McLaren no GP da Holanda de F1: vai ter disputa interna? Chefe da equipe impõe limite
Piastri larga da pole na corrida de Zandvoort, com Norris em segundo, configurando uma dobradinha da equipe britânica, que tem briga caseira por título
Após conquistar mais uma primeira fila, desta vez no GP da Holanda deste domingo (31), a McLaren continua a caminhar na linha tênue entre dar aos seus pilotos oportunidades iguais para disputar o título da Fórmula 1 de 2025 e estabelecer limites saudáveis. O chefe da equipe, Andrea Stella, já estabeleceu o limite: não podem fazer o que quiserem.
Oscar Piastri superou o rival de garagem, Lando Norris, por apenas 0s012, defendendo uma pequena vantagem de nove pontos no campeonato. O carro da escuderia é, claramente, o melhor do grid há tempos e a dupla irá fazer o time passar por mais um 'teste de estresse'. A cada prova, a pergunta que fica é: chegarão a Abu Dhabi disputando o título?
A última equipe a se encontrar nessa situação foi a Mercedes, que viu uma parceria inicialmente amigável entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg gradualmente se transformar em disputa acirrada pelo título em 2016, que chegou até a reta final no circuito de Yas Marina. O alemão, que venceu aquele embate, anunciou sua aposentadoria no fim temporada, enquanto o chefe, Toto Wolff, teve que 'consertar' seu relacionamento com o heptacampeão.
Ao refletir sobre as lições daquele confronto, Wolff disse que, com o título de construtores garantido, ele teria deixado Hamilton e Rosberg lutarem por suas próprias posições até o desfecho, em vez de interferir em Abu Dhabi, pedindo a Hamilton, à época, que parasse de pressionar Rosberg e não colocasse em risco uma fácil vitória da Mercedes com dobradinha.

Batalha mítica da F1 entre Hamilton e Rosberg na Mercedes fez Toto Wolff querer ver disputa interna na McLaren.
Foto de: Sam Bloxham / Motorsport Images
"Ficou mais difícil quando Lewis teve uma falha de motor na Malásia", disse ele a veículos de imprensa selecionados, incluindo o Motorsport.com, relembrando a queda do britânico em Sepang. "A partir daí, o erro que cometemos foi tentar terminar a temporada com o mínimo de controvérsia possível, em vez de dizer: 'Vencemos os dois de qualquer maneira, construtores e pilotos. Que assim seja'", acrescentou.
Se pudesse dar um 'conselho' para a McLaren, Wolff foi direto: "Deixe acontecer", ressalta o diretor. "Às vezes, se você briga com outro carro, precisa ser brutal e maximizar os pontos".
Embora a McLaren esteja interessada em deixar Norris e Piastri correrem livremente desde que o façam de forma justa e sem contato, porém, deixar a dupla fazer o que quiser, sem se importar com o resultado geral, não é algo que Stella esteja disposto a aceitar.

Piastri 'voou' em Zandvoort e conquistou a pole position, desbancando favoritismo de Norris.
Foto de: Clive Rose / Getty Images
"A maneira como corremos na McLaren se baseia no respeito aos princípios e valores que definimos há algum tempo, não apenas com a equipe, mas também com os pilotos", pontua o chefe da equipe britânica. "Isso não significa que eles sejam livres para fazer o que quiserem. É dar a oportunidade de expressar talento, habilidades e aspirações, mas isso deve sempre ser feito dentro dos limites do interesse do time".
"A condição de 'eles são livres para correr e podem fazer o que quiserem', eu diria que não é o presente de como corremos na McLaren e nem será o futuro — mesmo quando vencermos o campeonato de construtores. Isso não pode ser feito de forma completamente desregulamentada. É também do interesse deles, eu diria, não apenas da equipe", continuou.
Norris e Piastri conquistaram a confiança da McLaren pela forma como abordaram a rivalidade até agora, e com a dupla em contratos de longo prazo, a equipe está empenhada em preservar essa harmonia, em vez de qualquer piloto se sentir pressionado pelo outro, levando a uma espiral descendente que poderia prejudicar a coesão da equipe e resultar em uma de suas estrelas buscando a saída.
McLaren teme 'ameaça cautelosa' vindo da segunda fila
Stella se diz cauteloso com a ameaça vinda de trás, representada pelo terceiro colocado, Max Verstappen, que economizou um jogo de pneus macios e pode torná-lo um 'franco atirador' caso haja um cenário que envolva corrida com duas paradas em vez de apenas uma. Qualquer decisão que a McLaren tomar terá que levar em conta a marcação sobre a Red Bull.
"Com base nas dificuldades de ultrapassagem e no fato de que também pode haver algum mau tempo, primeiro temos que garantir o melhor resultado para a equipe com Lando e Oscar", analisou Stella, já projetando o que esperar do modus operandi da equipe em Zandvoort. "Temos que garantir que superemos Max, que não está muito longe. Ele está a dois décimos de nós."
No GP da Hungria, Norris foi autorizado a mudar de duas paradas para uma só depois de perder terreno nos estágios iniciais, uma forma de arriscar em vez de copiar os carros à sua frente e sair com um resultado decepcionante. A decisão acabou lhe rendendo a vitória, com Piastri incapaz de encontrar uma maneira de ultrapassá-lo após seu segundo pit stop, apesar de liderar a corrida até aquele momento.

Pilotos australiano (à direita) e britânico (à esquerda) fazem duelo particular pelo título de 2025.
Foto de: Jayce Illman / Getty Images
Como Stella apontou, a situação é bem diferente se ambos estiverem correndo atrás. Embora o italiano não quisesse divulgar quais são as regras exatas da McLaren nessa situação, é lógico pensar que o segundo carro na fila – em teoria, Norris – não poderá simplesmente ultrapassar o da frente.
"Quando se trata das opções de um ponto de vista estratégico entre nossos dois pilotos, temos algumas regras para isso", acrescentou. "Não vou compartilhar quais são elas, mas, independentemente do que vocês tenham visto até agora em termos de como a estratégia foi utilizada, sempre esteve dentro das nossas diretrizes."
Isso inclui Budapeste, onde a McLaren não esperava que a parada única de Norris o permitisse ameaçar Piastri. É por isso que Norris e Piastri concordam com a equipe, que segue com a política de permitir que seus pilotos dividam estratégias caso as circunstâncias exigirem.

Norris liderou todas as sessões de treino, mas não ficou com o primeiro lugar no grid de largada.
Foto de: Sam Bloxham / LAT Images via Getty Images
"É perfeitamente correto que haja desvios em termos de tática e não necessariamente isso seja uma aposta, como na Hungria, a parada única não estava completamente fora de cogitação", explicou Stella, reiterando que os planos 'divididos' não se refletiram em qualquer entrevero nos bastidores. "Tudo foi justo e dentro dos princípios que estabelecemos. Eles sabem que há um grau de variabilidade nas corridas".
"E mesmo aqui (em Zandvoort) não está muito discrepante entre ser uma ou duas paradas. Creio que será interessante mais uma vez; não apenas entre nossos dois, mas também com os outros pilotos. Max, por exemplo, tem um pneu macio novo que ele guardou da classificação e pode ser uma arma muito poderosa se você puder usá-lo estrategicamente no momento certo", concluiu o chefe da McLaren.
O GP da Holanda está marcado para as 10h do próximo domingo (31). O brasileiro Gabriel Bortoleto larga da 13ª posição, dividindo fila com Pierre Gasly, da Alpine. A corrida será transmitida pela Band na TV aberta do Brasil e pela F1TV Pro no streaming.
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