F1: Ferrari é contra ideia de congelamento dos motores da Red Bull
Equipe italiana teme que, ao igualar o desempenho dos motores, a F1 não se tornaria atraente para novas montadoras
A Red Bull segue considerando suas opções para o fornecimento de motores a partir de 2022. E a opção preferida segue sendo assumir o trabalho da Honda e produzir seus próprios motores, mas só irá fazer isso com uma condição: congelar o desenvolvimento ao longo da temporada. Mas a equipe deve ter uma forte oposição na Fórmula 1: a Ferrari.
A opção, que já foi analisada por Christian Horner e Helmut Marko, tem essa defesa da marca austríaca para criar uma equalização de desempenho.
A equipe busca ao máximo seguir com o motor japonês nos próximos anos após uma melhora no desempenho deste ano, mas, como temem ficar para trás devido aos altos valores necessários para desenvolver a unidade de potência, defendem o congelamento dos componentes do início ao fim do ano.
Por outro lado, a Ferrari quer que os motores da F1 sigam sendo um componente de desempenho com foco na inovação, sendo transferido para o setor automotivo para atrair novos fabricantes.
Neste ano, com o impacto da Covid-19, a Ferrari teve atitudes responsáveis, aceitando restrições rigorosas às regras de desenvolvimento, que impediram a evolução dos carros de 2020 e 2021 para limitar custos e salvar as equipes em dificuldades financeiras devido à pandemia.
Mas a Scuderia não quer ir além das medidas já existentes para evitar distorcer o DNA da F1: os chefes da Red Bull invocam o nivelamento das unidades de potência, mas isso significaria gastos exorbitantes para não ter nenhuma vantagem.
Muitas categorias são monomotores, mas o mundo dos GPs não é a expressão de um único fabricante, especialmente porque não haveria argumentos válidos para convencer outras montadoras a se unir ao esporte.
Na verdade, o anúncio chocante da saída da Honda colocou a F1 em uma posição ruim, mas deve-se enfatizar que há uma distorção nos discursos: a montadora quer neutralizar suas emissões de carbono até 2050, sendo que o objetivo da F1 é 2030.
Os danos gerados à F1 são pesados e, por isso, não podem ser distorcidos para tornar a categoria uma "Indy Europeia", apesar das tentativas da Red Bull. Marko e Horner ameaçam sair da categoria se a Liberty Media não agir para equilibrar o desempenho do motor.
Por outro lado, a Ferrari, visando não apenas diminuir a lacuna criada pela Mercedes, espera que a inovação seja um dos temas introduzidos nos próximos motores e a F1 não pode se dar ao luxo de esperar até 2026 para mudar as regras.
É preciso encontrar chaves de pesquisa que impactem o produto, para que os custos de pesquisa não sejam voltados apenas para as vitórias no esporte, mas que também possam contribuir para uma corrida automotiva livre de carbono com soluções experimentais.
E assim a equipe italiana se coloca na oposição da Red Bull: Maranello gostaria de antecipar a introdução de motores que usam combustíveis sustentáveis até 2023.
Fala-se de uma gasolina sintética, que não é derivada de petróleo, ou biocombustíveis. Esses são temas de desenvolvimento vistos como interessantes, mas com abordagens e soluções totalmente diferentes e com importantes implicações aos motores.
Não apenas isso, mas será preciso definir em quais unidades de potência focar no futuro, talvez aproveitando ao máximo a parte elétrica e um pouco menos a endotérmica, tentando reduzir custos.
É possível que haja uma reunião em Portimão para discutir esse tema espinhoso sobre o futuro da F1. Mesmo que ainda não esteja no cargo, o futuro CEO da F1, Stefano Domenicali, deve acompanhar a reunião porque terá que assumir esse debate logo.
Parece evidente que Ferrari e Red Bull não chegarão a um acordo. Se a filosofia da Ferrari for aceita, a marca austríaca terá que desistir da ideia de seguir com os motores Honda, tendo que voltar a colaborar com Renault ou Ferrari, já que a Mercedes falou não à possibilidade.
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