Entrevista
Fórmula 1 GP da Itália

Hamilton diz que quer continuar na F1 depois de 2020 e ressalta Verstappen e Leclerc

Lewis Hamilton é o piloto da década. E a cada corrida se aproxima de ser o piloto mais impactante da história da Fórmula 1

Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1

Líder do campeonato e próximo de alcançar o recorde de vitórias de Michael Schumacher (entenda abaixo), o piloto da Mercedes concedeu uma longa (e interessante!) entrevista a um pequeno grupo de jornalistas, e o Motorsport.com esteve presente. Na véspera do fim de semana do GP da Itália, revelou que já optou por continuar na Fórmula 1 além de 2020.

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Aos 34 anos, e com 242 GPs (145 no pódio), 81 vitórias, 87 poles e cinco títulos mundiais, os números seriam suficientes para apresentar Lewis Hamilton, mas há ainda mais por trás de um campeão que foi capaz de ir além dos limites da Fórmula 1 e do esporte.

Às vésperas do GP da Itália, encontramos um piloto que ainda planeja correr por um longo tempo e mais motivado para fazê-lo (hoje) do que era há alguns anos. 

PERGUNTA: Este ano você parece estar envolvido em um confronto direto com uma nova geração de pilotos. É um novo desafio?

HAMILTON: Não é mais importante do que lutar com os caras mais velhos. Na verdade, não importa a idade dos adversários, você só quer lutar contra os melhores. Estamos vendo uma nova geração chegando ao topo do esporte. Ainda gosto de lutar com Sebastian (Vettel) e sinto falta das disputas que tive com ele no ano passado. Mas a idade não é um parâmetro significativo.

PERGUNTA: Parece que você tem um respeito notável por Leclerc...

HAMILTON: Honestamente, eu respeito todos os pilotos no grid, mas obviamente você está em contato mais próximo com aqueles que lutam pelo pódio e que te confrontam na pista ou com quem mais fala nas coletivas.

Hamilton e Leclerc no Bahrein
Hamilton e Leclerc na Bélgica
Hamilton e Leclerc na Bélgica
Hamilton e Verstappenna Hungria
Hamilton e Verstappenna Hungria
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PERGUNTA: No próximo ano, você terá que decidir se deve continuar sua carreira na Fórmula 1. O que pesará mais em sua escolha, motivação, formato da nova Fórmula 1?

HAMILTON: Neste momento, eu já sei que quero continuar. Adoro o que faço. Talvez tenha tido mais dúvidas há alguns anos do que tenho hoje, gosto cada vez mais de onde estou, tenho uma posição mais clara na minha vida. A motivação nunca esteve em questão, mal posso esperar para ver como será a Fórmula 1 de 2021, como esse esporte evoluirá, se será algo que eu gosto ou não”.

PERGUNTA: Qual é a diferença quando você corre pelo título ou quando cada corrida é uma luta de tudo ou nada, como o caso de Max Verstappen hoje?

HAMILTON: Quando eu era jovem, era diferente, sim. Hoje, porém, minha maneira de correr não muda, porque sei que o objetivo da minha corrida é completar o trabalho realizado por toda a equipe. É claro que existem situações diferentes, por exemplo, se você iniciar uma corrida a partir do final do grid, terá que correr mais riscos para escalar o pelotão, mas quando estiver liderando uma corrida precisa pensar no longo prazo. Aos 21 anos, pensava de maneira diferente. Hoje, quando estou no carro, penso em quanto espaço preciso dar para cada piloto, às vezes penso que há 2000 pessoas que contam comigo, que construíram o carro e que contam comigo para tomar a decisão mais inteligente possível e não ser egoísta só para tentar somar mais alguns pontos, mas que podem custar a perda do título de construtores. Ao crescer, me tornei um jogador de equipe e também percebi que você não pode vencer todas as batalhas, algo que é difícil de aceitar quando você é jovem.

PERGUNTA: Você se vê em Leclerc ou Verstappen?

