Entrevista

Como Di Resta virou candidato real para a Williams em 2018

Paul di Resta se colocou firmemente entre os candidatos para um retorno definitivo à F1 em 2018 pela Williams após sua participação surpresa no GP da Hungria. Adam Cooper bateu um papo com o escocês

Paul di Resta, Williams Reserve Driver

A F1 move tão rapidamente que os pilotos facilmente saem do radar uma vez que ficam de fora do grid. As equipes sempre procuram pelo novo astro, e a chance de alguém voltar após ficar um tempo de fora são, de fato, muito pequenas, a menos que haja algum fator comercial envolvido.

Paul di Resta não ocupa uma vaga de titular na F1 desde 2013, e ainda assim é um sério candidato a voltar com a Williams em 2018, graças ao fato de estar no lugar certo, na hora certa no GP da Hungria.

Ele aceitou a posição de reserva na Williams ao substituir seu antigo parceiro na Force India, Adrian Sutil, em 2016.

Não havia testes envolvidos, e, assim como aconteceu com Sutil, Di Resta poderia nunca ter se sentado em um carro atual, e talvez ser substituído por alguém mais familiarizado no próximo ano ou no outro.

Contudo, o mal estar de Felipe Massa lhe deu uma chance em Budapeste, e o que poderia ter sido um pesadelo funcionou a seu favor. Ao entrar no carro imediatamente na classificação, sem treinos anteriores, ele enfrentou um desafio incrivelmente duro – mas, de forma equivalente, as expectativas eram baixas.

Contra todas as possibilidades, ele fez um trabalho incrível, melhorando o ritmo a cada volta que fazia. A corrida foi mais desafiadora, em um carro em que ele não esteve totalmente confortável, e acabou por abandonar.

Foi suficiente para transformá-lo em um sério e surpreendente candidato por uma vaga em 2018 – considerando que, até a Hungria, Di Resta não havia competido na F1 na era turbo híbrida.

Há vários pilotos com mais experiência recente, em lista que inclui nomes como Sutil, Pastor Maldonado, Felipe Nasr, Kamui Kobayashi, Jean-Eric Vergne, Esteban Gutierrez, Max Chilton, Alexander Rossi, Will Stevens, Rio Haryanto e Roberto Merhi.

As chances de algum desses caras voltarem à F1 parecem mínimas, e, mesmo assim, aos 31 anos de idade, Di Resta tem uma chance real em uma das equipes mais tradicionais. E foi um treino classificatório na Hungria que fez toda a diferença.

“Foi só quando eu desliguei o limitador de velocidade, no fim do pitlane, que me senti confortável. Tudo na hora e meia anterior a isso estava escondido, mas, assim que você desliga o limitador de velocidade, tudo volta”, disse ao Motorsport.com.

“É uma habilidade natural, como se você voltasse para casa. Eu era alguém assistindo TV, mas aí a confiança reaparece. Eu não fiz nenhuma bobeira naquele dia, mas, mais importante que isso, havia muito mais por vir. Eu estava tentando administrar tudo, já que era a melhor forma de aprender.”

Paul di Resta, Williams FW40
Paul di Resta, Williams FW40

Photo by: Sutton Images

Do DTM à F1, de volta ao DTM

É fácil esquecer que, há não muito tempo, Di Resta era considerado um piloto com enorme potencial. Ele venceu a F3 Europeia em 2006, vencendo nomes como Sebastian Vettel, e indo ao DTM pela Mercedes, onde conquistou o título de 2010.

As conexões com a montadora ajudaram em uma vaga na Force India, onde passou três temporadas. Ele marcou muitos pontos, mas acabou sendo dispensado ao fim de 2013.

“Eu sempre poderia ter feito coisas de forma diferente”, refletiu. “Eles são uma grande equipe, mas havia algumas dificuldades nos bastidores. Nunca era fácil, então isso dificultou um pouco.”

“Mas a equipe de corridas em si, as pessoas com quem lidava no dia a dia eram ótimas. Acho que é por isso que eles rendiam mais do que as pessoas esperam.”

O DTM ofereceu uma boa alternativa, já que não havia oportunidade de permanecer na F1, mas ele esperava estar ao menos entre os candidatos ao posto de reserva ou de testes com a Mercedes.

“Eu esperava continuar envolvido o máximo que eu pudesse, esperando fazer algo com a Mercedes. Acho que isso te permite olhar outros caminhos, e é por isso que eu acabei virando comentarista de TV.”

“Obviamente isso me colocou no radar, e a Williams entrou em contato comigo no começo do ano passado. Foi bem tarde, na verdade, pouco antes do começo da temporada. Dali em frente, o relacionamento cresceu demais.”

