos com tanta regularidade.

Dito isso, a diferença para Verstappen - que enfrentou a mesma competição externa - é maior. Gasly marcou 34,8% do total de pontos do holandês em seu tempo como companheiro de equipe. Já Pérez anotou 52,1% no mesmo número de corridas.

Ao anunciar seu novo acordo para 2022, Christian Horner falou sobre a maneira "perfeita" com que Sergio se integrou à Red Bull, atuando como um bom jogador de time. Isso foi visto em Paul Ricard, quando ajudou Max a conquistar a vitória. Ele está fazendo o que a escuderia precisa este ano.

Os novos regulamentos da próxima temporada devem remediar alguns dos desafios de conceito tradicionais colocados pelo carro da RBR, dando a Pérez a chance de um recomeço. Em Spa, ele falou da "grande oportunidade" oferecida no campeonato seguinte, já que todos os pilotos partirão do zero.

No entanto, isso não suaviza o golpe para Gasly. Ele continua sentado, esperando por uma oportunidade de surgir, apesar de estar atualmente no auge de sua forma. Ser um piloto da Red Bull sem uma rota para a equipe é uma realidade difícil de lidar.

Apesar disso, 2022 também oferecerá uma oportunidade para o francês. Se ele puder continuar a liderar a AlphaTauri e tornar o time seu, pode novamente reivindicar uma vaga, tanto na principal como em qualquer outro lugar, caso haja uma chance. Se é tão convincente que a Red Bull quer trazê-lo de volta em 2023, pode ser o momento ideal: um carro mais "pilotável" e o próprio Gasly muito mais experiente do que da primeira vez.

Pierre Gasly, AlphaTauri

Pierre Gasly, AlphaTauri

Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images

Horner falou em Monza sobre Gasly e disse que "nunca poderia descartar nada" com relação a um possível retorno: "Ele está pilotando em um padrão muito, muito alto e ainda é muito jovem. Para 2023, temos várias opções disponíveis. Quando você está na situação em que está, é exatamente o que deseja."

O desafio para Pierre surgirá se esse caminho de volta à Red Bull não se abrir novamente, pois as outras escuderias de ponta parecem ter seus futuros bem definidos, por enquanto, em torno de outros jovens pilotos. Ele está claramente em uma crescente no ambiente da AlphaTauri e construindo boa experiência como líder.

Por isso, ele aceita a situação e reconhece que atualmente está "fora de seu controle".

"Só posso me concentrar no que vai acontecer e continuar a dar o meu melhor pela equipe e por mim", disse o piloto. "Tenho certeza de que terá uma recompensa no futuro com uma oportunidade em um time de topo."

Se a Red Bull não o quiser a longo prazo e uma rota de saída surgir, ele teria um argumento convincente para uma vaga: é um líder, vencedor de corrida e se firma como um dos mais consistentes da F1."

Pode ser frustrante ver que não há recompensa por enquanto, mas pode dar frutos no futuro, por meio da oportunidade que ele tanto deseja novamente.

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