Cleber Machado relembra 'geladeira' na Globo e exalta Galvão: "Mudou patamar"

Em entrevista exclusiva, lendário narrador revisitou parte da carreira em que foi a voz da F1 na emissora carioca

Cleber Machado visitou os estúdios da Motorsport Network em São Paulo, para falar sobre suas experiências com o automobilismo. Tendo como maior marca o famoso “hoje não, hoje sim”, do GP da Áustria de 2002, quando Rubens Barrichello abriu para Michael Schumacher triunfar naquela corrida, o narrador falou de várias outras histórias sobre corridas e bastidores das transmissões.

Leia também:

O início das narrações de F1 foi um tópico constante, com os primeiros compromissos do narrador com a F1, além do ano de 1992, em que Galvão Bueno esteve fora da Rede Globo, no projeto da Rede OM Brasil, especialmente na época em que o comentarista não conversava com Senna. Além disso, após o GP de Mônaco daquele ano, Cleber explicou porque foi vetado para as corridas. 

"No GP da Austrália de 1991 o Regi (Leme) fizemos a transmissão. Quando acabou, o Marco Mora, que era diretor nosso, falou assim: ‘você falou demais’. Falei, ‘como assim, Marquinho?’ ‘É, falou muito.’ ‘Mas por que que você não me avisou? Aperta o botão aí e fala, poxa, tá falando pra caramba’. No dia seguinte, chegou um memorando do Boni. Caramba, levei um esporro. ‘Para gritar, para vibrar, não é preciso gritar.’"

“Acho que hoje eu narraria (o GP de Mônaco) diferente", continuou Cleber. "Mas para um cara que tinha narrado duas corridas em 1990, duas ou três em 1991, três ou quatro em 1992, e estava começando a me ambientar com a F1, eu acho que eu fiz um bom final de corrida. Um bom final de corrida. Eu errei alguma coisa, uma palavra. Sei lá, ao invés de falar Mônaco, eu falei Roma. É, foi alguma coisa assim mesmo. E cheguei no Brasil, o cara me mostrou um artigo de um colega jornalista, dizendo que eu tinha errado. O clima ficou meio ruim. E não fiz mais corrida. Aí eles me tiraram das corridas.”

A blitz em Londres

Apesar do momento tenso, a entrevista foi recheada de momentos hilários, como a vez em que Cleber e Reginaldo Leme foram parados pela polícia da Inglaterra, dias antes de um GP da Grã-Bretanha.

"Peguei um táxi, aquele táxi inglês. E fui para o escritório da TV Globo em Londres, encontrei o Reginaldo lá. Nós fomos para casa do Manduca, filho do Sr. Armando Nogueira", disse Cleber. "O Manduca foi editor da TV Globo, trabalhava em Londres, depois foi diretor do SporTV. E aí de lá nós saímos para a hotel, umas duas horas da manhã."

"E aí, Reginaldo guiando em Londres. Na hora que ele para num sinal, a polícia chegou... ‘Meu Deus!’ O guarda era um galego, assim, já chegou, botou a mão e tirou a chave do contato. Começou a dar esporro. Sei lá o que ele fez, acho que ele passou um sinal vermelho. Mas duas horas da manhã. E aí um outro veio aqui, bateu no vidro e falou para mim, ‘que hotel que vocês estão?’ Eu falei para ele, ‘não sei, senhor. Eu cheguei e ainda não fui para o hotel.’ ‘Vocês beberam um pouco, né?’ Eu falei, ‘muito pouco’.

 

Galvão, de narrador a "estrela do elenco"

Galvão Bueno, narrador emblemático da F1 por quatro décadas, também foi assunto no papo, com Cleber Machado pontuando quando ele deixa de ser ‘apenas’ um grande narrador, para um dos astros da Rede Globo, transcendendo o papel da locução.

“Eu acho que ele era um grande narrador, ele já estava mostrando que a função de narrador poderia ser mais valorizada, mas eu acho que ele ainda era o primeiro. Eu acho que esse momento do Galvão passar de grande narrador para uma estrela do elenco é a volta (da Rede OM em 1993), porque os três títulos do Senna foram fundamentais, lógico. Você faz três, a audiência era grande, ele ficou a voz daquilo, ‘Ayrton Senna do Brasil’.

“Então eu acho que esse é o momento que ele vira uma estrela do elenco e, para a nossa sorte, acaba puxando um pouco a graduação, a prateleira de todos os narradores.”

F1 de volta à Globo e com mais cobertura?

O momento da F1 atual também tem seu destaque, com a atual transição, em que a maior categoria do automobilismo mundial deve voltar à Globo. Será que os fãs vão se satisfazer com a quantidade de horas de cobertura?

“Eu entendo essa aspiração de querer mais (cobertura), eu acho que isso é legal, mas acho que nós temos também nós temos entendidos em tudo, especialistas em tudo", disse Cleber. "E vai ter especialista também para dizer que hora que a TV tal tem que abrir e tem que encerrar a transmissão. Isso quem sabe é a televisão. Quem sabe é hora de abrir, e hora de fechar. O ônus e o bônus disso, o quanto ela vai ganhar, o quanto ela vai perder, o quanto ela vai ser criticada, o quanto ela vai ser elogiada, é a TV. Eu acho, por exemplo, que a Bandeirantes faz uma hora de abertura para São Paulo, para a rede, eu acho legal. Às vezes eu acho que é demais.”

“Eu acho que no SporTV não tem problema nenhum de fazer uma hora de abertura, meia hora. O SporTV faz abertura de jogo de futebol da 10ª rodada com uma hora e meia de abertura. Então, vai fazer.”

Faça parte do Clube de Membros do Motorsport.com no YouTube

Quer fazer parte de um seleto grupo de amantes de corridas, associado ao maior grupo de comunicação de esporte a motor do mundo? CLIQUE AQUI e confira o Clube de Membros do Motorsport.com no YouTube. Nele, você terá acesso a materiais inéditos e exclusivos, lives especiais, além de preferência de leitura de comentários durante nossos programas. Não perca, assine já!

Debate do Caso Bortoleto na Audi: Gabriel vê Schumacher na briga e Bottas favorito... F1, Stock e TCR com Rafa Suzuki

 

ACOMPANHE NOSSO PODCAST GRATUITAMENTE:

Faça parte do nosso canal no WhatsApp: clique aqui e se junte a nós no aplicativo!

Faça parte da comunidade Motorsport

Join the conversation
Artigo anterior F1: Norris revela como está se preparando mentalmente para confronto com Verstappen por título
Próximo artigo RETA FINAL: F1 volta e batalha entre Max e Lando continua; NASCAR Brasil e mais

Principais comentários

Cadastre-se gratuitamente

  • Tenha acesso rápido aos seus artigos favoritos

  • Gerencie alertas sobre as últimas notícias e pilotos favoritos

  • Faça sua voz ser ouvida com comentários em nossos artigos.

Edição

Brasil Brasil