Entrevista

Bearman lembra problemas financeiros e pressão para chegar à F1

Piloto britânico ainda destacou que a corrida na Arábia Saudita com a Ferrari foi o 'ponto de virada' de sua carreira

Oliver Bearman, Haas F1 Team

Oliver Bearman se tornou um dos nomes mais comentados no paddock da Fórmula 1 na última temporada depois da ótima estreia do britânico substituindo Carlos Sainz na Ferrari na Arábia Saudita. Mas nem tudo foram flores na vida do piloto e ele precisou fazer um esforço extra para conseguir acompanhar os rivais ao longo de sua carreira até chegar na categoria rainha.

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Em 2024, Bearman estava fazendo sua segunda temporada na Fórmula 2, defendendo a Prema Racing, mas não estava tendo bons resultados depois de um triunfo importante em 2023 em Baku. Naquele momento, a pressão era grande porque ele sabia que precisava mostrar todo o seu talento para ser considerado a uma vaga na F1.

Como já é de conhecimento, não é barato investir em uma carreira no automobilismo e Bearman sabia muito bem desde o início que ele teria desafios ainda maiores do que os pilotos cujos pais conseguem bancar todos os custos.

Em entrevista ao Motorsport.com, Bearman relembra a 'pressão' que carregava sob os ombros, sabendo que não teria uma segunda chance caso não conseguisse provar seu valor.

"Lembro-me bem de quando mudei do kart para a F1", lembra Ollie, "meu pai me disse claramente que não poderíamos fazer duas, três ou quatro temporadas, era simplesmente muito caro. Também havíamos reduzido os testes ao máximo".

A necessidade de se sair bem imediatamente tornou-se uma virtude que marcaria sua carreira. Oliver foi imediatamente rápido na F4 (daí o chamado para fazer parte da Ferrari Driver Academy), imediatamente rápido na Fórmula 3, bem como em seu primeiro ano na Fórmula 2.

Mas por mais que a velocidade de adaptação tivesse se tornado o forte de Bearman, ninguém poderia imaginar o quão curto seria o prazo para sua estreia na F1 no GP da Arábia Saudita do ano passado.

"Na verdade, eu fiquei sabendo com poucas horas de antecedência", comentou Ollie hoje com um sorriso, "mas era a minha maior oportunidade. No ano passado, na F2, as coisas não estavam indo muito bem, mas então surgiu a chance de entrar na Ferrari na Fórmula 1, e imediatamente pensei que tinha a chance de mostrar meu potencial e minhas habilidades".

Oliver Bearman, Haas F1 Team

Oliver Bearman, Equipe Haas F1

Foto de: Sam Bagnall / Sutton Images via Getty Images

Na casa dos Bearman, os problemas da vida cotidiana nunca foram deixados de lado. O Natal de 2011 trouxe para Ollie um kart usado que marcaria arcará o início de sua história de capacete e macacão, mas sempre com os pés no chão.

O britânico continuou correndo na Inglaterra, pois uma mudança para a Itália era simplesmente muito cara para eles. Além disso, faltar à escola não era uma opção e, com isso, o pai de Bearman, David, chega em uma encruzilhada.

David também era piloto, apesar de nunca ter chegado a nenhuma grande categoria. Ele participava de outras etapas com um Porsche Boxster, usando o número 87 (isso explica a escolha de Ollie na F1).

"Ollie nasceu em 8 de maio, Thomas (seu irmão mais novo) em 7 de agosto. Por isso o 87, e você ainda pode ver esse número na Haas", explica o pai Bearman.

Quando David percebeu que o filho estava ganhando notoriedade no kart e chamando a atenção, ele precisou tomar uma difícil decisão sobre seu próprio 'hobby' para focar todas as suas energias e fundos na carreira do filho.

"Parei de correr, todos os fundos que eu tinha foram desviados para apoiar as corridas de kart".

"Estávamos conversando sobre corridas divertidas no clube", relembra Ollie. "Eles não tinham o orçamento e provavelmente nem mesmo o talento [Bearman brinca] para ir muito longe. Me lembro de quando eu tinha cinco ou seis anos de idade, meu pai costumava correr com um Porsche Boxster e me levava com ele para as corridas, eu o observava com grande admiração, foi quando me apaixonei pelas corridas, os sons, os cheiros, tudo".

Oliver Bearman, Ferrari SF-24

Oliver Bearman, Ferrari SF-24

Foto de: Andy Hone / Motorsport Images

Bearman estreou nas categorias de Fórmula 1 em 2020, quando participou da F4 italiana e alemã. Até 2022, o piloto focou em ganhar experiência, vencer corridas e desenvolver suas habilidades antes de 'subir' para a F3 com a Prema Racing, quando terminou o campeonato em terceiro, apenas sete pontos atrás de Victor Martins, o campeão.

2023 e 2024 foram focados na F2, com o britânico tendo seus melhores resultados na primeira temporada. Sendo piloto reserva da Ferrari, o britânico teve sua primeira oportunidade real no GP da Arábia Saudita, quando Sainz precisou se afastar para tratar a apendicite.

"Tive muita sorte de poder participar daquela corrida, embora minha experiência tenha sido um pouco limitada, pois só tive dois dias ao volante de um carro de F1, mas a sensação foi imediatamente muito boa, muito intensa. Eu não queria cometer nenhum erro e isso me atrapalhou um pouco, mas ainda consegui mostrar 50% do que eu podia fazer, e isso foi o suficiente para eu estar onde estou agora. Sinceramente, não sei onde eu estaria agora se não fosse por aquele fim de semana em Jeddah".

Quatro meses depois, Bearman finalmente recebeu a notícia que estaria em um monoposto de F1, algo que ele sempre sonhou.

"Foi depois do fim de semana na Áustria, pouco antes de Silverstone, acho que foi na segunda ou terça-feira depois de Spielberg [que fiquei sabendo que pilotaria pela Haas]. Eu estava voltando para a Inglaterra e eles finalmente me informaram que eu seria piloto da Haas em 2025. Eu estaria correndo por uma temporada inteira, foi um momento muito especial".

Antes de assumir a função de piloto titular, Bearman também foi convocado pela equipe americana em Baku e Interlagos no ano passado, provando estar à altura da tarefa em ambas as ocasiões, uma função de titular, mas em caráter temporário.

"Em retrospecto, acho que o ano passado fui um pouco privilegiado", confessa Bearman. "Entrei na Ferrari e terminei facilmente nos pontos, consegui fazer o mesmo em Baku com a Haas e até mesmo no Brasil entrei no Q3 lutando entre os 10 primeiros. Eu tinha como certo que toda vez que entrasse no carro estaria sempre lutando pela zona de pontos, mas nesta temporada vimos como as margens são apertadas e hoje não estamos em posição de almejar o top 10 todo fim de semana".

"Tive que revisar minhas expectativas para não correr o risco do efeito de decepção. Houve corridas em que senti que pilotei bem, houve GPs em que estou convencido de que fiz um bom trabalho, mas não é fácil ficar feliz com seu desempenho quando você vê seu nome na 12ª ou 15ª posição na classificação final".

Oliver Bearman, Haas F1 Team

Oliver Bearman, Equipe Haas F1

Foto de: Simon Galloway / LAT Images via Getty Images

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