F1: O que sabemos sobre os planos da Alpine com motores Renault
Equipe francesa estuda focar esforços em outras áreas e deixar produção de unidades de potência de lado
Foto de: Alpine
Mesmo que o fim da produção de motores por parte da Renault para fornecer o composto para a Alpine na Fórmula 1 ainda não tenha sido confirmada, há algumas semanas ficou claro que negociações entre os franceses e a Mercedes estão acontecendo.
Como foi apurado pelo Motorsport.com, os funcionários das fábricas em Viry-Chatillon e Enstone foram informados sobre uma possível avaliação na continuação do setor de unidades de potência. A ideia seria colocada em prática para procurar maneiras de ajudar a Renault no futuro, potencialmente através de novas tecnologias.
Antes do GP da Bélgica, Bruno Famin, diretor da Alpine que deixará o cargo após a pausa de agosto, comentou a atual situação e quais foram as motivações para os franceses cogitarem o abandono do legado de motores na F1.
"O projeto que foi apresentado no início da semana ao representante do pessoal em Viry -Chatillon é realocar recursos de um lugar para outro".
Famin também explicou quais são os planos caso a Alpine aceite a ideia de passar a comprar motores da Mercedes ao invés de produzir os seus próprios. Dessa maneira eles economizariam dinheiro e poderiam focar em outras áreas para trazer melhor desempenho para a equipe de F1.
"Uma das consequências deste projeto, se aceito, seria a equipe Alpine F1 comprar uma unidade de potência em vez de desenvolver sua própria unidade de potência, e então teremos mais recursos para desenvolver a marca e uma unidade de potência diferente para competir".
Foto de: Giorgio Piola
As motivações para a mudança na Alpine
A decisão da Renault em encerrar suas atividades na produção de motores marca uma grande mudança, que deve ser impulsionada por questões competitivas e financeiras.
Produzir a sua própria unidade de potência pode ser muito caro e o resultado acabar sendo não muito satisfatório, situação que a equipe vem enfrentando há algum tempo em pista com Pierre Gasly e Esteban Ocon estando no fundo do grid. Mas, apesar das sugestões que a decisão se daria ao fato do projeto do motor de 2026 estar atrasado, Famin negou a informação:
"Todos sabemos que desde 2014 não temos o melhor motor em Viry, mas é um dos que mais melhorou desde aquele ano. Agora, ainda não estamos no topo, mas a melhoria foi muito boa, e o trabalho que está sendo feito em Viry para preparar o motor 2026 é incrível, estabelecemos objetivos muito elevados e estou confiante de que podemos alcançá-los, os números que obtivemos do dinamômetro são muito bons".
Apesar disso, as vantagens de uma equipe de F1 produzir os próprios motores são muito menores do que no passado. O próprio francês afirmou que enxerga maiores possibilidades em se tornar um cliente de unidades de potência.
"Há algum potencial no desenvolvimento da integração, mas no final das contas é bastante teórico, porque agora todos os fabricantes de unidades de potência estão trabalhando em estreita colaboração, desde o início do projeto, com os equipamentos e todas as integrações muito otimizadas. Se pegarmos um motor Ferrari ou Mercedes, estou bastante convencido de que toda a integração seria muito, muito boa".
Famin também explicou que a decisão de abandonar o projeto foi tomada, pois não faz mais sentido para os planos futuros da Alpine, já que o dinheiro poderia estar sendo usado em outra área mais forte.
"Estamos em uma encruzilhada muito específica. O projeto agora é muito concreto, muito claro, e conhecemos os recursos necessários para o desenvolver, então, é porque agora a questão do ponto de vista da marca Alpine é: 'como é que aproveitamos, da melhor forma possível para desenvolver a marca, os recursos que temos?'".
Possível calendário da Alpine
Bruno Famin também explicou que, agora, o projeto gira em torno da mudança de planos e regras da F1 que serão apresentadas em 2026, embora alguns rumores afirmem que as coisas podem ser adiantadas para 2025.
Ainda não há uma data definida para o fim da avaliação do projeto e a decisão dependerá da resposta dos representantes sindicais na França. Famin disse que tudo poderá levar apenas alguns dias ou muitas semanas para baterem o martelo.
Apesar de todas as avaliações e possibilidade da área de motores ser fechada na Renault, o ex-chefe da Alpine afirmou que nenhum funcionário perderá o emprego.
"Estamos seguindo todos os passos obrigatórios e não há razão para não fazer isso direito. Uma coisa muito importante é que no projeto que foi apresentado, será oferecido um emprego a cada funcionário, não há demissão. Estamos fazendo todo o possível para um momento muito difícil, seja o menos doloroso possível, mas sabemos que esse tipo de coisas nunca é fácil".
Possível venda da Alpine
Existem rumores de que a equipe de F1 Alpine poderia ser vendida, porém, qualquer investidor interessado em assumir o controle precisaria se comprometer com as ações de Viry-Chatillon e a produção de motores.
Caso a Alpine consiga eliminar esse fator, a venda se torna ainda mais fácil, porém, o CEO Luca de Meo negou que exista qualquer vontade em permitir a compra da equipe, algo que Famin concordou e respondeu:
"A F1 continua a ser um projeto chave para a marca Alpine".
"É graças à F1 que queremos desenvolver a notoriedade da marca ao nível mundial, e isso permanece, mas o projeto [de mudar o que Viry faz], é apenas realocar os recursos para melhor desenvolver a marca, sempre baseado no pilar do automobilismo, e principalmente na F1, para desenvolver notoriedade".
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