F1: Piquet se desculpa por comentário e defende que não tinha intenção de ofender Hamilton com termo utilizado
Comentário do tricampeão sobre o britânico viralizou na semana passada e resultou em muitas manifestações nas redes sociais
O tricampeão da Fórmula 1 Nelson Piquet divulgou um comunicado pedindo desculpas pelo uso de um termo racista contra o piloto da Mercedes Lewis Hamilton, negando que a fala tinha uma conotação preconceituosa.
O comentário que estourou nas redes sociais na última semana foi feito por Piquet em uma entrevista no ano passado. Isso levou a uma forte reação da comunidade desportiva, incluindo notas de repúdio da F1 e da FIA.
Em resposta, Hamilton disse que "chegou a hora" de mudar "pensamentos arcaicos". E agora Piquet se manifestou sobre o caso, dizendo que gostaria de "esclarecer histórias que circulam na imprensa sobre um comentário que fiz em uma entrevista no ano passado".
Apesar de Piquet admitir que o que foi dito "foi mal pensado, e não vou me defender disso", ele alega que o termo usado "é ampla e historicamente usado de forma coloquial na língua portuguesa como sinônimo de 'pessoa' ou 'cara', e não foi usado com intenção de ofender".
"Nunca usaria o termo do qual fui acusado de usar em algumas traduções", disse. "Condeno fortemente qualquer sugestão de que teria usado essa palavra com o objetivo de diminuir um piloto por causa da cor de sua pele".
"Peço desculpas de coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível. Mas a tradução que circula em alguns veículos e nas mídias sociais não é correta. A discriminação não tem espaço na F1 ou na sociedade e fico feliz por esclarecer meus pensamentos nesse caso".
Leia abaixo a tradução do comunicado de Nelson Piquet:
"Gostaria de esclarecer uma história que circula na imprensa sobre um comentário que fiz em uma entrevista no ano passado. O que disse foi mal pensado, e não vou me defender disso, mas quero esclarecer que o termo utilizado é ampla e historicamente usado de forma coloquial na língua portuguesa como sinônimo de 'pessoa' ou 'cara', e não foi usado com intenção de ofender".
"Nunca usaria o termo do qual fui acusado de usar em algumas traduções. Condeno fortemente qualquer sugestão de que teria usado essa palavra com o objetivo de diminuir um piloto por causa da cor de sua pele".
"Peço desculpas de coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível. Mas a tradução que circula em alguns veículos e nas mídias sociais não é correta. A discriminação não tem espaço na F1 ou na sociedade e fico feliz por esclarecer meus pensamentos nesse caso".
Entenda o caso
Tudo tomou grandes proporções com a manifestação de Hamilton na manhã desta terça-feira, com o britânico respondendo a um tweet no qual um internauta questiona: "E se Lewis Hamilton apenas tuitasse 'Quem diabos é Nelson Piquet?'...". O britânico escreveu ironicamente: "Imagine". Veja:
Hamilton seguiu: "É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo de minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação".
Além disso, Lewis publicou em português:
Piquet proferiu a fala em uma entrevista dada ao canal Motorsports Talk, no YouTube, em 2021, relatando o confronto entre o heptacampeão e Max Verstappen em Silverstone. O caso veio à tona agora, daí a manifestação de Hamilton.
Lewis Hamilton, Mercedes-AMG
Photo by: Andy Hone / Motorsport Images
A explicação de Piquet não vem somente depois da reação do britânico. Antes, a própria F1, além da Mercedes e da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), haviam se manifestado repreendendo 'Nelsão'.
"Condenamos nos termos mais fortes qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória de qualquer tipo. Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora das pistas. Juntos, compartilhamos a visão de um automobilismo diversificado e inclusivo, e este episódio destaca a importância fundamental de continuar lutando por um futuro melhor", escreveu a Mercedes.
"Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não deve fazer parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito", diz o comunicado oficial da F1. "Seus esforços incansáveis e e a inclusão são uma lição para muitos e algo com o que estamos comprometidos na F1", acrescenta a categoria máxima do esporte a motor global em suas redes.
Já a FIA, órgão que regula o automobilismo mundial, publicou a seguinte nota: "A FIA condena veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral. Expressamos nossa solidariedade com Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor".
Contexto de rivalidade entre Hamilton e os Piquet
Lewis Hamilton e o vice-campeão, Nelsinho Piquet. Alexandre Premat, à esquerda, ficou em terceiro no campeonato
Photo by: GP2 Series Media Service
Antes de chegar à F1, o britânico disputou o título da antiga GP2, hoje Fórmula 2, contra Nelsinho Piquet, filho de Nelsão. No fim das contas, o atual piloto da Mercedes prevaleceu, ascendendo à McLaren no ano seguinte, em 2007.
Max Verstappen e Kelly Piquet
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Além disso, a filha de Nelson e irmã de Nelsinho, Kelly, é namorada do holandês Max Verstappen, contra o qual Hamilton disputou o título de 2021 da F1 até a volta da temporada, sendo batido pelo piloto da Red Bull no GP de Abu Dhabi e perdendo o campeonato para o rival.
Felipe Lapenna e Nelsinho Piquet
Photo by: Duda Bairros
Naquele fim de semana, a Stock Car também realizava sua etapa final de 2021. Nelsinho, então, apareceu no paddock de Interlagos com uma camiseta com os dizeres "Patrão é meuzovo", em referência a um apelido de Hamilton. Antes, comemorara o título de Max efusivamente nas redes.
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