Interferências de Sulayem podem levar ao rompimento entre F1 e FIA, diz BBC

Episódio da investigação da família Wolff representa novo ponto de tensão entre as entidades

Mohammed bin Sulayem, presidente da FIA, e Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1, no grid

Não é de hoje que a tensão entre a Fórmula 1 / Liberty Media e a FIA vem ganhando destaque no noticiário. Desde que Mohammed ben Sulayem assumiu a presidência, no final de 2021, o paddock da principal categoria do automobilismo mundial foi palco de diversos embates entre as duas entidades e, segundo uma reportagem da BBC, essa guerra pode chegar a um ponto irreparável.

Em meio às notícias sobre a investigação que a FIA vai conduzir em torno de Toto e Susie Wolff, sobre o conflito de interesses envolvendo a posição da ex-piloto dentro da Liberty Media, como diretora da F1 Academy, a publicação da emissora britânica atenta para um fato preocupante.

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De acordo com a reportagem do jornalista Andrew Benson, a BBC apurou durante a final da temporada 2023, em Abu Dhabi no último mês, que, caso Sulayem siga atuando desta forma, interferindo diretamente em questões que fogem da alçada da FIA, a Liberty Media pode perder a paciência e romper com a Federação.

O modelo de gerenciamento da F1 determina que a Liberty Media, como detentora dos direitos comerciais, lida com os contratos de pista, transmissão, publicidade, entrega de produtos e fornecimento de infraestrutura para os GPs. Já a FIA fica com a questão regulatória e desportiva, emitindo licenças e batendo o martelo em tópicos como calendários e regulamentos.

Porém, desde que Sulayem assumiu o cargo, substituindo Jean Todt, essa divisão de funções parece ter se tornado mais turva. Isso fica claro no episódio da Andretti: enquanto a FIA é publicamente a favor da entrada de uma 11ª equipe, a Liberty é veementemente contra. Não a toa hoje o time americano tem a liberação apenas da FIA para integrar o grid, enquanto busca um acordo com a FOM.

Essa disputa parecia ter atingido seu ápice no começo de 2023. Na época, rumores apontavam para a venda da F1 para um grupo de investidores sauditas, algo que posteriormente foi negado pela Liberty Media. Sulayem teria tentado se envolver diretamente no assunto para evitar a venda, inclusive questionando o valor que o esporte valeria segundo as especulações: 20 bilhões de dólares.

A atitude de Sulayem enfureceu a Liberty Media, que enviou uma carta aberta ao presidente criticando suas ações.

Posteriormente, Sulayem pediu desculpas e afirmou que não se envolveria mais diretamente com questões da F1, algo que claramente não se concretizou nos meses seguintes. Fontes ouvidas pela BBC apontam outros momentos de interferência do dirigente no esporte como a investigação em cima de Wolff e Frédéric Vasseur por xingamentos no GP de Las Vegas e a de Lewis Hamilton no GP do Catar.

O caso de Toto e Susie traz novamente essa tensão à tona, com o comunicado da F1 dizendo: "Ressaltamos que o comunicado público feito pela FIA esta noite não foi compartilhado conosco de antemão". A nota segue: "Alertamos qualquer um contra alegações sérias e imprudentes sem provas".

Em meio a uma situação que não era das melhores, esta investigação pode levar ao rompimento definitivo entre as entidades já que, pela primeira vez, ela envolve diretamente a Liberty Media. Caso a FIA decida que há conflito de interesses, ela pode punir a promotora da F1, o que pode levar a um dano irreparável no relacionamento.

 

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