F1: McLaren admite 'temor' por repetição de 2007, mas defende Piastri e Norris livres para disputar o título
"É claro que reconhecemos que incidentes aconteceram e acontecerão novamente. O que importa é o quanto você está preparado para esses momentos", diz o CEO Zak Brown

A última batalha entre Lando Norris e Oscar Piastri na Hungria mostra que a McLaren não vai 'jogar pelo seguro' na corrida pelo título da Fórmula 1.
Depois de perder terreno na largada, Norris teve a liberdade de adotar uma estratégia ambiciosa de uma parada, que acabou sendo a jogada vencedora da corrida. Uma semana antes, os papéis se inverteram em Spa, quando a decisão de Norris de usar um composto de pneu mais duro não valeu a pena.
Mas a mensagem para os dois lados da garagem da McLaren é clara: adote a estratégia que você achar melhor. Não para garantir uma vitória fácil em dobradinha, mas para vencer a corrida.
É uma abordagem que é inerentemente arriscada e que pode muito bem custar caro no futuro. No passado, a McLaren aprendeu isso da maneira mais difícil, quando Fernando Alonso e Lewis Hamilton ficaram frente a frente em 2007, e a briga entre eles se espalhou e deixou a porta aberta para Kimi Raikkonen, da Ferrari, entrar em cena e conquistar o campeonato mundial.
Alguns argumentarão que a McLaren tem a vida facilitada e que seu carro é tão melhor e mais consistente do que o da concorrência que a equipe pode se dar ao luxo de seus pilotos correrem livremente entre si.
"Sabemos do risco de não apoiar um único piloto, mas daremos a Oscar e Lando oportunidades iguais de lutar na pista para vencer o campeonato mundial de pilotos", disse Zak Brown, CEO da McLaren. "Isso é empolgante para nós e para o esporte."
Mas deixar seus pilotos correrem não é apenas uma manobra para obter publicidade. Há também razões internas pelas quais isso beneficiará a McLaren a longo prazo, já que ter dois 'números um' iguais evitará que Norris ou Piastri fiquem desiludidos com suas oportunidades na equipe.

Lando Norris, McLaren, Oscar Piastri, McLaren
Foto de: Guido De Bortoli
Eles sabem que, em dezembro, o melhor homem levará para casa o primeiro título mundial, e que o placar será zerado novamente em março.
"Acreditamos que os benefícios de correr dessa forma superam em muito as consequências, apesar do fato de sabermos que podem ocorrer incidentes", acrescentou Brown.
O chefe da equipe, Andrea Stella, concorda com Brown, alertando que a abordagem da McLaren não "simplificou nem a minha vida nem a de Zak".
"Estamos correndo de uma maneira que é aberta e dá aos nossos pilotos a oportunidade de expressar seus talentos, suas aspirações, sua qualidade, seu desenvolvimento constante", disse Stella.
"É para isso que estamos aqui, e somos muito privilegiados por estarmos nessa posição. Não apenas com a equipe que temos, mas com Oscar e Lando, que são dois grandes pilotos, e, acima de tudo, dois grandes indivíduos."
A McLaren "não é ingênua" em relação a outros incidentes
Essa abordagem só funciona quando você tem dois pilotos que se encaixam no molde. Com Norris e Piastri, a McLaren tem dois pilotos que até agora jogaram o jogo da equipe.

Lando Norris, McLaren
Foto de: James Sutton / Motorsport Images via Getty Images
Houve um pouco de resistência quando Norris foi solicitado a deixar Piastri retomar a liderança na Hungria no ano passado, mas as regras da McLaren - chamadas de "regras papaia" - foram pacificadas depois que Piastri fez uma investida arriscada sobre Norris na Curva 3 em Monza-2024, o que fez com que seu companheiro de equipe perdesse uma posição para Charles Leclerc.
No entanto, fora o acidente desastrado no Canadá, no qual Norris foi o culpado, os dois pilotos provaram que são confiáveis, e é por isso que a equipe não sentiu a necessidade de rever o 'código de conduta'. É também por isso que Brown acha que tem os dois pilotos certos para evitar qualquer repetição de 2007.
"Quando se trata de lutar por um título mundial entre companheiros, todos têm uma perspectiva diferente - e algumas pessoas podem ser críticas - por isso é importante que eu esclareça algumas coisas. Em primeiro lugar, eu já disse isso antes, mas realmente acredito que temos a melhor dupla de pilotos da F1 e não a trocaria por nenhuma outra."
"Em segundo lugar, quando você tem dois pilotos disputando o campeonato mundial, há naturalmente muita empolgação - e nós compartilhamos essa empolgação. Não há nada que gostemos mais do que ver esses caras lutando. Portanto, que vença o melhor".
O fato de o erro de Norris em Montreal ter sido o único incidente dentro da equipe até agora é louvável. Mas com 10 GPs pela frente e apenas nove pontos separando os dois, a parte difícil para a McLaren ainda nem começou. O verdadeiro teste ainda está por vir, à medida que a batalha pelo título for se desenrolando.
Brown está preparado para mais 'fogo amigo', mas diz que a maneira como Norris assumiu seu erro no Canadá o deixa otimista de que outros incidentes não derrubarão a casa que ele e Stella construíram.
"Não sou ingênuo", disse Brown. "A adrenalina e a pressão aumentarão, mas a equipe continuará a trabalhar em harmonia e a administrar as situações à medida que elas surgirem".
"É claro que reconhecemos que incidentes aconteceram e acontecerão novamente. O que importa é o quanto você está preparado para esses momentos e como você lida com eles. Acho que Montreal foi um exemplo brilhante de como todos lidaram bem com a situação", completou o dirigente norte-americano.
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