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Roteirista de "Senna" relembra primeiro triunfo do tricampeão no Brasil

Manish Pandey falou ao TotalRace porque considera a sequência da vitória em Interlagos como a melhor do documentário sobre a vida de Ayrton Senna

Largada do GP do Brasil de 1991, primeira duas duas provas vencidas por Ayrton Senna no País

No dia 21 do último mês, a primeira vitória de Ayrton Senna no Brasil completou 20 anos. Um triunfo memorável, em condições improváveis com o câmbio preso em sexta marcha nas voltas finais, com a chuva apertando e o piloto no limite de suas forças físicas.

Para relembrar aquele momento, o TotalRace conversou com exclusividade com Manish Pandey, o roteirista do premiado documentário “Senna”. O depoimento misturou as lembranças de um inglês que era grande fã do piloto com o escritor que criou uma fascinante narrativa para contar a vida do tricampeão. Confira as memórias de Pandey abaixo:

“É claro que eu me lembro muito bem desse dia. Eu ainda estudava medicina e era um grande fã dele. Senna nunca tinha vencido em casa e sempre acontecia alguma coisa que frustrante que o atrapalhava: às vezes o carro não era bom o suficiente; teve aquele acidente irritante com o (Satoru) Nakajima; antes disso teve um acidente com Berger; em 1988, o carro morreu na largada, ele teve de sair em último e acabou desclassificado... enfim, sempre dava algo errado.

Essa de 1991, para mim, é a única corrida que dá para comparar com o GP do Japão do 1988, quando ele ganhou seu primeiro título. Foi algo muito especial. No filme, não conseguimos contar toda a história da corrida, mas nem foi necessário. Ele teve o problema com o câmbio e mostramos isso, assim como a chegada da chuva.

Mas foi uma corrida ainda mais incrível do que isso. Nesta prova, Nigel Mansell, com o carro da Williams, caçou Senna por 50 voltas e nunca chegou a ficar mais de 13s atrás. No final, ele estava colocando muita pressão, a Williams tinha um carro melhor naquele dia. Mas Mansell rodou, e isso deu uma chance para Senna, já que ele ainda tinha 50s de vantagem para Patrese.

Quando editamos o filme, perguntei a Asif Kapadia (o diretor do documentário) se havia alguma maneira de ilustrar como essa diferença foi diminuindo rapidamente. Porque eu me lembro, assistindo em casa a prova ao vivo, de pensar que Senna perderia a corrida, já que Patrese chegava a descontar 6s por volta.

Foi incrível quando ele finalmente venceu. E nós não vimos na televisão aquelas cenas emocionantes dos boxes, quando ele abraça o pai, o senhor Milton, porque não tínhamos o sinal da Globo, que transmitiu a prova no Brasil.

Quando tivemos acesso aos arquivos de Bernie Ecclestone, percebemos uma coisa incrível. Naquela época, o piloto dava a entrevista unilateral em diferentes idiomas. E quem fez a entrevista em inglês foi o próprio Bernie! Ele diz para Ayrton que não tinha sido fácil, e o piloto fala dos problemas com o câmbio etc, etc.

Mas foi vendo a entrevista em português que deu para ter uma dimensão do que tinha acontecido. Porque ali ele estava falando para o seu povo, no seu idioma, exatamente o que sentia, de maneira quase incontrolável.

Lembro-me sempre de um comentário da Bianca (Senna, sobrinha de Ayrton e irmã de Bruno Senna) quando viu essa parte: 'só mesmo o meu tio para quase se matar em busca de uma vitória em uma corrida e dizer que tinha sido Deus que o fez vencer'.

Para mim, é a melhor sequência do filme, sem dúvida".

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Luis Fernando Ramos
Fórmula 1
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