HAMILTON: Não gosto de me comparar com outros pilotos, mas entendo o momento que eles estão passando, porque também já tive 20 ou 21 anos, então sei como é. Eles chegaram um ano antes de mim (Verstappen, no caso, chegou quatro anos antes), mas eu tinha 22 anos e lembro o que significa estrear na Fórmula 1, estar em frente às câmeras e ter uma grande atenção da mídia.

PERGUNTA: Os números dizem que Lewis Hamilton está começando a se tornar o melhor piloto de todos os tempos?

HAMILTON: Eu nunca olho para os números. Nem leio sobre Fórmula 1. Eu venho para cá, faço meu trabalho e volto para casa. Quando saio do carro, penso em como posso melhorar, em como me tornar um piloto mais forte. Quando visito a fábrica, me sento com o pessoal e discuto como posso evoluir. Eu raramente falo sobre as boas coisas, o que foi conquistado. Só quero saber como melhorar. Talvez no final da minha carreira, eu olhe para trás. Agora só estou olhando para frente. Quando alguém me traz os números, penso que estar na minha posição de ter um ou vários recordes é um privilégio incrível, mas tenho que seguir em frente: ainda sou um trem que está viajando, não cheguei à minha parada.

PERGUNTA: Como você pode sempre encontrar a energia certa considerando o quanto ganhou?

HAMILTON: Porque, na realidade, você nunca é perfeito, às vezes há fins de semana que parecem cem por cento, mas então você para e se pergunta: o que posso melhorar? E sempre a algo lá. É uma busca constante pela perfeição. Tomemos, por exemplo, as corridas: em Budapeste fiz uma ótima largada, na última corrida tive a segunda melhor largada, existem outras corridas em que fiz a 18ª e preciso entender o porquê. Sempre há coisas a melhorar e, por isso, adoro a Fórmula 1. Sou supercompetitivo até em outros esportes. Tenho jogado tênis com meu pai, e venci ele nas últimas partidas, mas ele está melhorando, então eu preciso evoluir e melhorar minha técnica também. Agora temos esses jovens chegando na F1 e eles são super afiados, então eu preciso manter esse perfil afiado de jovem em mim, mas também usar minha experiência para ficar à frente deles. E eu adoro esse desafio.

PERGUNTA: Quão difícil foi correr em Spa após a morte de Hubert?

HAMILTON: Você de repente percebe que isso pode acontecer. Vivemos isso no Japão em 2014 (referência ao incidente de Jules Bianchi), aconteceu comigo quando eu tinha 11 anos e costumava andar de kart e um garoto da minha idade morreu. É um soco no estômago, eu fiquei mal. Não sei como foi para os outros pilotos no fim de semana passado, mas atingiu as profundezas da minha alma. Não conseguia dormir, não conseguia acreditar no que tinha acontecido. Este ano, perdemos Charlie Whiting e depois Niki (Lauda), mas seguimos a vida em frente. É triste, mas é assim que é a vida.

PERGUNTA: A GPDA (Associação de pilotos) deve desempenhar um papel mais importante na segurança?

HAMILTON: A GPDA está unida pela primeira vez. Agora temos sido convidados a participar das reuniões com a FIA e finalmente passaram a nos ouvir. Tivemos reuniões na França, e estamos trabalhando mais próximos. Há muitas coisas nas quais trabalhar. Nos perguntaram tudo sobre a segurança dos capacetes, se tínhamos algo a sugerir e realmente levaram nossa opinião em conta. Mas nós realmente precisamos olhar para outras áreas e ver o que pode ser melhorado como os carros da F2, por exemplo. Talvez os carros não sejam seguros o suficiente, talvez precisem ser mais fortes.

