F1: Entenda, em detalhes, a reestruturação da Alpine, que abandonou modelo de 'três chefes'
Equipe francesa contratou Szafnauer, ex-Aston Martin, para liderar equipe na categoria e fez outras mudanças internas importantes
O anúncio da Alpine de que Otmar Szafnauer está se juntando como chefe da equipe na Fórmula 1 ocorre apenas um ano depois dela adotar uma estrutura sem um mandatário. Ao entrar na temporada de 2021 sob nova identidade, o time de Enstone optou por ter um sistema de gerenciamento único.
O staff não tinha um chefe de equipe designado e, em vez disso, teve um triunvirato - termo para três no comando: Laurent Rossi como CEO, Marcin Budkowski como diretor executivo e Davide Brivio como diretor de corrida.
No entanto, após terminarem em quinto lugar no campeonato de construtores no ano passado, Rossi entendeu que precisava agitar as coisas para 2022 e além, se quisesse chegar à frente. O resultado é que dos três homens que estavam no topo, dois deles deixaram o envolvimento com a equipe de F1.
Budkowski saiu durante a intertemporada, enquanto Brivio foi transferido para uma nova função de supervisionar os jovens pilotos da Alpine e suas atividades de corrida em outros lugares.
Agora, a escuderia tem um chefe de equipe designado, com Szafnauer, e ele trabalhará ao lado de Bruno Famin, ex-FIA e Peugeot, que chefiará as operações Viry da Renault.
Apesar da nova estrutura parecer sugerir que o antigo plano da Alpine não funcionou, Rossi vê as coisas de forma diferente. Segundo ele, uma abordagem sem chefe para 2021 foi criada por necessidade, após a saída tardia de Cyril Abiteboul.
"Eu diria que essa foi a melhor configuração com o que tínhamos, já que você não pode substituir um experiente gerente de equipe como Cyril da noite para o dia", disse ele a mídia selecionada, incluindo o Motorsport.com, em uma entrevista discutindo a reforma da equipe.
Third place Fernando Alonso, Alpine celebrates with Laurent Rossi, Alpine CEO
Photo by: Alpine
"Você também não pode construir uma estrutura como a Alpine, que foi criada recentemente, simplesmente decidindo colocar novas pessoas no lugar. Leva um pouco de tempo para encontrar os nomes certos nos lugares certos."
"Essa combinação de nós três no ano passado trouxe a cada um suas próprias especificidades e habilidades, o que nos permitiu nunca parecer estúpidos na pista. Isso é o mais importante."
"Passamos a temporada e nunca nos vimos como errados, mas era a estrutura certa para avançar e levar o time ao próximo nível?"
"A equipe está se estabilizando e estava em uma inclinação quase negativa. Quarto em 2018, quinto em 2019, 2020 e 2021, e todo mundo sabe que [Yuki] Tsunoda não estava no nível de Pierre [Gasly] [na AlphaTauri, que disputou a posição com a Alpine] , então talvez pudesse ter sido uma história diferente."
"Certamente, estávamos atingindo um bom nível de operação como o melhor do resto, mas não era o suficiente para os próximos desafios. Foi aí que decidi que, para chegar lá, precisávamos reforçar a equipe e ir de volta a uma estrutura mais convencional."
"Isso é porque Otmar tem muito mais experiência do que nós três no ano passado juntos na F1. Ele tem pedigree e as habilidades. Então, agora temos um verdadeiro chefe."
Szafnauer chega com uma forte reputação, tendo ajudado a conduzir Force India, Racing Point e Aston Martin a pódios e vitórias na F1, apesar de nunca ter sido o mais cheio de dinheiro.
Rossi vê a formação em engenharia do romeno-americano, bem como o conhecimento de trabalhar em grandes fabricantes como Ford e Honda, como fundamentais para ajudar a alcançar uma melhor unidade nas instalações da Alpine em Enstone e Viry.
Otmar Szafnauer, Team Principal and CEO, Aston Martin F1
Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images
"Ele é obviamente um engenheiro sênior, o que não faz mal. Já temos engenheiros de ponta em nossa equipe, mas ele também trará, além disso, liderança clara e capacidade de formação de time. Já fez isso no passado, de forma muito brilhante, especialmente com meios limitados na Force India e depois na Racing Point, e vai repetir isso conosco."
O que Rossi acredita que faltou à Alpine é aproveitar ao máximo o fato de ser um fabricante. Ele sugeriu que o chassi e o lado do motor não foram tão integrados quanto necessário. E isso fazia com que a escuderia perdesse o máximo de seus pontos fortes.
"Era óbvio que precisávamos ter alguém que combinasse ou organizasse os recursos nas três áreas [motor, chassi e pista]", comentou. "Eu precisava de alguém que fosse capaz de fazer essa ponte primeiro. Porque se você realmente quer ser um fabricante, precisa ter Viry e Enstone juntos."
"Caso contrário, você é apenas uma equipe cliente, o que é o pior, porque você está investindo em motor e desenvolvimento, mas se comporta como uma equipe cliente. Então, não seria realmente uma montadora."
Além da aliança Szafnauer/Famin, a Alpine também reestruturou sua parte técnica, com Pat Fry assumindo o cargo de CTO e Matt Harman, ex-chefe de integração de unidades de potência da Mercedes, no papel de diretor técnico.
Rossi acrescentou: "Matt está trazendo com ele um histórico de engenheiro de motores e uma grande capacidade de projetar um carro, já que ele é quem chefia o escritório de design."
"Ele tem aquela mistura de ser um generalista versátil em termos de compreensão de todas as áreas, mas também de ser um especialista em unidades de força. Ao fazer isso, vamos reforçar a capacidade de as integrar no chassi."
"Essas duas eram claramente áreas que estavam fazendo a diferença com as melhores equipes até agora. Então, esperamos corrigir isso."
Esteban Ocon, Alpine A521
Photo by: Jerry Andre / Motorsport Images
Em última análise, na F1, as estruturas não fazem parte dos julgamentos, é apenas o desempenho do carro que importa.
Depois de três anos terminando em quinto na classificação, é claro que a Alpine quer e precisa fazer melhor, mas Rossi está confiante de que agora tem o que é preciso para enfrentar o poder de Red Bull, Mercedes e Ferrari?
"Se vou ser brutalmente honesto, não seremos necessariamente capazes de competir com esses caras, com certeza - porque, caso contrário, seria simples", disse ele. "A verdade da pista é impossível de negar, mas já fizemos mudanças e vamos continuar fazendo isso na estrutura e na maneira como enxergamos as coisas.
"Não é como se fossem modificações fundamentais, é aqui ou ali apenas aprendendo com os melhores", concluiu.
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