Fórmula 1 GP do Catar

Quando serão aplicadas as novas regras da F1? Pilotos e categoria têm previsões diferentes

Representados por George Russell, presidente da GPDA, competidores esperavam mudanças na abordagem de lutas em pista já em 2024, mas devem ficar para 2025

Max Verstappen, Red Bull Racing RB20, Lando Norris, McLaren MCL38, battle into turn 1

Mudanças pontuais nas diretrizes de corrida eram esperadas após uma reunião de oficiais e pilotos da Fórmula 1 no GP do Catar de 2024, mas, ao que tudo indica, a preferência da FIA agora é esperar até o ano que vem. Conforme apurou o Motorsport.com, ainda há pontos a serem revisados no que se refere às batalhas de pilotos na pista, ponto de discussão desde o GP dos Estados Unidos.

A entidade se comprometeu a reavaliar o documento "Diretrizes de Padrões de Condução" que informa as decisões dos comissários sobre movimentos de corrida controversos desde o polêmico confronto entre Max Verstappen e Lando Norris na etapa de Austin. Em uma reunião na rodada seguinte, no GP do México, a FIA prometeu trazer atualizações do que faria em Losail.

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Após encontro de uma hora no final do dia de entrevistas com a imprensa na última quinta-feira (28), o piloto da Mercedes e presidente da Associação de Pilotos de GP (GPDA), George Russell, sugeriu que a única mudança proposta para já dizia respeito a uma linha de regulamentação que diz que o piloto de dentro precisa deixar espaço para o de fora do ponto de tangência até a saída.

Segundo ele, essa diretriz deve ser descartada, e ele esperava que fosse a partir do fim de semana do GP do Catar em diante. No entanto, o Motorsport.com apurou que, dado o escopo de ideias discutidas na quinta-feira, a FIA segue na fase de avaliação das regras, para levar em conta os feedbacks mais recente dos pilotos.

É certo de que a regulamentação a respeito do que um piloto atacando por dentro pode fazer em relação a deixar um espaço por fora será alterada, mas fontes da FIA indicam que ainda há revisões adicionais nas novas regras planejadas.

Batalha entre Norris e Verstappen no GP dos Estados Unidos desencadeou uma série de debates entre os pilotos e a FIA.

Batalha entre Norris e Verstappen no GP dos Estados Unidos desencadeou uma série de debates entre os pilotos e a FIA.

Foto de: Sam Bagnall / Motorsport Images

Circuitos 'problemáticos' em foco para novas regras

Da perspectiva dos pilotos, eles voltaram o foco para circuitos específicos, como Austin, que tem grandes áreas de escape. Isso significa que, nessas pistas, podem ser implantadas táticas muito agressivas, já que não há um limite rígido para punir os competidores, como é em autódromos com muita brita.

Este ano, a FIA melhorou algumas dessas curvas problemáticas instalando pequenas faixas de cascalho — que podem ser removíveis para o caso de circuitos que também hospedam corridas da MotoGP, como o Red Bull Ring, na Áustria — e um uso mais amplo deste sistema está agora sob consideração.

Ao mesmo tempo, continua sendo possível que a brecha nas diretrizes que Verstappen vem explorando — ao atacar novamente ao ser ultrapassado para garantir que suas rodas estejam à frente no ponto de tangência, fator crítico na forma como as normas são escritas atualmente — será modificada e fechada para a temporada de 2025.

Mesmo com as expectativas de mudanças pontuais, a possibilidade de nada fosse alterado antes da conclusão do mundial de 2024 foi considerada possível no México com base em como a FIA apresentou isso como um esforço colaborativo com os pilotos.

Dado que resta apenas uma rodada antes do término do campeonato, o Motorsport.com apurou que o cenário é de prudência, assim implementando a revisão somente no início do campeonato de 2025, em uma temporada totalmente nova.

Presidente da Associação de Pilotos de GP (GPDA), George Russell tinha expectativa de mudanças nas diretrizes já em 2024.

Presidente da Associação de Pilotos de GP (GPDA), George Russell tinha expectativa de mudanças nas diretrizes já em 2024.

Foto de: Sam Bloxham / Motorsport Images

Comissários se dizem de cabeça aberta a sugestões de pilotos

Garry Connelly, presidente dos comissários de F1, destacou a natureza unida da reunião do Catar em uma declaração da FIA fornecida ao Motorsport.com. Isso segue uma indagação de Russell e Norris no México de que apenas Verstappen se opôs à necessidade de mudar as diretrizes, algo que o holandês negou firmemente na quinta-feira.

