Barrichello, Christian Fittipaldi e Burti elegem GPs e pilotos favoritos na F1
Representantes do Brasil na história recente da Fórmula 1, pilotos falam sobre seus ídolos e corridas preferidos na categoria
O GP da China do próximo domingo marca a milésima corrida da Fórmula 1. Evento histórico que enaltece a importância da categoria, disputada desde 1950. São 69 anos de trajetória, com protagonismo do Brasil. Os brasileiros somam oito títulos mundiais e são responsáveis por 10% das vitórias do campeonato. Por isso, o Motorsport.com entrevistou três nomes de destaque para relembrar corridas, pilotos e memórias da F1. Confira os top-5 de Rubens Barrichello, Christian Fittipaldi e Luciano Burti:
Rubens Barrichello
Rubens Barrichello on the drivers parade
Photo by: Manuel Goria / Sutton Images
Rubinho é o piloto com mais corridas na história da Fórmula 1. Com 326 GPs disputados entre 1993 e 2011, o brasileiro tem autoridade como poucos para falar sobre a categoria. Ele recorda sua primeira memória da F1: "Foi o GP da Itália de 1978, em Monza. Eu tinha seis anos e foi a primeira memória impactante. O Mario Andretti estava impecável". Naquela prova, o norte-americano conquistou seu título mundial, apesar de uma punição. Entretanto, a glória foi ofuscada pela morte de seu companheiro de Lotus, Ronnie Peterson.
Barrichello, que venceu 11 vezes e foi ao pódio em 68 oportunidades, também elencou seus GPs favoritos. Confira o top-5, na ordem:
1 - GP da Alemanha de 2000, em Hockenheim: Foi sua primeira vitória na Fórmula 1. Depois de largar em 18º, o brasileiro voou com a Ferrari. Ele relembra um detalhe emocionante da etapa: "A forma como foi a conversa no rádio: 'Você é louco, mas se conseguir, vai ganhar'."
2 - GP da Grã-Bretanha de 2003, em Silverstone: Rubinho foi pole e venceu a corrida de ponta a ponta, muito rápido com a Ferrari. "Melhor acerto que já tive num carro. Ele voava mesmo. Surreal."
3 - GP de Mônaco de 1997, em Monte Carlo: Com a Stewart, Barrichello largou em 10º e chegou em segundo na chuva. "A cambada estava parada (risos). Foi demais."
4 - GP do Pacífico de 1994, em Aida: Foi o primeiro pódio do brasileiro, que largou em oitavo. A etapa antecedeu o GP em que Ayrton Senna perdeu a vida. "Lembrança do Senna mais o gostinho do primeiro pódio. Que história boa, como foi bom viver isso."
5 - GP do Brasil de 2003, em Interlagos: Rubinho foi pole e liderava a 700ª corrida da história da F1, mas sua Ferrari quebrou e ele teve de abandonar pela nona vez consecutiva em sua terra natal. "Apesar da dor do carro parar, naquele dia éramos absolutos."
Barrichello também elencou seus pilotos preferidos, resumindo as qualidades de cada um. Confira o top-5, na ordem:
1 - Ayrton Senna: "BOSS!"
2 - Gilles Villeneuve: "Corajoso e certeiro."
3 - Keke Rosberg: "Ficava louco de ver ele correndo de fora, muito audacioso."
4 - Mario Andretti: "Uma lenda com um toque muito precioso."
5 - Emerson Fittipaldi: "Arrojado e talentoso, só memórias boas de assistir ele correndo."
Christian Fittipaldi
Christian Fittipaldi, Minardi M193
Photo by: Sutton Images
O sobrinho do bicampeão Emerson Fittipaldi disputou 43 GPs entre 1992 e 1994. Ex-Minardi e Footwork, Christian recorda seus primeiros momentos no universo da F1: "Foi com meu pai, Wilson, me empurrando num carrinho de bebê em Jarama em 1971, meses depois que nasci. Óbvio que não lembro. Minha primeira memória foi o Emerson terminando em segundo de Copersucar no Rio, em 1978". O 'Rato' largara em sétimo com a equipe brasileira.
Christian também elencou seus GPs favoritos. Confira o top-5, sem ordem de preferência:
- GPs do Japão de 1989 e 1990, em Suzuka: Acidentes icônicos depois da largada decidiram campeonatos em favor de Alain Prost (1989) e Senna (1990). "Quando Ayrton e Prost se pegaram. Na primeira, os dois de McLaren, e na segunda, o Prost de Ferrari e o Ayrton de McLaren."
