Red Bull explica onde FIA e F1 "falharam" no regulamento de 2026
Diretor técnico da equipe austríaca não se opõe à adesão da aerodinâmica ativa, mas vê isso como remendo para consertar falha original
O regulamento atual da Fórmula 1 seguirá mais ou menos estável pelos próximos dois anos em preparação para a revolução de 2026, quando veremos novos motores e chassi, que devem mudar por completo as regras do jogo. Mas, em meio à críticas ao novo modelo, a Red Bull reconhece que já é tarde demais para fazer mudanças, detalhando onde vê "falhas" por parte da FIA e da F1.
Quanto aos motores, o percentual de potência elétrica subirá para 50%, em pé de igualdade com o motor de combustão interna, enquanto o MGU-H desaparecerá e o combustível será 100% sustentável. A potência total será inferior em comparação ao modelo atual, mas isso causará também uma redução significativa da resistência aerodinâmica, buscando manter um rendimento similar ao de um F1 atual.
Essas mudanças ainda não convenceram a todos, como o tricampeão Max Verstappen, que disse ao Motorsport.com na Áustria que não estava muito feliz com os novos planos.
Aerodinâmica ativa não pode ser um 'remendo' para a F1 em 2026
O holandês disse em 2023 que a redução das marchas em retas como a de Monza era uma ameaça séria dos futuros carros por causa da falta de potência provocada pelas mudanças no regulamento. Para evitar algo do tipo, foi necessário reduzir consideravelmente a resistência aerodinâmica dos carros, e a FIA, junto com a F1, consideram aumentar o uso da aerodinâmica ativa nas asas dianteira e traseira.
Christian Horner também advertiu que esse cenário pode ser evitado, ajustando a divisão percentual da potência do motor. Mas sua sugestão foi rebatida de forma negativa por alguns rivais.
Pierre Waché, diretor técnico da equipe, reconheceu ao Motorsport.com que já é tarde demais para uma modificação do tipo. As soluções precisam agora ser encontradas no chassi, enquanto adverte que a aerodinâmica ativa não pode servir como um 'remendo'.
"A importância da potência elétrica será muito alta em 2026, e não tem como aproveitá-la como em um carro elétrico, então a velocidade baixa muitíssimo, e a sensação não é tão boa. Digamos que, na F1, temos 350kW de energia elétrica e 400kW do motor de combustão. Se você consumir toda a parte elétrica, a potência total do motor cai quase que pela metade".
"A FIA está estudando como distribuir melhor a potência ao longo de uma volta. Além disso, a FIA está estudando as características do novo carro, para que ele tenha menos resistência aerodinâmica e mais carga aerodinâmica. Com menos carga, você consegue recuperar mais energia nas curvas, porque passa mais tempo freando. E com menos carga, você passa menos tempo nas retas".
Isso deve ser conquistado com a aero ativa, entre outras coisas. É um desenvolvimento no qual a Red Bull não se põe contra, mas defende que seja apenas uma medida provisória.
"Já usamos o DRS nas classificações como aerodinâmica ativa, enquanto o DRS na verdade não nos beneficia nas classificações. Talvez seja necessário outro elemento de aerodinâmica ativa em 2026, mas isso não me importa. O principal é que temos que olhar para o regulamento como um todo. Não podemos ir colocando remendo em cima de remendo".
"Não, primeiro temos que considerar o problema em conjunto e pensar: como podemos solucioná-lo, e que características precisamos para isso? Se perceberemos que é necessária uma solução provisória, ok. Mas esse não pode ser o ponto de partida".
FIA não criou ao mesmo tempo os regulamentos de motor e chassi
Pierre Waché e a Red Bull veem com uma grande falha o fato dos regulamentos de motores e de chassi não terem sido criados ao mesmo tempo. Em um primeiro momento, foi pensando o lado dos motores, para garantir a presença da Honda e da Audi, com o trabalho do regulamento técnico ficando para depois.
Segundo Waché, essa é uma forma equivocada de fazer as coisas: "Eles deveriam ter criado ambos os regulamentos ao mesmo tempo. Não quero culpá-los [FIA e F1] por isso, mas é o que há. Agora temos que enfrentar isso e, sobretudo, aprender para a próxima".
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