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Dança das cadeiras, ativismo e polêmicas: veja o que aconteceu com F1 e cia durante a paralisação pelo coronavírus

Montamos um resumão do que aconteceu de mais importante desde o cancelamento do GP da Austrália

Lewis Hamilton, Mercedes F1 W09

Desde que o GP da Austrália de Fórmula 1 foi cancelado, lá em um longínquo 13 de março, muita coisa se passou no mundo do esporte a motor, mesmo com todos os campeonatos paralisados. Foram muitas movimentações de bastidores, com troca de pilotos, mudanças em calendários e revisões de regulamento pensando na manutenção do esporte a curto prazo.

Se você não acompanhou o noticiário nos últimos meses, nós fizemos um grande resumão para você se atualizar antes do GP da Áustria neste final de semana. Se liga aí.

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Montaje de Daniel Ricciardo con el mono de McLaren

Montaje de Daniel Ricciardo con el mono de McLaren

Photo by: Bernardo Maldonado

Uma movimentada dança das cadeiras para 2021

Tudo começou com Sebastian Vettel. Quando a Ferrari anunciou a saída do tetracampeão da equipe em maio, desencadeou uma série de movimentações na formação do grid de 2021. Carlos Sainz foi confirmado para assumir a vaga de Vettel, deixando um lugar na McLaren em aberto, que rapidamente foi preenchido por Daniel Ricciardo.

Com isso, teve início uma série de rumores para as vagas em outras equipes, com Vettel envolvido em vários deles. O tetracampeão foi ligado à vaga de Valtteri Bottas na Mercedes, de Lance Stroll na Racing Point (que se tornará Aston Martin em 2021) e na própria vaga de Ricciardo na Renault.

Das 20 vagas do grid de 2021, oito delas estão confirmadas. Leclerc e Sainz na Ferrari, Ricciardo e Norris na McLaren, Verstappen na Red Bull, Ocon na Renault, Pérez na Racing Point e Russell na Williams. Até chegarmos na definição dos pilotos para a próxima temporada, podemos esperar muita movimentação e rumores vindo por aí, ainda mais com o início da temporada nesta semana.

Lance Stroll, Racing Point RP19, returns to the pits without an engine cover in FP1

Lance Stroll, Racing Point RP19, returns to the pits without an engine cover in FP1

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Mudanças no regulamento de 2021 e 2022

A pandemia causou um grande impacto no mundo e a F1 e as equipes temiam pelo futuro, principalmente no lado financeiro. A F1 perdeu sua principal fonte de financiamento, as taxas pagas pelas organizações de GPs, e temia perder também parte dos direitos de transmissão. Isso impactaria diretamente a principal fonte das equipes, o fundo de prêmios da F1.

Por isso, a categoria, junto com as equipes, decidiu tomar uma série de medidas visando a saúde financeira do esporte a curto e médio prazo. Os carros desse ano serão mantidos para 2021, com apenas poucas modificações permitidas, em um sistema de fichas. Já os novos carros, que seriam introduzidos em 2021, passaram para 2022.

Essas decisões vieram na esteira de outra questão muito importante: a manutenção do teto orçamentário. O teto, que limita os gastos das equipes, seria introduzido junto com o novo regulamento técnico, mas ficou mantido para 2021 visando incluir o desenvolvimento do novo carro dentro de sua alçada.

Além disso, o valor foi reduzido, de 175 milhões de dólares (cerca de R$930 milhões) para 145 milhões (R$770 milhões). Com o teto e o novo regulamento, a F1 espera reduzir a diferença de performance entre as equipes da ponta e as demais, tornando o esporte mais competitivo. 

Red Bull Ring Statue

Red Bull Ring Statue

Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images

Novo calendário e possíveis novas pistas

Depois do cancelamento do GP da Austrália, se seguiu um verdadeiro efeito dominó no calendário da F1, devido ao avanço da pandemia da Covid-19 pelo mundo. Outros seis GPs foram cancelados e não estarão presentes na temporada 2020: Mônaco, França, Azerbaijão, Holanda, Singapura e Japão.

No final de maio, a F1 divulgou a primeira parte do novo calendário, que promete uma verdadeira maratona: oito provas em dez semanas com dois blocos de rodadas triplas. Áustria e Silverstone recebem duas provas cada, com Hungria, Bélgica, Itália e Espanha fechando essa primeira parte, totalmente em solo europeu.

