Especial Top-5 Regi: Os 5 momentos mais marcantes em 40 anos
Na segunda parte do Especial de 40 anos de TV de Reginaldo Leme, o jornalista relata os cinco maiores momentos que viveu nas pistas nas últimas quatro décadas
Envolvido na Fórmula 1 desde 1972, Reginaldo Leme conseguiu presenciar boa parte das glórias brasileiros nas pistas da Europa, Américas, Ásia e África, e também conviver com aqueles que são considerados mitos do esporte. Nesta semana, o comentarista e repórter da Globo comemorou 40 anos de emissora, um marco para o automobilismo nacional.
No especial de hoje, Regi comenta (sem ordem de importância) os cinco principais momentos que presenciou com os principais personagens da maior categoria do mundo, confira:
GP da Grã-Bretanha de 2003
A vitória de Rubens Barrichello em um dos templos sagrados da F1 foi 'cantada' logo no começo da prova, o que quase fez perder a audiência de outro mito esportivo brasileiro.
"Teve um GP da Inglaterra que tinha cinco pilotos com grandes chances de ganhar a corrida, entre eles o Schumacher, Raikkonen e o Barrichello. Nessa corrida eu fiz uma leitura dela no começo, com cinco ou seis voltas. Eu disse que o Raikkonen era o grande favorito, mas a corrida tinha a cara do Rubinho. E ele ganhou. Por que ela ficou marcada? Na semana seguinte, eu voltei ao Brasil e fui a Florianópolis, onde também pude assistir treinos do Guga (Gustavo Kuerten). Quando entrei na quadra, com o Guga ainda batendo bola, ele me disse: 'Pô, agora não vou mais assistir corrida. Perdeu a graça, você fala que o cara vai ganhar com cinco voltas'."
GP de Mônaco de 1984
Em seu primeiro ano de F1 e na pequena Toleman, Senna assombrava o mundo com seu desempenho nas ruas de Monte Carlo, em prova vencida pelo seu futuro grande rival, Alain Prost. Em uma época que a comunicação era bem diferente em comparação aos dias de hoje, Reginaldo Leme teve que apresentar o piloto brasileiro a boa parte da imprensa.
"O Senna estava entrando naquele ambiente, com uma concentração maior de jornalistas e eu sempre me dei muito bem com os italianos. Fui apresentá-lo para cada um deles, pessoalmente: 'olha, para mim ele tem tudo para ser um campeão', eu falava isso a eles, alguns já concordando. Isso era no papo, tomando uma cerveja em um casino. A gente jogava muito no número do carro dele (#19 na Toleman) e saia algumas vezes. Diziam que além de tudo, ele tinha sorte."
GP do Japão de 1988
No maior momento de sua carreira nas pistas até então, Senna se rendeu a habilidade de Regi de quebrar qualquer tipo de clima ruim.
"Minha briga com o Senna foi de 1990 a 1991, mas em 1988 a gente não estava 100%. Quando ele ganhou o título, eu fui entrevistá-lo. A Betise Assumpção, assessora dele, avisou que eu estava esperando e ele disse que viria. Ele chegou e disse, 'vamos lá, vamos lá'. Ele deu uma entrevista muito louca, aquela em que ele olhava o telão. Depois que eu fiz duas ou três perguntas para o Fantástico, eu passei a prolongar o papo para o lado pessoal que iria para outros telejornais. Eu sabia que ele iria se emocionar e ele, de fato, começou a chorar. Ele percebeu que algumas das perguntas que eu fazia tinha a ver com o que tinha se passado entre a gente. Ele saía um pouco da resposta, mas estava sabendo."
GP da África do Sul de 1983
Nos bastidores, o segundo título de Nelson Piquet mostrou um lado pouco mostrado pela imprensa, em um momento difícil na vida de Reginaldo Leme, como ele mesmo ressaltou.
"Apesar de começar em 1978, eu comecei a cobrir as corridas in loco em 1981. Isso mostra como o Piquet não é tão frio como muitos dizem. Antes de subir para a cabine de transmissão, eu ficava na pista até o último momento. O Piquet estava saindo do banheiro, indo para os boxes e eu bati nas costas dele e desejei boa sorte. Ele, de costas, esticou a mão para mim, me puxando para o grid, com os carros posicionados. Quando ele me puxou, foi um cumprimento, eu tentei soltar e ele não largou, estava com a mão firme, como se houvesse uma troca de energia ali. Soltou de repente, não olhou para trás e foi embora para ser campeão. Terminada a corrida, eu fui o primeiro a chegar no carro do Nelson. No que eu cheguei, o Bernie [Ecclestone] chegou, então nós dois tiramos ele do carro e ali mesmo já começou a entrevista."
GP de Las Vegas de 1981
A cobertura do primeiro título de Nelson Piquet teve como principal ingrediente a emoção e a sensibilidade do repórter/comentarista e também do diretor de esportes da Rede Globo.
"Em 1981, no primeiro título do Piquet, eu estava com o cinegrafista, ele deu aquele berro, que era direcionado a outra pessoa, e eu fui entrevistá-lo, já formando aquela rodinha de jornalistas. Ele começou a falar com aquela tentativa de se manter frio, agradecendo e tal. E eu perguntei a ele se a ficha já havia caído, que ele era campeão do mundo. Ele esboçou três palavras e emudeceu com tamanha emoção. Ficou mudo uns 40 segundos e eu fiquei com o microfone ali. Qualquer outro teria aproveitado aquele tempo para fazer outra pergunta. Fiquei ali, respeitando o silêncio dele, com o cinegrafista mostrando a cara dele, já dizendo tudo. Essa matéria foi ao ar assim no Fantástico e o diretor da Globo era o Armando Nogueira e ele fez questão de mostrar a matéria inteira para mostrar a sensibilidade do repórter que soube respeitar o silêncio do entrevistado. O silêncio mostrava muito mais do que qualquer outra palavra."
Bônus: Como Reginaldo Leme conheceu Ayrton Senna
Pedimos licença a você, leitor, para transgredir as regras do Especial de Reginaldo Leme. Um sexto momento marcante da vida do jornalista na Fórmula 1 se faz necessário, ao mostrar a determinação de Ayrton Senna, mesmo sem ser ainda piloto da categoria.
"O Senna já corria de Fórmula Ford e fez uma preliminar para o GP da Alemanha, em Hockenheim. Eu estava em um hotel que era relativamente perto de onde ele estava, eu nunca o tinha visto na vida. Nessa época, eu morava na Inglaterra e ia para as corridas europeias com minha mulher e minha primeira filha. O Ayrton foi até a recepção e subiu, bateu na porta do meu quarto e minha mulher abriu. E ele disse: 'eu sou o Ayrton Senna e vim aqui para conhecer o Reginaldo' e minha mulher disse que eu ainda não havia chegado da pista. Quando eu voltei para o hotel, quase uma hora depois, ele estava sentadinho na recepção me esperando para se apresentar. Isso foi em 1982, na Alemanha. "
Faça parte da comunidade Motorsport
Join the conversationCompartilhe ou salve este artigo
Principais comentários
Inscreva-se e acesse Motorsport.com com seu ad-blocker.
Da Fórmula 1 ao MotoGP relatamos diretamente do paddock porque amamos nosso esporte, assim como você. A fim de continuar entregando nosso jornalismo especializado, nosso site usa publicidade. Ainda assim, queremos dar a você a oportunidade de desfrutar de um site sem anúncios, e continuar usando seu bloqueador de anúncios.