FIA alerta times sobre proibição de largadas pré-programadas
Federação Internacional de Automobilismo avisa que qualquer truque para fazer com que os procedimentos de largada sejam pré-programados serão proibidos
A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) tem feito uma campanha intensa nos últimos 18 meses para colocar cada vez mais as largadas sob a responsabilidade dos pilotos. Ao mesmo tempo, os times buscam recursos para fazer com que a situação seja mais tranquila no momento em que as luzes vermelhas se apagam.
O trabalho da FIA ficou evidente em 2016, quando Lewis Hamilton enfrentou algumas dificuldades nas largadas, enquanto Nico Rosberg conseguiu largar melhor e se aproveitar da vantagem no início das provas.
Segundo apurou o Motorsport.com, Charlie Whiting, diretor de provas da categoria, recusou uma proposta da Ferrari para um sistema de largada pré-programada. Não está claro, entretanto, se a equipe italiana estava trabalhando no sistema ou se o desejo era tornar a ideia pública para que ninguém pudesse criar sistema semelhante.
Largadas pré-programadas
Com os restritos regulamentos da F1, as equipes são impedidas de ajudar os pilotos a encontrar o ponto ideal da embreagem nas largadas.
O regulamento técnico da F1 deixa claro que qualquer configuração que ajude a encontrar o ajuste ideal da embreagem ou que notifique os pilotos sobre a posição ideal para segurar a borboleta está proibido.
O sistema de largada pré-programado tinha como objetivo aliviar a situação para os pilotos, deixando a cargo deles segurar o carro no freio uma vez que o ponto ideal entre embreagem e acelerador fosse encontrado.
O sistema funcionaria da seguinte forma:
- O piloto deveria acionar totalmente a embreagem antes do procedimento de largada ser iniciado;
- Depois, selecionaria a primeira marcha;
- O piloto, então, pressionaria o acelerador até que a rotação do motor atingisse um ponto pré-estabelecido para uma largada eficiente;
- O pedal de freio seria acionado para acionar a fase pré-programada;
- Momentos antes da última luz vermelha se acender, o piloto começaria a soltar a embreagem até encontrar o ponto ideal de torque e segurar a borboleta naquele ponto;
- Assim que as luzes vermelhas se apagassem, bastaria ao piloto soltar o pedal do freio para fazer uma largada perfeita.
Esclarecimento
O sistema ajudaria a minimizar a derrapagem das rodas traseiras, pois na fase em que o pedal do freio seria liberado, a rotação do motor cairia para um nível pré-determinado. A Ferrari queria saber se tal conceito feria dois artigos do regulamento técnico, que são:
- 9.2.2: "Configurações que permitam que os pilotos saibam de pontos específicos da embreagem sejam identificados pelos pilotos ou que o ajudem a manter determinado ponto de pressão não são permitidos."
- 9.2.7: "Qualquer dispositivo ou sistema que notifique o piloto sobre a quantidade de pressão aplicada ou ponto ideal da embreagem não são permitidos."
Risco de stall
Entende-se, entretanto, que as objeções ao sistema pré-programado de largada não se relacionam às regras, mas aos potenciais riscos de tal sistema.
Whiting argumentou que ter os pilotos reduzindo muito as rotações do motor na fase de carregamento do sistema ou os limites de segurança da embreagem sendo excedidos pode elevar o risco do anti-stall ser acionado - o que deixaria carros parados no grid na largada.
Também foi destacado que autorizar o sistema daria início a uma corrida para o desenvolvimento que poderia passar por cima dos padrões de segurança ou em avanços agressivos no sistema de embreagem.
Embora Whiting pareça descartar qualquer tentativa de implementar tal sistema, as equipes sabem que como chefe do departamento técnico da F1, ele pode apenas dar opiniões e a aprovação ou proibição cabe aos comissários de prova.
É incerto que uma equipe vá se arriscar a desenvolver um sistema de largada pré-programado tendo em vista a opinião de Whiting.
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