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Graham Stoker: o "revolucionário silencioso" concorrendo à presidência da FIA

Nesta edição da série #ThinkingForward, Graham Stoker fala de sua decisão de concorrer à presidência da FIA em 2021

Série Pensamento dos líderes

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Graham Stoker é a figura mais poderosa do esporte a motor que você nunca ouviu falar. Como vice-presidente desportivo da FIA desde 2009, ele tem sido o braço direito de Jean Todt, modernizando a FIA, liderando programas para desenvolver o esporte ao redor do mundo.

Ele se faz presente nas salas onde tudo acontece por décadas, sendo uma peça-chave no Conselho Mundial do Esporte a Motor (CMEM), envolvido em casos de alto perfil como o Crashgate (GP de Singapura de 2008), Spygate (McLaren em 2007), as ordens de equipe da Ferrari em 2010 na condição de árbitro, e foi uma das principais forças por trás da retomada do esporte em 2020 após a primeira onda da Covid-19.

Agora, com Todt se afastando da presidência da FIA ao final do mandato atual, é ele quem vai concorrer na eleição que será realizada neste ano. Ele falou com exclusividade ao Motorsport.com para a série #ThinkingForward sobre sua decisão de concorrer.

"Acho que o esporte a motor fez um trabalho fantástico durante a pandemia. Enquanto saímos disso, quero garantir que tenhamos construído confiança e que nosso investimento tenha retorno, que tenhamos uma saída forte da pandemia. E que tenhamos lidado com esses desafios que nos cercam".

"Toda a questão de trens de força, quais combustíveis devemos usar, vamos usar isso como uma oportunidade. Então é isso, quero tentar fazer uma diferença".

"E acredito que tenho as habilidades para isso. Vivenciei tantas decisões fundamentais para o esporte, e tive uma visão privilegiada: sobrevivi a dois Pactos de Concórdia, renegociei o Mundial de Rally, criei um novo campeonato com a Fórmula E. Quero usar essa experiência".

 

Stoker se apaixonou pelo esporte quando ainda era uma criança: "Eu lia a Autosport quando tinha 12", e se interessou em pilotar, mas se encontrou com a barreira que impede as carreiras de muitos apaixonados: os altos custos.

Isso o deu um objetivo de tornar o esporte mais acessível, e gastou boa parte de sua energia nos últimos 12 anos focando na base do esporte, com clubes em 146 países para organizar eventos e programas de acessibilidade como a comissão de Mulheres no Esporte da FIA.

Além de sua carreira como advogado, ele entrou no ramo de administração do esporte no Reino Unido.

Após cinco anos como comissário permanente no Campeonato Britânico de Carros de Turismo, ele se tornou presidente do Conselho Britânico de Automobilismo, sendo fundamental para salvar o GP da Grã-Bretanha, muito ameaçado durante a gestão de Max Mosley na FIA e de Bernie Ecclestone, que chegou a comparar o evento em Silverstone com "uma feira de interior". Stoker trabalhou com os governos nacional e regional para construir novas estradas para 2002, melhorando o acesso para 120 mil fãs.

Na sequência, Stoker tornou-se comissário da F1, assumindo também uma vaga no CMEM. Isso o levou a conhecer Todt, que buscava um parceiro para concorrer ao seu lado como Vice-presidente desportivo, alguém que conhecesse todos os pormenores da FIA, para a eleição de 2009.

"Você precisa lembrar que, naquele ponto, eu já havia atuado na Corte Internacional como juiz para a FIA, coordenava o painel anti-doping, era um comissário de F1", disse Stoker, em uma entrevista realizada antes da morte de Mosley, na segunda. "Eu conhecia o Conselho, os clubes ao redor do mundo e os 146 países que trabalham conosco. Então foi isso que trouxe para o time de Jean".

"Jean sempre foi reconhecido como um dos melhores gestores de sua geração. E eu trouxe o conhecimento dos clubes, da FIA. Trabalhamos juntos, e tenho orgulho de dizer que fui eleito ao seu lado por três vezes. Foi um período muito interessante".

Para ocupar a vaga que lhe pertencia durante a gestão de Todt, Stoker escolheu Tom Kristensen, nove vezes vencedor das 24 Horas de Le Mans, que já atuou como presidente da Comissão de Pilotos da FIA por cinco anos.