“Tenho muito respeito pelo que Claire [Williams] está fazendo, e me dou muito bem com ela. Não acho que esperávamos que a relação ficasse forte como está, e tão rapidamente. Há dez anos, Frank estava tentando me contratar para pilotar pela Williams. Não deu certo por vários motivos, porque eu basicamente havia acabado de começar no DTM.”

“Foi estranho voltar, tendo me reunido com Frank há dez anos, e sentando na mesma sala com Claire, mas fazendo um acordo diferente.”

Nem Di Resta nem a Williams poderiam prever que ele seria candidato a uma vaga de titular, mas, graças ao que aconteceu na Hungria, foi o que aconteceu. Ele já havia andado no FW36, de 2014, mas aquilo não era uma preparação de fato.

“Eu tive algumas voltas... Acho que é nisso que o simulador ajuda. Para mim, a carga de trabalho é mais ou menos a mesma de quando eu estava aqui”, disse o escocês.

“Ainda são as mesmas pessoas do motor. O cara de motores na Williams é o mesmo que estava na Force India. Apenas com as conversas que você tem enquanto está almoçando você já fica atualizado sobre tudo, e é tudo muito bem administrado.”

“Do ponto de vista da equipe, o que tentei garantir era que eu aprendesse tudo o que eu poderia. Tudo o que eles podiam me explicar para fazer na corrida eles faziam, e foi assim que avançamos.”

 Paul di Resta, Williams FW40
Paul di Resta, Williams FW40

Photo by: Glenn Dunbar / LAT Images

De volta aos holofotes

A chance de correr na Hungria provou algo ao próprio Di Resta, e também para o mundo.

“Seria errado dizer que perdi meu apetite por isso. Quanto mais longe eu fiquei, mas difícil ficava. Isso provou que eu ainda consigo fazer o trabalho, apesar de sempre acreditar nisso”, insistiu.

Felipe Massa obviamente permanece como um candidato, e Robert Kubica é outro que tem grandes possibilidades.

Marcus Ericsson e Jolyon Palmer, ambos com suporte financeiro, também se ofereceram, mas suas chances são pequenas.

E então há Di Resta, que está trabalhando o mais duro que pode para conseguir a vaga.

“Eles me conhecem bem o bastante agora. Eu estive aqui por um ano e meio e tentei me envolver no máximo que pude, como continuarei fazendo.”

“Isso mostra o quão importante foi quando recebi a chance, o quão bem eu conheço todos. Fez muita diferença prestar atenção em tudo e me integrar o máximo que pude.”

“Eu combino isso com meu trabalho na TV, então é um trabalho duro. É desgastante trabalhar em um fim de semana, mas era importante eu estar ciente dos comandos do carro e coisas assim. Quanto mais o tempo passou, mais eu deixei claro que seria um sonho estar no carro.”

“Eu corro no DTM em paralelo a isso que faço, mas estar aqui, com as pessoas, é o mais importante. Tive uma boa recepção de todo o paddock, e, mais importante que isso, da Williams, quando guiei o carro. E acho que também estou em uma ótima idade.”

“Além disso, aprendi com meus erros do passado. É um jogo de espera. Estou tentando fazer o máximo que posso para me colocar na disputa, porque também é um momento importante para a equipe.”

 Paul di Resta, Williams, replaces Felipe Massa, Williams, in qualifying
Paul di Resta, Williams, replaces Felipe Massa, Williams, in qualifying

Photo by: Zak Mauger / LAT Images

 

Um piloto diferente

Di Resta é uma pessoa diferente que era em 2013, quando, às vezes, tinha relações difíceis com a administração da Force India.

Com o passar do tempo e com o aumento de sua família, ele passou a adotar uma abordagem mais relaxada, tanto em seu trabalho quanto na vida em geral.

“Estou melhor agora. Você sempre melhor quando fica mais velho e mais sábio. Tive três anos fora da F1, muita coisa mudou desde então. Me casei e tive dois filhos. Isso não muda minha ambição em meu trabalho, e acho que eles entendem isso totalmente.”

“Especialmente minha esposa. Ela, na verdade, ficou mais calma que eu quando tudo aconteceu. Ela dizia: ‘Você precisa fazer o seu melhor, e normalmente isso é bom o bastante. Por que se preocupar com isso? É só ver o que dá. Você não pode perder a paciência com isso’”.

“Gosto de pensar que ainda sou jovem, e me sinto assim. Tenho muitas responsabilidades sobre meus ombros, obviamente, com a minha família. Mas isso não muda o fato de que estou fazendo o trabalho que amo fazer.”

“Eles me apoiam em tudo o que já fiz, e dedico meu tempo de forma apropriada para garantir que tenho o perfeito equilíbrio entre os dois.”

Paul Di Resta, Mercedes-AMG Team HWA, Mercedes-AMG C63 DTM

Paul Di Resta, Mercedes-AMG Team HWA, Mercedes-AMG C63 DTM

Photo by: ITR eV

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