Explicado: por que Ferrari foi multada por combustível de Leclerc
Equipe italiana tem sido alvo recorrente de críticas e questionamentos por conta da sua gestão de combustível
No GP de Abu Dhabi de Fórmula 1, a Ferrari se encontrou em nova controvérsia por razões técnicas: a FIA encontrou discrepâncias na declaração de combustível de Charles Leclerc, o que gerou uma multa de 50 mil euros à equipe italiana.
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A polêmica vem em contexto no qual o motor da escuderia de Maranello vem sendo questionado pelas equipes rivais. Agora, a FIA encontrou uma “diferença significativa” entre a quantidade de combustível declarada pela Ferrari e a realmente encontrada nos carros.
Isso despertou uma nova onda de teorias sobre a possibilidade de a Ferrari ter explorado um erro administrativo dos fiscais da categoria. No fim das contas, a diferença de 4,88 kg resultou em uma multa relativamente leve para a equipe.
Abaixo, detalhamos os procedimentos introduzidos no início da temporada e as áreas em que a FIA relatou brechas nos regulamentos.
O que as regras dizem
As equipes precisam declarar quanto combustível pretendem colocar nos carros. A FIA tem liberdade para pesar os carros antes e depois das corridas para determinar exatamente quanto combustível foi usado e se a diferença coincide com os medidores de fluxo de combustível.
Mecânicos levam carro de Leclerc para a posição no grid
Photo by: Andrew Hone / Motorsport Images
O combustível deve ser suficiente para os carros completarem volta de alinhamento no grid, volta de apresentação, todas as voltas da corrida e volta de retorno aos boxes. O abastecimento é proibido quanto resta menos de uma hora para a corrida.
A FIA escolhe aleatoriamente alguns carros para conferir a pesagem antes da corrida. Neste caso, o time tem que esvaziar o tanque com uma bomba para garantir que todo o combustível restante vá para o coletor e então os fiscais garantem que não há nada sobrando.
Depois, o carro é pesado e a diferença de peso é calculada. O combustível é reinserido no veículo, que é pesado uma terceira vez. Depois da corrida, a FIA escolhe carros aleatoriamente para uma nova inspeção, repetindo os mesmos procedimentos. Com a diferença de peso verificada, os fiscais calculam quanto combustível foi realmente usado do início ao fim.
Nas diretivas, o diretor de assuntos técnicos da FIA, Nikolas Tombazis nota: “A diferença entre as massas de combustível pré e pós corrida será assumida como a quantia efetivamente usada. Os dados podem ser comparados com o medidor de fluxo de combustível e com os injetores para que sejam fornecidas informações que validem as leituras”.
Nikolas Tombazis
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
“Note-se que a massa de combustível utilizada para o cálculo poderá ser tanto a declarada pelo time quanto aquela medida na inspeção aleatória pré-corrida”.
Tombazis listou as situações específicas que podem causar uma investigação:
- Se o procedimento de extração do combustível com a bomba diferir do processo declarado e documentado que a equipe é obrigada a comunicar à FIA previamente;
- Se um volume significante de combustível for encontrado no carro após o combustível ter sido bombeado para fora;
- Se o time não fizer a declaração de peso mais de duas horas antes da abertura dos boxes, ou se a diferença de combustível declarado for significativamente diferente daquele drenado do tanque em caso de uma verificação aleatória;
- Se a comparação entre os sinais do medidor de fluxo de combustível e as verificações de consumo de peso se mostrarem abaixo do que o esperado;
- Se a massa de combustível usada durante a corrida, avaliada na comparação de peso exceder 110Kg, como requerido no regulamento esportivo;
- Se o software de inspeção e/ou a análise de dados mostrar diferenças operacionais diferentes durante o treino classificatório e a corrida.
Apesar de não ter sido divulgada uma explicação oficial sobre a origem da diferença, a Ferrari cometeu uma falha no terceiro item desta lista.
Ferrari completa 90 anos e passa por jejum
A marca italiana completou nove décadas no fim de semana do GP da Itália. A equipe não vence um mundial desde 2008, quando foi campeã de construtores. O último título de pilotos foi o de Kimi Raikkonen, em 2007, o único da era pós Schumacher. Enquanto a Ferrari busca novas conquistas na F1, relembre todos os carros da lendária equipe na elite do automobilismo mundial:
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