Então, como Stoker vê o papel da FIA no esporte a motor moderno e como ajudar o esporte a crescer?

"Não apenas entregando e organizando um esporte seguro e genuíno, mas também crescendo o esporte, buscando por talentos ao redor do mundo, conduzindo debates sobre suas políticas, buscando nossa indústria única com sua engenharia avançada".

"São todas essas coisas que uma Federação Internacional moderna faz. E não apenas isso, nosso pilar de mobilidade atinge todos ao redor do mundo. Estamos operando em 146 países. Temos tantos membros".

"E isso leva a uma oportunidade em que podemos conduzir alguns dos processos pensados, fazendo a diferença no modo como as políticas são formuladas. Estou muito interessado em decisões do tipo".

Stoker descreve os 12 anos da presidência de Todt na FIA como uma "revolução silenciosa", que mirou modernizar a federação.

"Olhando para trás no que conquistamos, nós mudamos de um órgão regulador para uma federação internacional moderna. Coisas como desenvolver nossos clubes com programas importantes ao redor do mundo, apoiando nossos clubes, tornando-os mais fortes".

"Organizar eventos é a nossa base. E é isso que importa: organizar eventos seguros, genuínos, mas também movendo para outras áreas como programas de inclusão das mulheres no esporte a motor, buscando detectar talentos ao redor do mundo com programas de base".

"Algo que sou apaixonado é a responsabilidade social e o papel que assumimos. Veja por exemplo, nossa entrega na educação de STEM [Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática]".

Stoker tem ainda um simulador em sua casa. "Adoro pilotar por Le Mans", disse, e está comprometido com o desenvolvimento do eSports como uma nova fronteira para o esporte. Uma injeção de ânimo surgiu recentemente com o Comitê Olímpico Internacional passando a aceitar o eSport em seu programa.

"Isso seguirá até as Olimpíadas no devido tempo, o que é muito, muito emocionante", mas é a acessibilidade que isso oferece que o anima mais. "Você pode levar isso para o mundo todo. Podemos levar para a África, a Ásia, qualquer lugar. Podemos colocar esses simuladores e atrair jovens, levando eles para o esporte. É algo fabuloso, parte de nosso esporte, e vamos desenvolver isso. Ficará ainda mais forte".

 

E para o futuro do esporte a motor, há várias ameaças e oportunidades óbvias. O principal desafio costumava ser a segurança e isso segue sendo uma cruzada, mas agora muitos se voltam para a sustentabilidade.

"Precisamos agir para proteger nosso esporte. Temos uma ótima história para contar, como o motor da F1 no momento, com mais de 50% de eficiência. Ninguém nunca construiu um motor tão eficiente assim".

"Na Fórmula E, olha o que estamos fazendo, com o carregamento rápido e a tecnologia das baterias. Acho que o hidrogênio vem por aí, vimos no ano passado com o carro em Le Mans. Acho que o hidrogênio será uma grande parte de nosso futuro".

"E outra coisa fascinante são os combustíveis sintéticos e a habilidade de capturar o carbono da atmosfera, com energia solar, criando um combustível que podemos queimar nos motores. Cada vez que ligássemos os motores, estaríamos ajudando com as mudanças climáticas. Há muitas oportunidades".

"E ainda há toda a questão da inclusão, que vem crescendo ao redor do mundo. Minha experiência, aquela dificuldade que tive para seguir na carreira, quero agora que todos com habilidade ao redor do mundo, possam entrar em um carro de competição, rally ou corrida, sem conexões, apenas talento. Acho que é um objetivo real que precisamos buscar".

"Esses desafios, eles estão presentes, mas acho que podemos cumpri-los. Acho que esse é um momento de oportunidades. E realmente gostaria de estar envolvido, entregando algumas das soluções".

A eleição presidencial da FIA será realizada no fim de 2021, antes da Assembleia Geral da FIA e Cerimônia de Premiação dos Mundiais em dezembro. Por enquanto, há apenas mais um candidato confirmado além de Stoker: o ex-piloto de rally Mohammed Bin Sulayem.

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James Allen
Fórmula 1
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