F1 - Mecanismos escondidos e peças móveis: o que causou a nova 'cruzada' da FIA contra as asas flexíveis
Nikolas Tombazis, diretor de monopostos da FIA, explicou as mudanças no regulamento e como serão as novas verificações
A partir do GP de Singapura de Fórmula 1 deste fim de semana, a FIA passará a ser mais rígida no controle dos designs das asas dianteiras e traseiras como forma de impedir que as equipes possam 'brincar' com partes flexíveis. O potencial para mecanismos e peças móveis escondidos por componentes de borracha surgiram como a chave por trás desta nova cruzada da Federação.
Como revelado pelo Motorsport.com, a FIA exigiu os designs de todas as asas das equipes antes do GP deste fim de semana para checar se eles cumprem os regulamentos, banindo ideias específicas que acredita representarem uma contravenção das regras.
A lista inclui elementos da asa que se movem ou rotacionam em relação à carenagem na qual se fixam, o uso de filamentos de elastômero (borracha) que podem ajudar na deflexão local, além de designs que usam bordas mais macias como forma de auxiliar a flexão.
A FIA vem enfrentando há tempos uma batalha para se manter à frente das táticas das equipes cm relação às asas dianteiras, mas Nikolas Tombazis, diretor da Federação para as categorias de monopostos, revelou como que respondeu após descobrir o quanto que os times estavam dispostos a ir para burlar as normas.
Em uma entrevista exclusiva com o Motorsport.com Itália, Tombazis explicou o raciocínio por trás desse novo posicionamento contra as asas flexíveis.
"No regulamento da F1 temos vários critérios de flexibilidade: há cargas que aplicamos e uma certa deflexão é permitida. Há testes estáticos que fazemos a checagem, e é óbvio que esses testes nunca são perfeitos, porque a direção da carga aplicada é sempre um pouco diferente da carga na pista, quando a asa vivencia uma força aerodinâmica genuína".
"Isso pode causar diferenças e, por isso, no regulamento, há especificações gerais e conceituais que, em essência, proíbe tais mecanismos. Por exemplo, alguém pode projetar uma asa que, quando aplicamos as cargas do teste da FIA, é fixa mas, em outras situações, pode ser flexível. Por isso estamos colocando há anos que esses mecanismos não são legais".
Red Bull Racing Team Principal Christian Horner talks with Nikolas Tombazis, FIA Single Seater Director
Photo by: Red Bull Content Pool
Tombazis sugeriu que era preciso dar um basta aos mecanismos inteligentes que as equipes utilizavam para contornar o regulamento, o que inclui o uso de designs escondidos abaixo de coberturas de borracha.
"Se abaixo da superfície de carbono temos formas que permitem a deflexão em uma direção e não em outra, podemos considerar isso um mecanismo. Outra coisa que dissemos no passado que não é aceitável é quando um componente tem um movimento relativo contra um elemento adjacente, indo para uma direção diferente".
"O que aconteceu recentemente? Algumas equipes possuem componentes adjacentes uns aos outros com um movimento relativamente alto, mas que não se movem normalmente por serem áreas cobertos com material emborrachado. Não consideramos isso aceitável e, por isso, divulgamos uma clarificação do regulamento".
Tombazis sugeriu que as equipes vêm explorando isso com elementos individuais na asa dianteira e com fixações no bico. Além disso, a inspeção passa a incluir a flexibilidade dos elementos inferiores da asa traseira. Os elementos superiores já possuem um policiamento melhor graças à introdução dos pontos de referência desde o GP do Azerbaijão de 2021.
"Observamos algumas rotações, analisamos elas com as equipes porque conduzimos certas verificações. Na pista, vamos abrir um dos componentes para ver o que há abaixo, ou vamos olhar para os projetos de CAD para entender como que os elementos funcionam".
"Não é algo que eles queiram [fazer], mas terão que cumprir. Recentemente, vimos projetos que exageraram algumas coisas. A tendência era evidente, então intervimos com uma retificação mais rígida ao regulamento".
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