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Senna ou Schumacher? Para quem viu, Fangio foi o melhor de todos os tempos

Cláudio Carsughi teve a sorte de presenciar todos os momentos marcantes da Fórmula 1. Para ele, não resta dúvida: Juan Manuel Fangio foi o melhor de todos. Saiba o porquê

Juan Manuel Fangio
Juan Manuel Fangio
Juan Manuel Fangio
Juan Manuel Fangio
Juan Manuel Fangio
1957 Maserati 250F (Juan Manuel Fangio): Lukas Huni
1957 Maserati 250F (Juan Manuel Fangio): Lukas Huni
1957 Maserati 250F (Juan Manuel Fangio): Lukas Huni
Estátua de bronze de  Juan Manuel Fangio e sua Mercedes-Benz W196
Estátua de bronze de  Juan Manuel Fangio e sua Mercedes-Benz W196
Replica da  Mercedes W196 de Juan Manuel Fangio
Flechas de prata: Troféu do GP da Argentina vencido por Juan Manuel Fangio with Mercedes-Benz in 1955
Estátua de bronze de  Juan Manuel Fangio e sua Mercedes-Benz W196

Há exatos 20 anos o mundo do automobilismo dava adeus a um de seus maiores nomes. Aos 84 anos, Juan Manuel Fangio morria por conta de uma insuficiência crônica renal. Naquele momento, o argentino detinha o recorde de títulos mundiais da Fórmula 1, cinco ao todo, marca que veio a ser batida somente por Michael Schumacher em 2003. 

Muito se discute sobre quem foi o melhor piloto de todos os tempos. Em recente pesquisa realizada pela GPDA, juntamente com o Motorsport.com, os fãs do mundo todo elegeram Ayrton Senna como o maior, seguido de Michael Schumacher e Alain Prost. Respeitando a opinião das pessoas, mas discordando classicamente, Cláudio Carsughi, jornalista italiano de 82 anos que se mudou para o Brasil nos anos 40 e que acompanhou de perto todos os títulos conquistados por Fangio, o considera o melhor piloto da história e explica o porquê:

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"Todos os pilotos que foram campeões mundiais sempre tiveram o melhor carro. O Fangio teve quatro títulos mundiais assim: um com a Alfa Romeo, dois com a Mercedes e outro com a Ferrari. Mas em 1957, seu último título, ele tinha uma Maserati muito pior que a Ferrari. Além do mais, ele não tinha como fazer um jogo de equipe, porque os pilotos que estavam correndo com ele eram de um nível inferior, em comparação aos que corriam pela Ferrari. Então, eu acho que isso fez dele o melhor, ganhar sem ter dirigido o melhor carro."

A grande corrida

Numa época em que a Fórmula 1 vivia tempos românticos, o contato com os pilotos não era tão restrito como acontece hoje. Encontros com os competidores eram comuns, inclusive no Brasil. Em uma dessas oportunidades, Fangio disse a Carsughi, dentre suas corridas, qual a que considerava que havia feito sua melhor atuação: "Houve um evento no Rio em que a Mercedes trouxe o Fangio e também o carro que ele havia sido campeão. Tive a oportunidade de ter um longo bate-papo com ele, e ele me disse que o GP da Alemanha de 1957, em Nurburgring, tinha sido a maior atuação da carreira dele."

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A corrida em que o piloto e o jornalista se referem é a que deu o pentacampeonato à Fangio. Fangio sabia que as Ferraris não fariam pit stops, então tratou de fazer uma estratégia diferente de seus concorrentes. Ele usou pneus mais macios e saiu com o tanque pela metade, ficando muito mais leve. Na metade da prova, o piloto da Maserati fez sua parada, mas não contava com tanta demora, num erro de sua equipe que se complicou na hora de trocar os pneus. Quando retornou, Fangio estava na terceira posição, 48 segundos atrás dos dois primeiros colocados. O que se viu em seguida jamais será esquecido por quem esteve no mítico circuito alemão. Quebrando o recorde da pista por nove vezes, sendo sete em sequência, o argentino conseguiu ultrapassar as duas Ferraris, sendo que a manobra final teve direito às rodas da esquerda passando por cima da grama, na penúltima volta.

 

Top-3 do "mestre"

Mas além de Fangio, quem o "mestre" Cláudio Carsughi considera os melhores, tendo a privilégio de ter visto toda a história da Fórmula 1 diante de seus olhos? "Para mim, os três melhores pilotos são Fangio, em primeiro, com Senna e Jim Clark ocupando o mesmo nível em segundo."

Mesmo divergindo, Carsughi compreende e respeita as opiniões contrárias à sua. Para ele, é natural o efeito do tempo para as pessoas. " É claro que o público que viu o Fangio é numericamente inferior àqueles que viram Senna ou Schumacher. Isso acontece não só no automobilismo, mas em todos os esportes. Daqui a 50 anos poderemos ter pessoas que achem que o Pelé não foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos, isso é absolutamente normal."

Para o jornalista, há também outro fator para que os feitos mais recentes pareçam maiores do que os do passado: "Com o passar dos anos, o impacto dos méritos foi cada vez maior. Me lembro que no começo, os jornais aqui do Brasil dedicavam um cantinho de página à F1, dando os cinco primeiros colocados em quinze linhas e só. Hoje você vê que, mesmo o Brasil não tendo mais um piloto campeão mundial, temos um espaço muito maior, com uma repercussão grande também."

Melhores médias e muito mais

Com muita ou pouca repercussão, os números de Juan Manuel Fangio continuam impressionantes. Em temporadas que não chegavam a ter uma dezena de etapas e tendo as 500 Milhas de Indianápolis, em que somente pilotos pertencentes à USAC podiam participar, Fangio ainda detém os recordes em porcentagens que nem mesmo Michael Schumacher conseguiu quebrar. Em toda sua carreira na Fórmula 1 foram 51 corridas, com 46% de vitórias, 55,77% de pole positions, 94,1% de largadas na primeira fila, 68,63% de pódios e 82,69% na zona de pontuação. Além disso, foi o único piloto a vencer campeonatos por quatro equipes diferentes: Alfa Romeo, Mercedes, Ferrari e Maserati e ainda é o campeão do mundo mais experiente, conquistando o pentacampeonato aos 46 anos e 41 dias.

 

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