HAMILTON SEGUE A PERSEGUIÇÃO AO RECORDE DE SCHUMACHER

O piloto britânico alcançou a marca de 81 vitórias na F1 com o triunfo no GP da Hungria. A cada etapa do campeonato, o que parecia impossível ganha corpo: a quebra do recorde de Michael Schumacher. Faltam 10 vitórias para Hamilton empatar com o alemão. Veja galeria exclusiva do Motorsport.com que mostra quem destronou quem ao longo dos anos:
Giuseppe Farina vence a primeira corrida da F1
O italiano venceu a primeira prova da história da Fórmula 1, em 13 de maio de 1950, no autódromo de Silverstone. Farina ainda encerraria aquela temporada como campeão, desbancando grande rival, Juan Manuel Fangio.
Juan Manuel Fangio vence em Mônaco e iguala Farina
Fangio não permitiu que seu companheiro de equipe estabelecesse uma hegemonia na F1. Apesar de perder o título para Farina, o argentino terminou o ano empatado em vitórias - 3x3.
Time da Alfa Romeo dominou duas primeiras temporadas
Os dois primeiros da foto, Fangio e Farina, alternaram-se como maiores vitoriosos até a metade da segunda temporada, quando estavam empatados em 4x4. A rivalidade se estendeu para os títulos dos dois primeiros anos: 1x1.
Alberto Ascari iguala Fangio em 1952
O italiano Ascari igualou marca estabelecida por Fangio, chegando a sua quinta vitória no GP da Inglaterra de 1952, depois disso, Ascari estabeleceria o primeiro reinado da F1.
Alberto Ascari estabeleceu o primeiro reinado da F1
Em 1953, Ascari chegou à marca de 13 vitórias, recorde que imperou na categoria por 21 corridas. Naquele ano, pilotando uma Ferrari, Ascari ainda se tornaria o primeiro bicampeão da história.
Com ajudinha de Musso, Fangio supera Ascari em 1955
Juan Manuael Fangio igualou o recorde de Ascari no GP da Itália em 1954 e superou a marca no início do ano seguinte, em uma corrida em sua terra natal, a Argentina. Durante a corrida, o carro de Fangio quebrou e ele pegou o de seu companheiro, Luigi Musso, para vencer a corrida, algo permitido na época.
Fangio: Reinado de títulos e vitórias
Em 1957, Fangio alcançou sua 24ª e última vitória na F1. Seu império só chegou ao fim 120 corridas e 13 anos depois.
Jim Clark igualou Fangio em 1967
O argentino foi destronado por um escocês voador. Jim Clark, em 1967, chegou às mesmas 24 vitórias no GP do México.
Jim Clark estabelece novo recorde: 25 triunfos
A África do Sul, em 1968, foi palco da vitória 25 de Clark, que o isolou à frente. O bicampeão morreria no mesmo ano, em Hockenheim.
Jackie Stewart ao lado de Jim Clark e Graham Hill
O reinado Clark teve duração de 5 anos (68 GPs). Curiosamente, foi derrubado por um compatriota: Jackie Stewart.
O quarto reinado: Jackie Stewart
Stewart, que conquistou o tricampeonato, igualou as 25 vitórias de Clark em Mônaco, em 1973, e o ultrapassou na Holanda.
Jackie Stewart somou 27 vitórias
O tempo de Stewart no trono durou impressionantes 14 anos, em um total de 218 GPs.
Alain Prost e Niki Lauda, ambos na McLaren em 1984
Em 1985, Niki Lauda e Alain Prost, os dois que mais se aproximavam de Stewart, terminaram o ano próximos do escocês. O austríaco fechou com 25 vitórias, empatado com Jim Clark. O francês tinha 21.
Alain Prost iguala recorde de Stewart
Foi apenas dois anos mais tarde (1987) que Prost igualou e passou Stewart. Em Spa, o então bicampeão chegou às 27 vitórias.
Um novo rei chegava ao trono em 1987: Alain Prost
Em Estoril, alcançou a vitória 28, transformando-se no recordista. Prost só foi batido 229 corridas depois, totalizando 14 anos de reinado.
Nelson Piquet ameaçava recordes de Prost
Neste mesmo GP de Portugal de 87, Nelson Piquet era o brasileiro mais bem colocado. Somava 20 triunfos na ocasião.
Surgia a maior ameaça a Prost: Ayrton Senna
