Companheiros de pista homenageiam 400ª corrida de F1 de Fernando Alonso
Piloto chega à marca no GP do México neste fim de semana
No GP do México de 2024, Fernando Alonso alcançará outro marco em sua carreira e disputará sua 400ª corrida de Fórmula 1 - um número notável que o coloca bem à frente de Lewis Hamilton nas estatísticas de todos os tempos para o maior número de largadas em GPs.
Alonso compete na categoria há mais de 20 anos e é reconhecido por sua consistência e talento. Apesar de boas conquistas, o bicampeão mundial continua sendo modesto.
"Quero dizer, é bom e reconheço o número, mas essas são estatísticas que realmente não me interessam. Eu preferiria dirigir metade dessas 400 corridas e ganhar outro campeonato ou mais corridas. Essas são as estatísticas importantes que você quer alcançar", diz o espanhol.
Um legado único
Alonso começou sua carreira na F1 na Minardi em 2001 e foi rapidamente reconhecido como um dos maiores talentos da nova geração.
Sua grande revelação veio em 2005, quando conquistou seu primeiro título mundial com a Renault, quebrando os anos de domínio de Michael Schumacher. No ano seguinte, ele defendeu seu título e se tornou o mais jovem bicampeão mundial da história da F1.
A carreira de Alonso foi caracterizada por altos e baixos. Após o sucesso na Renault, ele foi para a McLaren, voltou para a Renault antes de ir para a Ferrari, onde novamente lutou pelo título, mas acabou sendo vice-campeão em três temporadas dramáticas.
Depois de uma segunda passagem menos bem-sucedida pela equipe de Woking, ele se aposentou da F1 em 2018, mas retornou em 2021 com a Alpine e tem pilotado para a Aston Martin desde 2023.
Ao longo dos anos, Alonso consolidou seu lugar como um dos melhores pilotos da história, conhecido por sua inteligência de corrida e versatilidade.
Esteban Ocon, que pilotou ao lado de Alonso na Alpine em 2021 e 2022, resume perfeitamente seu legado:
"Fernando respira corrida, ele acorda e pensa em corrida. Ele não tem mais nada a provar, mas simplesmente adora dirigir. Ele é um dos melhores de todos os tempos, não há dúvida sobre isso".
"Aprendi muito com ele quando estava correndo ao seu lado, sobre muitos tópicos diferentes, na pista, fora dela, como ele corre, como ele pensa fora da caixa", enfatiza o francês.
Em particular, ele enfatiza o pensamento estratégico do espanhol: "Isso é o que mais me lembro, como ele é estrategicamente consciente de como as coisas estão se desenvolvendo para ele e para onde ele precisa ir durante a corrida. Isso não é fácil".
Foto de: Glenn Dunbar / Motorsport Images
Desafios físicos e mentais
Alonso, que passou por várias gerações de carros e tecnologias de F1 em sua carreira, também reflete sobre os desafios físicos que uma carreira tão longa traz: "Não é bom para as costas, o pescoço ou a coluna, mas a tecnologia evoluiu".
Com isso, ele se refere a assentos, equipamentos, capacetes - tudo o que afeta o conforto e a segurança: "Tudo melhorou para os pilotos, e isso é bom." A pilotagem moderna também é menos exigente fisicamente do que costumava ser.
"Os carros agora são um pouco mais amigáveis para o piloto. É verdade que os carros com efeito solo eram um pouco mais difíceis, mas isso faz parte dos últimos dois anos. O ritmo da corrida no domingo também é mais lento do que no passado, devido à economia de combustível e outros fatores", analisa o piloto de 43 anos.
No entanto, são os desafios mentais e a pressão constante que mais pesam sobre os pilotos - especialmente os mais jovens, que precisam se acostumar com as cobranças e muitas viagens para competirem.
"Você é desafiado mentalmente, e as viagens constantes e a pressão são provavelmente as coisas que mais o atingem e talvez o façam desistir de correr em algum momento."