"Como comissários, se os pilotos, as equipes e a FIA concordarem que querem regras ou diretrizes para permitir uma direção mais agressiva, aplicaremos essas regras ou diretrizes", disse Connelly, também abrindo espaço para o contrário. "Da mesma forma, se eles quiserem padrões de direção mais rigorosos, aplicaremos esses.

"As diretrizes fazem parte de um documento. Então, todos os anos, nos reunimos com os pilotos, diretores esportivos e representantes da FIA para ver se precisamos ajustá-las para usar a experiência dos últimos 12 meses e ver quais melhorias podemos fazer para garantir a consistência", continuou, revelando em seguida que a reunião do Catar foi a "mais produtiva" até então.

"Os pilotos foram fantásticos com suas contribuições, muito construtivas", pontuou Connelly. "Não houve um único comentário negativo, nenhuma acusação. "Foi muito inspirador ver os melhores do mundo se comunicando claramente e falando construtivamente sobre como melhorar as regras para benefício deles e para tornar nosso trabalho mais fácil".

Verstappen e Norris colecionaram embates na pista em 2024.

Verstappen e Norris colecionaram embates na pista em 2024.

Foto de: Mark Sutton

"Não estamos contra eles"

Analisando os vários duelos entre Verstappen e Norris ao longo da temporada de 2024, bem como relembrando a conversa tóxica nas redes sociais no histórico campeonato de 2021, Connelly deu um recado aos fãs da F1 de que, como comissários, não querem "frustrar os pilotos". "Estamos aqui para fornecer um jogo nivelado", ressaltou.

"Não somos nós contra os pilotos, são eles contra eles (na pista) e estamos aqui para garantir que todos tenham oportunidade justa. A porta da sala dos comissários está sempre aberta para qualquer um que queira vir e falar conosco sobre uma decisão que foi tomada em relação a eles ou a qualquer outro", continuou, elogiando, novamente o encontro de quinta-feira: "Enfatizou a política de portas abertas".

Connelly descreveu ainda a curta história do documento DSG, introduzido pela primeira vez a pedido dos pilotos para o início da temporada de 2022, com revisões anteriores de sua redação ocorrendo no final daquele campeonato e em 2023.

Temporada de 2021, que teve batalha épica entre Verstappen e Hamilton pelo título, foi também palco de muitas discussões sobre as regras da categoria.

Temporada de 2021, que teve batalha épica entre Verstappen e Hamilton pelo título, foi também palco de muitas discussões sobre as regras da categoria.

Foto de: Zak Mauger / Motorsport Images

“Até 2017, havia muito poucos regulamentos de padrões de direção no sistema da FIA”, disse o diretor de comisários. "Eles existiam, principalmente, em um dos apêndices do Código Esportivo Internacional. Então, era muito difícil para os fiscais aplicarem as normas porque eram muito, muito simples".

“Alguns deles datam de 1954, quando o código foi formado, e não mudaram muito desde então. Então, no final de 2018, a abordagem chamada 'deixe-os correr' foi introduzida, onde adotamos um padrão mais prático e toleramos estilos de direção mais agressivos", complementou.

A temporada de 2021, no entanto, colocou esse método em xeque, quando os pilotos questionaram a falta de clareza nas decisões da FIA. “Por conta disso, um conjunto muito básico de diretrizes foi introduzido no início de 2022", relembrou Connelly. "Tivemos várias reuniões para discutir como o documento precisava ser alterado para torná-lo mais compreensível".

Red Bull Ring, na Áustria, foi um dos circuitos onde a 'solução de cascalho' foi aplicada.

Red Bull Ring, na Áustria, foi um dos circuitos onde a 'solução de cascalho' foi aplicada.

Foto de: Zak Mauger / Motorsport Images

Mais mudanças nos circuitos para 2025?

Em relação às mudanças adicionais nos circuitos e ao papel de certos layouts de curvas em movimentos ofensivos de pilotos, o diretor esportivo de monopostos da FIA, Tim Malyon, disse: "Trabalhamos continuamente com pistas para evoluir de muitas maneiras diferentes".

“Obviamente, estamos continuamente trabalhando no aspecto de segurança dos autódromos, mas o que essa reunião destacou é que há uma série de considerações no lado esportivo que podemos priorizar daqui para frente", acrescentou, citando, por exemplo, as novas faixas de brita, solução bem recebida pelos pilotos.

"Foi muito útil na reunião de quinta-feira obter a percepção deles e ver como eles priorizam o conceito de mais cascalho, não apenas para limites de pista, mas também para gerenciar algumas das situações que surgiram com ultrapassagens durante o curso das últimas corridas. No geral, houve um compromisso de trabalhar juntos para encontrar soluções que funcionem para todos", concluiu Maylon.

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Alex Kalinauckas
Fórmula 1
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