Durante a dinastia Prost, o maior rival do francês começava a conquistar seu próprio território: Ayrton Senna.
Senna foi o segundo a bater marca de Stewart
O brasileiro foi o segundo piloto a passar Stewart. Isso ocorreu em Interlagos, em 1991, na sua vitória de número 28.
Senna ameaçava Prost, mas o francês administrava a liderança
Na ocasião, o ranking de vitórias tinha Prost com 44, Senna com 28 e Stewart com 27. Piquet acumulava 22 e Mansell 16.
Nigel Mansell também superou marca de Stewart
O terceiro piloto a deixar Stewart para trás foi Mansell. O britânico conseguiu a vitória 28 diante da sua torcida, em Silverstone, 1992.
Poucos imaginavam onde Schumacher chegaria
Meses mais tarde, ainda em 1992, um jovem promissor e que disputaria o Reinado das Pistas vencia sua primeira prova. Em Spa, Michael Schumacher terminou em primeiro.
Alain Prost se aposenta como Rei
A temporada 1993 foi a última de Prost no grid. E foi a chance que ele teve de ampliar a hegemonia que criou. Fechou sua marca com 51 vitórias, uma delas obtida em Hockenheim.
Senna ameaçava destronar Prost
Aquele temporada terminou com Ayrton Senna somando 41 vitórias. Era o candidato mais provável a roubar o trono de Prost.
Em 1994, Senna poderia ter subido ao trono da F1
Infelizmente, o brasileiro não pôde quebrar o recorde do rival Prost. No dia 1º de maio, em Imola, faleceu após acidente na curva Tamburello.
Caminho para o trono estava livre para Schumacher
Sem Prost e Senna, a Fórmula 1 via o início da construção do maior "Império" da categoria. Schumacher consolidava-se como o maior da sua geração.
Em 2001, em Budapeste, o alemão igualou a marca de Prost
A partir de 2000, Schumacher e Ferrari estabeleceram nova dinastia na categoria. O alemão igualou Prost em títulos e vitórias na mesma corrida.
O novo imperador chega ao Trono
A supremacia de Schumi aconteceu em Spa, no mesmo ano. O alemão alcançou o recorde de 52 vitórias na mesma pista que estreou e venceu pela primeira vez na carreira.
Schumacher comemora sua vitória número 91
Após alcançar incríveis 7 títulos, Schumacher estabeleceu o novo "sarrafo" para as próximas gerações em 91 vitórias, marca considerada impossível de ser repetida.
Fernando Alonso bateu Schumacher em 2005 e 2006
Assim que Schumacher se aposentou, uma nova geração começou a ganhar força. Fernando Alonso foi aquele que interrompeu a hegemonia de títulos (2005 e 2006).
Lewis Hamilton chegou com tudo na F1
Lewis Hamilton estreou no grid em 2007. Brigou pelo título já no ano de estreia. Foi campeão na temporada seguinte.
Outro postulante ao trono surgia em 2007
Também em 2007, Sebastian Vettel fez sua primeira corrida, ainda pela BMW. No ano seguinte, estrearia como piloto regular pela Toro Rosso.
Alonso foi grande, mas não chegou nem perto do trono
Alonso alcançou menos do que se esperava. Terminou a carreira no ano passado com 32 vitórias, uma a mais que Mansell, 9 a menos que Senna.
Vettel chegou a ser visto como grande ameaça
Vettel, pelos anos dominantes de Red Bull, parecia ser aquele que "caçaria" o compatriota Schumacher. Após o seu tetracampeonato, aos 26 anos, já tinha 39 vitórias.
Mas hoje a tarefa parece mais difícil para o alemão
Mas na Ferrari reduziu o ritmo. Somou mais 13 conquistas, chegando a 52 triunfos, um a mais que Alain Prost.
Aos poucos, Hamilton se estabeleceu ao redor do trono
Enquanto Vettel sofre na Ferrari, Hamilton sobra na Mercedes. Antes de seguir para a escuderia alemã, o inglês já acumulava 21 vitórias.
Um novo rei na F1?
Com a Mercedes, já foram quatro títulos, com mais 60 vitórias, totalizando 81.
Trono na mira
O inglês está 10 vitórias atrás de Schumacher. Se conseguir manter a média de vitórias por ano, alcançará o alemão em 2020.
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