Entrevista

Filho de Nelson Piquet: 'Lauda foi o único amigo do meu pai na F1'

Pedro Piquet deu depoimento exclusivo ao Motorsport.com e disse que Lauda até ajudou Piquet a comprar avião para não desistir da F1

Nelson Piquel e Niki Lauda

Nelson Piquet e Niki Lauda foram companheiros de equipe na Brabham e rivais nas pistas da Fórmula 1 no início da década de 80. O tricampeão brasileiro certamente está triste neste dia após saber da morte do austríaco.

Pedro Piquet, filho do tricampeão brasileiro, falou com exclusividade ao Motorsport.com Brasil da sua relação com Lauda, falecido aos 70 anos.

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"Eu lembro que a primeira vez que eu o conheci (Lauda) foi na Fórmula 1, em Indianápolis, em 2007. Meu pai me levou pra conhece-lo e eu tinha vergonha. Mas ele foi muito amigável. Uma criança, quando você vê a pessoa com a orelha toda deformada, fica em choque, mas meu pai pediu pra ele contar a historia dele. Ele explicou que quando o carro pegou fogo ele teve que fechar o olho, por isso que as pálpebras são queimadas e por isso ele não é cego hoje", contou Pedro.

O filho de Nelson Piquet atualmente tenta trilhar os caminho do pai, estando na F3, categoria de acesso da Fórmula 1. Pedro relembrou as visitas de Lauda à casa dos Piquets, em Brasília.

Niki Lauda, pedro Piquet e Nelson Piquet

Niki Lauda, pedro Piquet e Nelson Piquet

Photo by: Arquivo pessoal

"Meu pai sempre foi muito amigo dele, ele já visitou, ficou aqui em casa em Brasilia uma vez antes da Fórmula 1. Ele era um cara muito simples. Ele passou umas férias com a gente no barco no Caribe. A gente foi numa praia, meu pai pediu pra levar ele pra praia e eu levei. A gente foi, parou na praia e ele estava com os filhos pequenos dele. Engraçado que você sempre vê ele com o bonezinho, lá ele estava sem boné, sem camisa, tranquilo, brincando com os filhos dele. A gente conversou bastante, eu perguntei como era trabalhar na Mercedes. eu achei demais. Eu perguntei pra ele do Hamilton, do Rosberg, e ele falou os pontos fortes e fracos de cada um.", relembrou.

Nelson Piquet nunca ligou muito para o que estão falando dele, sendo mais reservado nas suas relações. E Niki Lauda, segundo Pedro, foi o único amigo de seu pai na Fórmula 1.

"Se você perguntar para o meu pai qual amigo ele tem de piloto da Fórmula 1 hoje, tirando alguns brasileiros? É o Lauda só. A única pessoa que ele é amigo, que tem uma amizade duradoura, foi ele", revelou.

Nelson Piquet também quase encurtou a sua brilhante carreira na Fórmula 1. E Lauda foi um dos principais motivadores do brasileiro.

"Meu pai sempre fala que o Lauda salvou ele na Fórmula 1 porque depois de 4, 5 anos, meu pai queria voltar para o Brasil, porque ele não aguentava mais viajar. E o Lauda falou: 'compra um avião'. E meu pai: 'como assim?'. E o Lauda ajudou ele, comprou um avião velho, barato, aí meu pai conseguia ir para os lugares mais tranquilo. Isso ajudou a carreira do meu pai também. Com certeza ele deve estar triste porque eram grandes amigos".

