F1: O que deu errado para Ferrari no quali sprint do GP do Brasil

Um carro da Ferrari rodando não foi uma visão incomum na sexta-feira em Interlagos: Lewis Hamilton deu um 720° dramático depois de seu SF-25 bater forte o assoalho no Mergulho durante o TL1 do GP de São Paulo de Fórmula 1.

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Esse segundo setor no Autódromo José Carlos Pace é caracterizado por irregularidades e mudanças de curvatura e inclinação. Três curvas antes, foi onde o companheiro de equipe de Hamilton, Charles Leclerc, rodou na segunda parte do quali sprint, provocando bandeiras amarelas que fizeram com que Hamilton cruzasse a linha de chegada depois que a bandeira quadriculada foi agitada, perdendo assim qualquer oportunidade de fazer outra volta rápida.

Mas o fato é que Hamilton estava tendo um dia ruim de qualquer maneira. "Definitivamente [a bandeira amarela] não ajudou, mas não foi por falta de tentativas", disse o britânico depois de ser eliminado no SQ2. "A equipe achava que éramos muito mais rápidos do que somos e demos tudo de nós. E, no final das contas, isso é o que mais importa, nós simplesmente não fomos rápidos o suficiente".

"Estou em 11º agora, então só preciso me divertir a partir daí. Acho que, a essa altura, o importante é literalmente se divertir. Não está indo bem para o meu lado, para o meu ano, e eu só tenho que aproveitar onde quer que eu esteja. E isso é tudo o que posso fazer".

Na verdade, Hamilton foi um pouco mais rápido que Leclerc, volta a volta, na parte inicial da classificação da sprint. Mas no SQ2, a primeira volta de Leclerc, 1min09s732, acabou sendo suficiente para passar para o SQ3, apesar de ele ter rodado ao tentar melhorar.

O tempo de 1min09s811 de Hamilton o deixou fora do top 10, tamanha é a margem de manobra para passar das partes das classificações atualmente. Sua próxima volta foi ainda mais lenta - 1min09s934 - por causa da rodada de Leclerc, e ele cruzou a linha tarde demais para começar outra.

Charles Leclerc, Ferrari

Foto de: Lars Baron / LAT Images via Getty Images

Seria fácil criticar a Ferrari por ter deixado para a última hora, mas a evolução da pista força as equipes a operarem nas margens do tempo.

A 'construção' da rodada de Leclerc na SQ2 é interessante porque ele tem uma reputação de excelência em classificação. Nesse caso, ele se deparou com o carro da Racing Bulls de Isack Hadjar exatamente no ponto errado da volta, onde a pista de Interlagos é a mais apertada.

É possível ver na câmera do carro do monegasco o quanto ele estava se esforçando para ultrapassar Hadjar antes da Curva 6, e sua volta começou a se desfazer a partir daí: ele estava desalinhado na Curva 7, entrou na Curva 8 muito rápido, entrou na parte suja do lado de fora e depois rodou quando apertou o acelerador.

A Ferrari tem lutado contra um problema no carro durante toda a temporada. O mapa aerodinâmico do SF-25 é otimizado em torno das baixas alturas que ele não tem conseguido atingir de forma consistente em corridas reais. As alturas traseiras têm sido fundamentais na atual era do efeito-solo porque a maior parte da downforce é produzida pelo assoalho, o que exige uma "vedação" eficaz nas bordas do assoalho para evitar que o ar seja aspirado pela lateral, reduzindo o efeito de sucção.

O que a Red Bull entendeu imediatamente quando as novas regras entraram em vigor em 2022 - porque a primeira experiência do diretor técnico Adrian Newey na F1 foi na primeira era do efeito solo - foi que a cinemática da suspensão tem um papel importante a desempenhar no aproveitamento da aerodinâmica do assoalho, atenuando a tendência da pressão negativa de induzir a quiques.

É por isso que Newey teve um papel ativo na configuração da suspensão dos primeiros Red Bulls com efeito solo; sua transição para a não intervenção e, em seguida, para a sua total ausência, ocorreu paralelamente à perda de forma da equipe.

A McLaren e, mais recentemente, a Red Bull, encontraram um meio de operar seus carros de forma a conseguir uma altura de rodagem traseira relativamente baixa sem que haja muita oscilação na traseira, afundamento ou desgaste excessivo da prancha nessa área. Mas nem mesmo a Red Bull conseguiu fazer isso de forma consistente, como demonstrado pelas dificuldades de Max Verstappen em Interlagos. Essa sempre foi uma pista irregular.

A Ferrari não conseguiu desvendar esse segredo, e o aumento da altura da suspensão traseira tem um efeito muito prejudicial no ritmo do SF-25. É significativo que o ritmo de classificação de Leclerc tenha se estabilizado - ele encontrou menos de um décimo de segundo no tempo de volta quando trocou os pneus médios pelos macio para o SQ3. Depois, sua segunda volta foi mais lenta, embora isso tenha sido causado por um problema na caixa de câmbio não relacionado à dinâmica do chassi.

Charles Leclerc, Ferrari

Foto de: Miguel Schincariol / AFP via Getty Images

"Não estou feliz", disse Leclerc depois de se classificar em oitavo. "O carro estava muito lento hoje. Não me senti tão mal, mas estamos lentos, então temos algo para trabalhar e tentar melhorar para amanhã".

"Minha volta no SQ3, a primeira, foi muito boa. [Depois] tive uma redução de marcha rejeitada na última reta, então perdemos um décimo e meio. Mas não teria sido muito melhor", concluiu o monegasco.

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