Nasr fala de desilusão com F1: “não se prioriza mais talento”
No IMSA em 2018, brasiliense de 25 anos fala de favorecimento a Ericsson na Sauber e pensa em reconstruir a carreira nos EUA
Depois de ficar sem vaga na Fórmula 1 para a temporada de 2017 no final do ano em 2016, Felipe Nasr viu as portas fechadas na maior parte dos campeonatos, que já haviam decidido seus pilotos, e foi forçado a ficar um ano sem competir.
Desiludido após pontuar em suas duas temporadas na Fórmula 1 com um carro pouco competitivo, o brasileiro confessou ao Motorsport.com que a pouca importância que a qualidade de um piloto representa na Fórmula 1 hoje em dia o decepcionou.
“O que mais me desapontou foi que o mundo da Fórmula 1 hoje não prioriza mais o talento. Isso está claro”, disse em entrevista ao Motorsport.com.
“Posso citar o meu caso e o de outros que eu já vi. Eu tive bons resultados nos meus dois anos lá, com um carro que não era lá essas coisas, com um time que vinha em decadência e sem dinheiro.”
“E, mesmo assim, ponto na F1 é dinheiro. Tanto é que eles conseguiram com os meus pontos aqui no Brasil (em 2016, nono lugar)) – que foi uma das minhas melhores corridas na F1 – seguir bem em 2017. Aquilo deu a eles 40 milhões de euros. Não vejo um patrocínio que pague um valor desse.”
“Infelizmente o que me desapontou foi a F1 mostrar este lado de que a prioridade não é ter pilotos talentosos nos seus carros. Existem pilotos bons, mas 80% do grid hoje vem com o apoio financeiro do próprio país. E, se você ligar isso a situação atual do nosso país, não é favorável. Eu saí consciente, fiz o meu trabalho. Sou grato pela oportunidade e soube aproveitar meu tempo na F1. E, mesmo tendo ficado um ano sem correr, voltei em Daytona lutando pela vitória. Não saí por falta de competência.”
Questionado sobre os rumores que existiam durante o ano de 2016, de que a Sauber favorecia Marcus Ericsson, Nasr chamou atenção para o fato de estrutura do time ser mais próxima do sueco.
“É muito simples”, destacou.
“Se você prestar atenção, a Sauber é uma equipe suíça, mas é controla e financiada por outro grupo (Longbow Finance). Internamente, isso foi muito difícil. Eu nunca tive que dar desculpa para nada, mas realmente quem bancava as corridas era esse pessoal – equipamento, viagens e logística.”
“Quem pagava tudo era o pessoal da carreira do Ericsson, então é isso que mantém ele lá. Acho que isso já diz muita coisa.”
Reconstruindo a carreira nos EUA após ser contratado pela equipe Action Express no IMSA, Nasr não descarta uma ida para a Indy em um futuro próximo. “Tenho ainda vontades de acelerar um Fórmula Indy, um Fórmula E – uma categoria que cresce muito. Mas, por já estar nos EUA, por que não? Um teste seria o próximo passo”.
Acordo McLaren/Petrobras o surpreendeu
Para o brasiliense, a notícia de que a Petrobras e a McLaren fariam uma parceria tecnológica na Fórmula 1 a partir deste ano foi um choque. Nasr vê com bons olhos o fato de uma presa do Brasil se interessar na vitrine da Fórmula 1, mas não entende por que não há pilotos envolvidos no projeto.
“Primeiramente, acho bom que uma empresa brasileira ainda acredite no produto da Fórmula 1”, disse Nasr.
“É legal que alguém acredite que a F1 é uma vitrine para desenvolver tecnologia e tudo. É bom ter uma empresa brasileira com este alvo e esta referência. Porém, fiquei surpreso de a marca não estar com nenhum brasileiro vinculado.”
“Não estou falando que deveria ser eu. Eu acho que qualquer. Você tem posições nas equipes que você juntamente com a parceria, poderia ter incluído um piloto brasileiro. Com marca lá, isso abre a porta. Um piloto de teste, desenvolvimento ou simuladores. É a minha opinião.”
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