1971, March 711
Foi com esse carro que Lauda estreou na Fórmula 1 no GP de seu país em 1971
1971, March 711
Lauda disputou apenas a corrida da Áustria em 1971
1972, March 721
Na temporada seguinte, Lauda (à frente) fez sua primeira temporada completa a bordo do March 721
1973, BRM P160
Em sua segunda temporada completa na Fórmula 1, Lauda correu pela BRM e impressionou a ponto de chamar a atenção de Enzo Ferrari
1974, Ferrari 312B3
Tanto que, em 1974, o austríaco foi contratado pelo time de Maranello
1974, Ferrari 312B3
Em seu primeiro ano em uma equipe de ponta, Lauda teve o suiço Clay Regazzoni como companheiro
1974, Ferrari 312B3
Aquele ano marcou a primeira vitória do austríaco, no GP da Espanha
1974, Ferrari 312B3
Lauda terminou a temporada em quarto. O brasileiro Emerson Fittipaldi foi o campeão, conquistando, com a McLaren, seu segundo título
1975, Ferrari 312T
Em 1975, porém, Lauda "destronaria" Fittipaldi. A bordo do novo carro da Ferrari, o austríaco brilhou
1975, Ferrari 312T
Com mais um ano de muita consistência e velocidade, Lauda voou para conquistar o primeiro de seus três títulos mundiais
1975, Ferrari 312T
Lauda foi campeão com 64,5 pontos. Fittipaldi foi vice com 45
1976, Ferrari 312 T2
Depois de conquistar seu primeiro título, o austríaco chegou à temporada seguinte com vontade de defender sua posição
1976, Ferrari 312 T2
O ano de 1976 começou bem, com grande confiabilidade do carro da Ferrari, melhor que a concorrente McLaren
1976, Ferrari 312 T2
Ao longo da temporada, porém, o carro da equipe britânica melhorou e James Hunt se colocou como rival de Lauda na busca pelo título
Niki Lauda, Ferrari, e James Hunt, McLaren
Os dois construíram uma grande rivalidade, mas eram amigos. A relação de ambos é retratada no filme "Rush"
Niki Lauda, Ferrari, e James Hunt, McLaren
No fim das contas, Hunt aproveitou a ausência de Lauda em algumas etapas por conta do acidente do austríaco em Nurburgring para somar pontos importantes e chegar à etapa final, em Fuji, com condições de vencer. Lauda acabou desistindo da corrida chuvosa em função das condições perigosas e Hunt chegou em terceiro para faturar seu primeiro e único título
1977, Ferrari 312T2
Na temporada seguinte, Lauda veio com fome para retomar o título
Niki Lauda, Ferrari 312T2
Dito e feito: o austríaco retomou a coroa em sua segunda, superando de vez as sequelas psicológicas do grave acidente do ano anterior
1978, Brabham BT45C
Em 1978, Lauda foi para a Brabham
1978, Brabham BT46
A equipe era comandada por Bernie Ecclestone
1978, Brabham BT46B Alfa Romeo
O motivo da saída para a Ferrari foi a procura da equipe italiana pelo argentino Carlos Reutemann após o acidente de Lauda em 1976
1978, Brabham BT46B
Um dos carros da Brabham em 78 chamava a atenção por sua traseira
1979, Brabahm BT48
No ano seguinte, a equipe seguiu sem condições de levar Lauda à disputa pelo título
1979, Brabham BT48
Foi nessa época que o austríaco começou a intensificar seus empreendimentos em sua companhia aérea
1979, Brabham BT48 Alfa Romeo
No fim daquela temporada, Lauda deixaria a F1 para tocar seus negócios
1982, McLaren MP4
Após dois anos afastado da categoria, Lauda foi persuadido por Ron Dennis a retornar, desta vez pela McLaren. Lauda foi quinto em sua primeira temporada após o retorno à F1
1983, McLaren MP4B
O terceiro título acabou não vindo no ano seguinte, em 1983, mas estava próximo
1984, McLaren MP4\2
Na temporada 1984, Lauda finalmente conquistou seu terceiro e último título mundial
1984, McLaren MP4/2
Em batalha com o novo companheiro Alain Prost, o veterano de 35 anos levou a melhor por apenas meio ponto: 72 a 71,5
1985, McLaren MP4/2B
1985 começou com uma série de abandonos de Lauda, o que complicou a temporada do tricampeão - e a relação com Ron Dennis
Alain Prost e Niki Lauda, McLaren MP4/2B
O austríaco ainda conquistou sua 25ª e última vitória na F1, no GP da Holanda, em Zandvoort. Prost (à frente) chegaria ao primeiro de seus quatro títulos naquele ano
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