Mas isso não impede que Alonso continue a se esforçar mais, mesmo que muitas vezes ele esteja lutando apenas pela parte de trás do pelotão: "É a esperança que o impulsiona".
"Mesmo que esteja lutando pelo 12º lugar, você pode dar à equipe informações importantes que podem ser decisivas para o futuro. Vale a pena, e a esperança de que o próximo ano será o seu ano o mantém motivado".
Muito reconhecimento dos jovens colegas da F1
Carlos Sainz demonstra grande respeito pelo que o compatriota conquistou em todos os anos que fez e ainda faz parte do grid.
"É uma loucura pensar que ele já estava na F1 quando eu tinha nove ou dez anos de idade. E agora que eu tenho 30 anos, ele ainda está aqui", diz o espanhol.
"Ele ainda está aqui porque quer estar, e ainda tem tanto talento e velocidade na sua idade que pode se permitir continuar decidindo o que quer fazer com seu futuro e sua vida, o que diz muito sobre ele em um campo competitivo com 19 outros pilotos mais jovens e muito famintos".
Sainz vê paralelos entre Alonso e seu próprio pai, a lenda do rali Carlos Sainz, que ainda está competindo com grandes sucessos aos 60 anos.
"Isso mostra quanta paixão e dedicação eles têm pelo automobilismo. Eles não conseguem viver sem as corridas. Meu pai acorda todos os dias pensando em seus amortecedores no Dakar, em seus pneus e em sua equipe", revela o piloto.
"E ele tem 62 anos de idade. Ele poderia relaxar em casa e jogar golfe comigo. No entanto, ele decide pegar três aviões no meio da noite para viajar ao Marrocos e testar um carro por 24 horas no meio do deserto, hospedando-se em hotéis não muito bons, e ele ainda adora isso".
George Russell, que faz parte do grupo de jovens pilotos da geração atual da F1, vê Alonso e Lewis Hamilton como fontes de inspiração.
"Fernando é definitivamente um lutador. Ele se concentra muito em si mesmo e em seu corpo. Não é surpresa para mim que ele consiga continuar com a idade que tem. A experiência que ele adquiriu é imensa".
"Fernando e Lewis, esses caras me dão a inspiração de que eu ainda posso continuar aos 40 anos. Tenho 26 anos agora e sinto que ainda tenho uns bons 15 anos pela frente. Estou feliz por ele por esse marco [400 corridas]".
Reflexão de Alonso sobre o passado e o presente da Fórmula 1
Alonso se lembra com carinho da F1 do passado, quando as carreiras de Sainz, Russell e Ocon ainda estavam em seus primeiros estágios. Quando lhe perguntam do que sente falta dos velhos tempos, o piloto não hesita:
"Paradas para abastecimento, carros rápidos aos domingos, o som dos motores, grandes patrocinadores, grid girls e boys..."
"O marketing era diferente naquela época. Hoje, tudo gira em torno de mídia social e coisas do gênero. Antigamente, era preciso estar mais no mundo real", diz Alonso.
No entanto, ele admite que a F1 atual é mais profissional e popular, especialmente graças às medidas tomadas pela Liberty Media. O bicampeão ainda defende que "estamos vivendo o melhor momento" da categoria.
"Mas é verdade que, no passado, especialmente com o reabastecimento, tínhamos muitas opções estratégicas", acrescenta o piloto da Aston Martin, "por exemplo, começar com mais ou menos combustível, fazer três paradas, fazer uma parada. Não precisávamos gerenciar tanto quanto agora".
No entanto, Alonso está ansioso pela sua 400ª corrida na categoria rainha com a mesma motivação de sempre.
"Esse número mostra meu amor pelo esporte e a disciplina de dirigir em um nível muito alto por mais de 20 anos", enfatiza o bicampeão mundial.
"Espero que eu possa comemorar um bom fim de semana no México. Um brinde ao próximo... Não serão 400, mas pelo menos mais 40 ou 50 nos próximos dois anos".
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