Para esta segunda metade da temporada, ainda existem algumas pistas que buscam garantir uma vaga, como Vietnã, China, Canadá, Rússia, Brasil, México e Estados Unidos. Bahrein e Abu Dhabi são vistos como certos para o fechamento da temporada, incluindo uma rodada dupla no Bahrein no final de novembro / começo de dezembro.

O Brasil está em uma situação complicada dentro do cronograma de 2020. A pandemia ainda está em crescimento no país, em um momento em que a F1 busca fechar o resto do calendário o mais rápido possível, o que não ajuda no caso brasileiro. Mas a organização do GP se diz confiante com a realização da prova e com a presença de público em Interlagos.

Enquanto isso, outras pistas que não estavam no calendário original podem surgir na versão reformulada. Entre elas, Mugello, que está próximo de ser confirmado como o GP da Toscana em 13 de setembro, uma semana depois do GP da Itália em Monza e Portimão em Portugal.

Carlos Sainz Jr., McLaren MCL35

Carlos Sainz Jr., McLaren MCL35

Photo by: Steven Tee / Motorsport Images

Williams e McLaren em crise

Enquanto muitas equipes se preocuparam em navegar com segurança durante a crise, Williams e McLaren tiveram que se preocupar com a própria existência. Duas das equipes mais tradicionais e vencedoras da história da F1 atravessam fortes crises.

A Williams anunciou que está aberta a uma possível venda, venda parcial de ações ou novos investidores. E uma notícia que surpreendeu a todos foi o fim da parceria com a ROKiT, que atuava como patrocinadora master da equipe desde o início do ano passado, e que seria válida até 2023.

Já a McLaren entrou em uma busca desesperada por financiamento, já que seu departamento de carros de rua foi fortemente atingido pela pandemia. O Grupo entrou na justiça britânica para conseguir hipotecar propriedades e parte da coleção de carros históricos para arrecadar quase 3 bilhões de reais. A empresa recebeu um respiro essa semana ao anunciar um empréstimo de um bilhão de reais com o Banco Nacional do Bahrein.

Mercedes F1 W11 livery

Mercedes F1 W11 livery

Photo by: Mercedes AMG

Novas pinturas em cima da hora

Com o fim do acordo de patrocínio master, a Williams anunciou que teria uma nova pintura para a temporada 2020. O novo modelo foi divulgado na semana passada e tem como cores principais o azul e o branco, além de muito espaço em branco caso consiga um novo patrocinador master.

E a Williams não foi a única a mudar sua pintura em cima da hora. Na segunda (29), a equipe divulgou que as tradicionais Flechas de Prata não usarão a sua cor principal em 2020 e passará a ser predominantemente preta. A mudança é motivada por uma iniciativa da equipe visando um esporte mais diverso e inclusivo.

Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1

Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1

Photo by: Lewis Hamilton

F1 em busca de um esporte mais diverso e inclusivo

Nos quase quatro meses que separaram o cancelado GP da Austrália do GP da Áustria, o tópico da diversidade e da inclusão esteve muito presente dentro e fora do esporte por diversos motivos.

No final de maio, a morte de George Floyd nos Estados Unidos acendeu um grande debate ao redor do mundo com relação ao racismo e a luta por igualdade. Diversos protestos aconteceram ao redor do mundo e muitos atletas usaram suas plataformas para se manifestar a favor da luta pelo fim do racismo, incluindo Lewis Hamilton.

Hamilton teve uma voz muito ativa neste período, chegando inclusive a cobrar algum tipo de ação da F1, que se manteve em silêncio em um primeiro momento. A cobrança do hexacampeão rendeu efeito e, nas últimas semanas, a categoria anunciou a iniciativa #CorremosComoUm e a criação de uma fundação, ambas voltadas a diminuir a falta de diversidade no esporte, em âmbitos raciais, étnicos, de gênero, diversidade sexual e mais.

A Mercedes foi além e criou um programa próprio para isso após notar que apenas 3% de seus funcionários eram de origens étnicas minoritária. A equipe alemã também divulgou que trocará seu tradicional carro prata pela cor preta em 2020 como forma de conscientizar o público e divulgar a iniciativa.

Fora da F1, a NASCAR também agiu bastante nesse período, tendo o piloto Bubba Wallace, único piloto negro do grid da Cup Series, como o grande porta-voz. A NASCAR baniu a presença da bandeira confederada, símbolo dos estados pró-escravidão na Guerra Civil, dos eventos.

