Análise
Fórmula 1 GP do Canadá

F1: Conheça 'truques' das equipes que FIA pretende barrar com novo regulamento de pneus

Apesar de não deixar explícito no relatório, as novas regras divulgadas pela FIA assim que a Pirelli divulgou o relatório mostram que havia algo de errado

A member of the Red Bull Racing team works in the garage

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O comunicado de palavras muito bem pensadas da Pirelli sobre as falhas de pneus no GP do Azerbaijão de Fórmula 1 pode não ter culpado explicitamente as equipes, mas a força da resposta da FIA ao caso nos dá toda a informação necessária.

Enquanto a Pirelli foi apenas até a menção genérica às "condições de corrida", levando Red Bull e Aston Martin a responder em defesa própria, a rápida movimentação da FIA em impor uma leva de novas medidas é uma indicação clara das áreas em que há suspeitas de operação das equipes.

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A longa atualização da Diretiva Técnica da FIA que foi divulgada às equipes na terça, em resposta aos acontecimentos de Baku, deixam óbvio que a pressão dos pneus são o centro da mais recente tempestade.

Claro, no documento não há sugestões de que Red Bull ou Aston Martin tenham feito qualquer coisa ilegal, mas o modo como tudo está mudando já para o GP da França nos dá pistas importantes sobre o que pode estar acontecendo.

A Red Bull pode ter sido correta ao destacar que vem seguindo a risca as regras e as orientações da Pirelli, mas parte do problema é o modo como esses parâmetros são julgados atualmente, o que cria algumas áreas cinzentas.

Com o único requerimento sendo um limite na temperatura dos pneus com os cobertores, e pressões de início, quando os pneus ainda estão sendo colocados nos carros, isso deixa espaço para as equipes fazerem coisas a partir do momento em que passam por essa checagem.

Se uma equipe pode baixar a pressão para abaixo do recomendado no momento em que o carro deixa dos boxes, e garantindo também um modo de não aumentá-lo muito na pista conforme os pneus vão se aquecendo, ela pode, ao mesmo tempo, seguir todas as regras e, mesmo assim, não estar no nível de pressão que a Pirelli normalmente espera.

Então, olhando para o que a FIA está trazendo para o GP da França, e os novos limites para as equipes, talvez possamos tirar algumas pistas sobre os truques que vem sendo usados para ganho de performance.

E sobre o que as equipes podem ou não estar fazendo, a nova checagem de pressão com pneus frios, após eles serem removidos dos carros, devem acabar com as chances de qualquer um que tenta burlar o sistema, usando pressões menores que as pretendidas pela Pirelli.

Aqui, vamos analisar quatro teorias sobre o que as equipes poderiam estar fazendo, mas que não serão mais permitidas.

Stacks of tyres in heated blankets

Stacks of tyres in heated blankets

Photo by: Andrew Hone / Motorsport Images

Remover os cobertores cedo

O modo mais óbvio para as equipes brincarem com a pressão dos pneus é a temperatura, porque se o ar no pneu é aquecido, ele se expandirá para aumentar a pressão, passando assim pela checagem pré-corrida.

Então, se ele é deixado para resfriar, o ar voltará a se contrair, baixando a pressão a um nível que é melhor para a performance do carro.

Há muitos anos, a FIA se movimentou para impedir que as equipes fizessem isso, ao aquecer dramaticamente os pneus. É por isso que hoje existe um limite do quanto os pneus podem ser aquecidos com os cobertores.

Porém, isso não impediu que algumas equipes seguissem tentando levar as coisas ao limite em termos de aquecimento dos pneus, e, posteriormente, resfriando-os o máximo possível antes de serem usados.

Um modo de fazer isso seria removendo os cobertores de pneus dos carros na garagem bem antes do momento pretendido de ir à pista.

Isso é algo que Lewis Hamilton destacou em Mônaco, quando disse à Sky Sports F1 que a Red Bull havia feito isso na Espanha.

