Por que o reabastecimento foi proibido na F1? Entenda a história e relembre acidentes impressionantes
Existe chance do reabastecimento volta à F1 no futuro?
Por muitos anos, o reabastecimento foi uma parte importante dos GPs de Fórmula 1, permitindo que as equipes corressem com carros mais leves, que os tornavam mais rápidos que os rivais. Porém, em 2010, a FIA baniu o reabastecimento de vez, fazendo com que os times adaptassem seus carros para correrem com tanques cheios de combustível.
O reabastecimento como estratégia foi parte do campeonato entre idas e vindas desde 1950, mas vários incidentes notáveis aconteceram ao longo dos anos. Então, por que o reabastecimento foi banido durante as corridas?
Aqui está o motivo:
Por que os carros de F1 não são reabastecidos durante as corridas?
O reabastecimento nas corridas de F1 está banido desde 2010. Isso significa que os carros devem ter uma quantidade adequada de combustível em seus tanques antes do começo de cada GP para garantir que eles possam terminar a corrida.
Agora os carros podem ter até 110kg de combustível no começo da corrida e, ao final dela, as equipes são obrigadas a terem 1 litro no tanque para análise da FIA, sob pena de desclassificação. Em 2022, Sebastian Vettel perdeu o segundo lugar no GP da Hungria após não conseguir entregar essa amostra para a FIA.
Por que o reabastecimento foi banido na F1?
A FIA baniu o reabastecimento nas corridas em 2010 após preocupações de segurança com os pilotos. Antes teria sido impossível implementar essa regra porque os tanques de combustível eram pequenos demais. Em 2010, as regras foram alteradas, permitindo que os carros fossem 22cm maiores para comportarem um tanque adequado.
As equipes passaram a ter que considerar o gerenciamento de combustível em sua estratégia, para tirarem a melhor performance dos carros. Antes da proibição do reabastecimento, fomos testemunhas de vários incidentes nas paradas.
Outro motivo por trás da proibição era o corte de custos. Era caro para a FIA mover equipamentos pesados de reabastecimento pelo mundo a cada GP. Agora, os carros são abastecidos previamente antes da corrida com combustível suficiente para garantir que eles cruzem a linha de chegada.
Photo by: Motorsport Images
Houve acidentes com reabastecimento na F1?
Em múltiplas ocasiões, respingos do combustível faziam com que os carros ficassem em chamas, com os pilotos sofrendo queimaduras. Em 2009, Kimi Raikkonen sofreu queimaduras de primeiro grau após um incêndio causado pela McLaren de Heikki Kovalainen durante uma parada no GP do Brasil.
No GP da Alemanha de 1994, Jos Verstappen, pai de Max Verstappen, sofreu queimaduras em uma parada após a mangueira de combustível derramar o líquido no carro e em Jos, fazendo com que o carro pegasse foco, engolindo Verstappen e alguns mecânicos nas chamas.
Verstappen lembra do acidente (foto acima) dizendo: "Lembro de entrar para o que seria uma parada normal. Sentado no carro, eu sempre abria minha viseira, porque quando estava parado, eu suava muito. Então quando parei, abri o capacete em busca de ar fresco".
"Aí vi o fluido vindo. Isso foi antes de conseguir cheirar qualquer coisa, e é por isso que estava mexendo meu braço. Aí tudo pegou fogo, as coisas ficaram escuras, pretas, e eu não conseguia respirar. É uma situação na qual você não pensa: você só consegue se concentrar em sair".
"Foi uma luta para tirar o volante, isso levou alguns segundos. Então eu tive que soltar o cinto de segurança. Haviam muitas coisas a serem feitas antes que eu pudesse levantar e entender o que havia acontecido".
Quais as chances do reabastecimento voltar à F1?
As chances são bem pequenas, devido às preocupações com segurança e custos. Em 2019, Romain Grosjean, então piloto da Haas, revelou que gostaria de ver isso de volta para ajudar na performance dos pneus.
"Sim, gostaríamos", disse. "Não porque achamos que é ótimo para a corrida, mas porque precisamos reduzir o peso do carro para ajudar a Pirelli. É algo temporário que tornaria o carro 60 ou 70kg mais leve. É uma das razões pela qual o carro superaquece demais".
Lewis Hamilton também sente que seria uma boa saída, tendo dito em 2022 que isso compensaria o aumento no peso dos carros e o impacto nos pneus.
Como os carros são reabastecidos hoje?
Os carros são completamente reabastecidos antes de uma corrida para garantir que eles cruzem a linha de chegada. Porém, se um carro precisa ser reabastecido na classificação, ele precisa ser trazido de volta à garagem.
O reabastecimento pode impactar muito a estratégia de uma equipe, com os estrategistas podendo decidir reabastecer os carros apenas o suficiente para uma volta rápida, fazendo suas marcas com menos peso. Isso pode impactar o resultado, caso o piloto tenha a volta deletada ou ele seja atrapalhado por algum rival, sem ter combustível para outra tentativa.
Photo by: Andy Hone / Motorsport Images
Maintenance sign denoting that a car is fuelled in the Haas F1 garage
Como funcionam os tanques de combustível na F1?
Eles têm um formato diferente daqueles de um carro de rua, sendo desenvolvido especificamente para serem flexíveis e indestrutíveis. O tanque não é na verdade uma caixa, sendo mais como uma bexiga colocada no carro e inflada como um balão.
Ele fica posicionado atrás do piloto e diretamente à frente do motor. Por motivos aerodinâmicos, ele precisa ser o menor possível, mas deve cumprir as normas da FIA, com largura máxima de 800mm.
A história do reabastecimento na F1
Juan Manuel Fangio foi um dos primeiros a tentar um reabastecimento no meio da corrida por razões estratégicas, se recuperando o suficiente para vencer o GP da Alemanha em 1957. Apesar disso, não se tornou um hábito no esporte por mais de 20 anos.
Ele começou de fato na F1 em 1982, quando Gordon Murray, da Brabham descobriu que os carros poderiam ser mais rápidos quando começavam as corridas com apenas meio tanque de combustível. O designer da equipe calculou uma parada de reabastecimento no meio da prova para fazer com que o carro fosse mais leve e mais rápido que o resto do grid.
A FISA, hoje FIA, baniu o reabastecimento em 1984 por segurança mas, 10 anos depois, voltou na era de domínio da Williams. Na primeira corrida do retorno, Michael Schumacher pôde usar o reabastecimento para obter uma vantagem em cima de Ayrton Senna, tendo o carro mais leve e rápido.
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