O que se sabe sobre o estado de saúde de Schumacher 10 anos após o acidente?
Com ‘blindagem’ da família, condição real do heptacampeão segue sendo um mistério
Neste 29 de dezembro de 2023 completam-se dez anos do grave acidente sofrido pelo heptacampeão da Fórmula 1 Michael Schumacher. E mesmo uma década depois, o que realmente sabemos sobre o estado de saúde do alemão?
Schumacher esquiava nos Alpes franceses em uma viagem com a família quando caiu e bateu com a cabeça em uma pedra. O alemão foi rapidamente levado ao hospital mas, devido à seriedade do trauma, acabou ficando com sequelas que o afetam até hoje.
Porém, desde os primeiros dias após o acidente, a família de Michael colocou uma verdadeira blindagem sobre o heptacampeão e, por isso, pouco sabemos sobre sua real condição. Ao longo dos anos, os fãs tiveram acesso a poucas ‘espiadas atrás da cortina’, graças à família e às pessoas que podem visita-lo. Porém, essas informações acabam sendo, na maioria das vezes, vagas.
Levado rapidamente ao hospital, Michael ficou em coma por 250 dias, passando por duas operações para remover coágulos de seu cérebro e, segundo médicos, se não fosse pelo capacete, ele não teria resistido ao impacto. Após confirmar a retirada do heptacampeão do coma, as informações se tornaram mais esparsas.
Após os primeiros meses, Sabine Kehm, assessora de Michael, disse que ele começava a exibir “momentos de consciência e de despertar”. Já fora do coma, a família decidiu que sua “longa fase de reabilitação” viria com a transferência de Michael de Grenoble para o Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça, segundo o boletim médico de junho de 2014.
Porém, apenas três meses depois, o alemão estava instalado em sua casa no Lago de Genebra, que foi transformada em um mini-hospital para atender às suas necessidades.
Passaram-se mais nove meses antes que Kehm divulgasse um novo boletim de Schumacher, afirmando que sua condição estava melhorando, “considerando a severidade da lesão que ele teve”. Em 2018, Corinna deu uma breve atualização sobre Schumacher, afirmando que o alemão “é um lutador e que não iria desistir”.
No ano seguinte, Schumacher foi levado para o Hospital Georges-Pompidou em Paris, para o que foi chamado pela equipe de comunicação do hospital de um “tratamento secreto”. Segundo informações publicadas pelo jornal Le Parisien, ele esteve na capital francesa por causa do Dr. Philippe Menasche, referência nas pesquisas com célula-tronco.
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Corinna Schumacher and Gina-Maria Schumacher celebrating the F2 win of Mick Schumacher
Após dois anos, em 2021, o público teve acesso a novas informações oficiais sobre Michael. No lançamento do documentário da Netflix sobre Schumacher, Corinna falou sobre o momento vivido por ele e a família.
“É claro que sinto falta de Michael todos os dias. Não apenas eu: os filhos, a família, o pai, todos ao seu redor. Mas ele está aqui. Diferente, mas está aqui e isso nos dá força. Estamos tentando continuar do jeito que Michael gostava, e ainda gosta, e seguindo com nossas vidas. ‘Privado é privado’, ele sempre dizia”.
“Moramos juntos em casa, fazemos terapia, e tudo o que podemos para torna-lo melhor, e nos certificamos de que ele se sinta confortável e simplesmente sinta nossa família, nosso vínculo. Não importa o que aconteça, farei tudo o que puder. Todos nós iremos. Michael sempre nos protegeu, agora estamos protegendo Michael”.
Seu filho Mick também falou sobre a ausência do pai no documentário.
“Desde o acidente, essas experiências, esses momentos que acredito que muitas pessoas têm com seus pais, não acontecem mais. Nem em menor grau. E, na minha opinião, isso é um pouco injusto”.
“Acho que eu e meu pai nos entenderíamos de uma maneira diferente agora, simplesmente porque falamos uma linguagem parecida, a linguagem do automobilismo. Teríamos mais para conversar. É onde está minha cabeça agora. Na maior parte do tempo pensando que seria tão legal se isso acontecesse. Eu abriria mão de tudo isso”.
Em entrevista ao Legal Tribute Online em outubro deste ano, o advogado da família, Felix Damm, explicou os motivos por trás do silêncio sobre a condição de Michael.
“Sempre se tratou de proteger assuntos particulares. Claro que tivemos discussões sobre como isso poderia acontecer. Então, também consideramos se um relatório final sobre o estado de saúde de Michael seria a maneira correta de fazer isso. Mas isso não teria sido tudo, e teríamos de haver ‘boletins instáveis’, constantemente atualizados”.
Segundo informações recentes da imprensa alemã, Michael recebe tratamento 24 horas por uma equipe de 15 pessoas. Como forma de reabilitação, para estimular seu cérebro, o alemão já deu voltas em um carro de rua da Mercedes e escuta barulhos de carros de F1.
Mas, nem tudo que foi publicado ao longo dos anos teve tom positivo. Recentemente, a família de Michael se viu no centro de uma grande polêmica após a revista alemã Die Aktuelle divulgar uma edição com o piloto sorrindo na capa acompanhado da legenda: “A primeira entrevista”. A matéria dizia que, na verdade, era uma produção realizada com ajuda de inteligência artificial. Após as diversas críticas que a publicação recebeu, a editora-chefe foi demitida.
Este, infelizmente, foi apenas um entre vários casos de fake news e rumores infundados que a família precisou lidar ao longo dos anos. Especialmente na primeira fase, haviam muitas especulações sobre sua condição, de que havia perdido a habilidade de andar, de falar e inclusive que havia morrido.
Fora da família, a maior fonte de informações sobre Schumacher é Jean Todt. O ex-chefe da Ferrari e ex-presidente da FIA revelou ao longo dos anos que tenta visitar o alemão duas vezes por mês e que frequentemente assiste aos GPs de F1 com o heptacampeão.
Em uma entrevista recente ao jornal francês L’Équipe, Todt disse: “Michael está aqui, então não sinto falta dele”.
“[Mas ele] simplesmente não é o Michael que costumava ser. Ele está diferente e é maravilhosamente guiado pela esposa e pelos filhos que o protegem. A vida dele agora é diferente e tenho o privilégio de compartilhar momentos com ele. Isso é tudo há para dizer. Infelizmente, o destino o atingiu há dez anos. Ele não é mais o Michael que conhecíamos na F1”.
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