Daniel Abt, Audi Sport ABT Schaeffler, during a press conference

Daniel Abt, Audi Sport ABT Schaeffler, during a press conference

Photo by: Dom Romney / Motorsport Images

As polêmicas no mundo do eSport

Durante a pandemia, o mundo do automobilismo se voltou para o mundo virtual, com a realização de centenas de eventos ao longo dos últimos meses. Mas nem tudo correu tão perfeitamente assim.

Um dos principais escândalos envolveu o piloto da NASCAR Kyle Larson, que foi demitido da Chip Ganassi após falar uma expressão racista durante uma transmissão de eSport em seu canal no Twitch.

Mas Larson não foi o único demitido. Daniel Abt perdeu sua vaga na equipe da Audi na Fórmula E após uma polêmica envolvendo o torneio virtual da categoria. O alemão colocou um piloto profissional de eSport para correr em seu lugar em uma das etapas e após uma breve suspensão, acabou demitido. Muitos pilotos criticaram a decisão da categoria dizendo que, apesar de concordarem com algum tipo de punição, a demissão era muito pesado.

E o próprio game F1 2020 também criou polêmica entre os pilotos. Com o novo modo de gerenciamento de equipe, o game divulgou as notas que os pilotos do grid receberiam, mas nem todos concordaram com as notas, afirmando que muitos pilotos bons receberam notas menores do que mereciam.

Alex Zanardi

Alex Zanardi

Photo by: BMW AG

A nova luta de Zanardi pela vida

Nas últimas semanas, o mundo do esporte também voltou sua atenção a Alex Zanardi. O piloto e ciclista paralímpico se envolveu em um grave acidente enquanto participava de uma prova de revezamento com outros ciclistas na Itália.

A bicicleta de Zanardi se chocou de frente com um caminhão e o piloto foi levado rapidamente para um hospital em Siena. Desde então, o piloto passou por duas cirurgias neurológicas e segue internado na UTI em estado grave, mas com sinais estáveis. Dentro e fora do esporte Zanardi foi inundado por mensagens de apoio e força, incluindo uma carta escrita pelo Papa Francisco, que falou sobre o exemplo que o italiano é. 

Kevin Harvick, Stewart-Haas Racing, Ford Mustang

Kevin Harvick, Stewart-Haas Racing, Ford Mustang

Photo by: NASCAR Media

A volta do automobilismo

No mês de maio, tivemos as primeiras movimentações da volta do automobilismo ao redor do mundo. A NASCAR deu o pontapé inicial, em 17 de maio, com a primeira de duas corridas na pista de Darlington, no estado da Carolina do Sul. A prova foi acompanhada com atenção pelo mundo do esporte já que a NASCAR foi o primeiro campeonato de ponta do esporte a retornar, junto com a Bundesliga, a divisão principal do campeonato alemão de futebol.

A prova, que era a primeira da NASCAR após dois meses de paralisação, foi realizada com um forte esquema de segurança visando diminuir os riscos de infecção. Desde então, a categoria tem conseguido realizar suas etapas com muita segurança e inclusive já começou a ter novamente público em algumas provas.

Outra categoria que já retomou suas atividades foi a Indy, que fez sua prova inaugural da temporada no oval do Texas no início de junho.

Junto com o GP da Áustria nesse final de semana, Indy e NASCAR se juntarão para um evento especial com ambas as categorias correndo no Indianápolis Motor Speedway em comemoração ao feriado de independência dos Estados Unidos.

Ricardo Zonta, Shell V-Power

Ricardo Zonta, Shell V-Power

Photo by: Ferrari Promo

E no Brasil?

Basicamente apenas duas categorias nacionais conseguiram fazer provas em 2020. A Porsche Cup, que conseguiu fazer a etapa inaugural da Sprint em Interlagos em março, logo antes da Confederação Brasileira de Automobilismo interromper as atividades e a Copa Truck, que fez uma rodada dupla no último final de semana em Cascavel, no Paraná.

Nas últimas semanas, as principais categorias do automobilismo nacional tentam viabilizar um novo calendário e retomar suas atividades o mais rápido possível, mas com a pandemia ainda em alta no país, tudo se torna muito incerto.

A Stock Car buscava iniciar sua temporada neste final de semana, junto com a F1, com uma prova em Cascavel, mas os planos da categoria foram frustrados com as últimas normas baixadas pelo governo paranaense, que impede a realização da corrida. Nas últimas semanas, os pilotos tiveram os primeiros contatos com os novos Cruze e Corolla da categoria em treinos feitos em Curitiba, seguindo fortes normas de segurança.

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