"Se você olhar para a última corrida [Espanha], por exemplo, todos deveríamos manter nossos cobertores de pneus na classificação. A Red Bull recebeu a permissão de retirar a deles, mas ninguém mais pôde. Então acho que precisamos buscar consistência para todos".

A partir do GP da França, tal atividade não será mais permitida, com as equipes sendo informadas que a remoção de cobertores antes dos carros estarem prontos para sair da garagem será interpretado como forma de resfriar os pneus.

A diretiva técnica da FIA diz: "A remoção de qualquer cobertor quando os pneus ainda não estão encaixados no carro, sua remoção quando os pneus estão encaixados no carro, ou atrasar a saída de um carro da garagem sem nenhuma razão válida enquanto os cobertores são removidos serão considerados um modo de resfriamento dos pneus".

"As equipes precisarão entregar uma justificativa válida para qualquer atraso de mais de 30 segundos na saída, ou atraso frequente na saída".

Tyre valve

Tyre valve

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Usando margem de manobra

Enquanto as equipes sempre tiveram que usar medidores de pressão de pneus calibrados pela Pirelli e selados pela FIA, em teoria isso não as impede de usá-los para usar qualquer margem nas leituras para manipular as margens de pressão dos pneus.

Pequenas variações podem estar presentes no sistema quando as checagens são feitas e, anteriormente, as equipes sabiam que, se houvesse qualquer "pequena discrepância" com um conjunto de pneus, eles poderiam enchê-los, então não havia nada a perder com a manipulação dos limites.

Mas agora, a FIA vai pegar mais pesado e não permitira qualquer tolerância adicional que resulte em pneus sendo usado fora do prescrito. 

"É a responsabilidade das equipes acrescentar qualquer margem adicional para operar os pneus dentro dos limites de prescrição".

Agora, caso qualquer equipe que seja descoberta fora dos limites, elas ainda serão obrigadas a encher os pneus mais, mas casos de discrepâncias maiores ou sistemáticas serão repassados aos comissários.

Superaquecimento dos cobertores

As habilidades das equipes de usarem as temperaturas para controlar a pressão significam que os cobertores são um modo óbvio de burlar a situação.

A diretiva da FIA também impede que as equipes usem os cobertores por longos períodos, ou que banquem a inocente em uma leitura de controle do cobertor que entrega uma temperatura mais baixa que a do pneu.

A partir da França, as equipes não poderão mais aquecer os pneus por um longo período de tempo. Eles poderão ser aquecidos apenas quando há a intenção de utilizá-los na sessão que vem a seguir.

Além disso, as equipes não poderão mais manter os cobertores funcionando a noite e acima da temperatura, então quando os pneus são colocados pela manhã, eles já estão em uma situação bem melhor que a dos que recém-colocaram.

A FIA disse que os cobertores dos pneus devem ser desconectados fisicamente, exceto por um período permitido pela Pirelli.

Além disso, elas precisam garantir que os displays de temperatura de todos os controles são usados e sejam facilmente visualizados".

A Pirelli technician takes some data readings

A Pirelli technician takes some data readings

Photo by: Andy Hone / Motorsport Images

Usando gases especiais

Outro modo para mudar a pressão do pneus é através do uso de gases especiais ou seu teor de umidade enquanto eles são inflados. Isso pode potencialmente mudar o modo como a temperatura afeta a expansão do ar dentro do pneu. Agora, tal comportamento não será mais permitido.

A FIA destacou que: "Qualquer modificação à composição do gás utilizado ou teor de umidade visando a reduzir a pressão no circuito não será permitido. Isso inclui também aumentar ou reduzir o teor de umidade do gás usado e a adição de qualquer sólido, líquido ou gás não permitido para este uso no Regulamento Técnico".

A FIA também relembrou as equipes que elas precisam seguir o Artigo 12.5.1 do Regulamento Técnico todo o tempo, que determina: "Qualquer modificação ou tratamento como corte, ranhura, aplicação de solventes ou amaciantes é proibida".

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Jonathan Noble
Fórmula 1
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