- GP de Mônaco de 1993, em Monte Carlo: A corrida no Principado foi vencida por Senna, mas Fittipaldi também se destacou. "Larguei em 17º e terminei em quinto. Consegui passar três carros na pista. Para mim, foi a minha melhor corrida na Fórmula 1."
- GP do Brasil de 2006, em Interlagos: Foi a última prova de Michael Schumacher na Ferrari, antes de sua primeira aposentadoria da F1. "Achei que ele fez uma corrida fantástica, com uma ultrapassagem no final da reta fora do comum. Ele realmente 'parou' de guiar por cima."
- GP da Europa de 2012, em Valência: "Quando o Alonso largou em 11º e ganhou a corrida". Na época, o espanhol tentava disputar o título com Sebastian Vettel, então na Red Bull.
Fittipaldi também elencou seus pilotos, ponderando que só teve uma relação especial com um deles. Depois, complementa o top-5, não necessariamente na ordem:
- Carlos Reutemann: "Unico pelo qual eu tive um carinho diferenciado. Conheci quando eu era muito pequeno, por causa do meu pai, que era companheiro de equipe dele na Brabham. Foi o único piloto da F1 que, para mim, foi um pouco diferenciado em relação aos outros.
- Fernando Alonso
- Ayrton Senna
- Alain Prost
- Michael Schumacher
Luciano Burti
Press conference: Luciano Burti
Photo by: Ferrari Media Center
Hoje mais conhecido por ser comentarista da Fórmula 1 na Rede Globo, Luciano Burti correu na categoria entre 2000 e 2001, ano em que ficou famoso pelo acidente no GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps. Em 2002 e 2004, Burti foi piloto de testes da Ferrari. Mas seu primeiro registro na F1 foi no começo da década anterior, quando um ícone do esporte brasileiro conquistou sua primeira vitória em casa, mesmo enfrentando problemas no câmbio.
O GP disputado em São Paulo, aliás, abre o top-5 de Burti, não necessariamente na ordem:
- GP do Brasil de 1991, em Interlagos: "Primeira vez que vi um F1 e primeira vitória do Senna no país, então foi muito marcante. Me marcou muito quando passou a Ferrari na frente do box com aquele motor V12. Era o Alesi, que 10 anos depois seria meu companheiro de equipe na Prost. Quem ia imaginar que um cara da arquibancada um dia ia pilotar um Fórmula 1..."
- GP do Brasil de 1993, em Interlagos: Foi a segunda vitória de Senna em terras brasileiras. "Eu estava no setor da reta oposta, onde a galera invadiu a pista. Foi muito especial estar lá."
- GP da Grã-Bretanha de 1999, em Silverstonte: Bicampeão naquele ano, Mika Hakkinen foi pole, mas seu companheiro de Mercedes David Coulthard foi o vencedor. "Primeira corrida que vi como piloto. Eu estava na Stewart na Fórmula 3 com tudo encaminhado para fazer meu primeiro treino na F1 e ser piloto de teste. Lembro muito da sensação: 'Tô aqui na Fórmula 1, mas não sou só um espectador'. Foi bem bacana."
- GP da Austrália de 2001, em Melbourne: A prova foi vencida por Michael Schumacher, com Rubinho como terceiro. "Minha estreia como piloto titular. Estreei na F1 na Áustria em 2000, mas eu era um tapa buraco. Na Austrália, lembro de pensar: 'Caramba, eu realmente sou um piloto de Fórmula 1, coisa com que eu sonhei a vida inteira'. Tive problema na classificação e larguei em penúltimo, mas cheguei em oitavo, que infelizmente não dava ponto na época. Baita corrida."
- GP do Brasil de 2001, em Interlagos: Vencido por David Coulthard, da McLaren. "No meu país, aí sim como piloto de F1. Lembro de olhar para a arquibancada, onde assisti o GP de 1991. De repente, 10 anos depois, estava no grid como piloto de Fórmula 1. Foi muito especial."
Burti também elencou seus pilotos favoritos. Confira o top-5:
- Ronnie Peterson: "Para mim, foi o mais veloz e talentoso que teve. Não pôde ser campeão do mundo por acaso, mas gostava muito dele."
- Jackie Stewart: "Além do que fez na pista, foi o meu primeiro patrão, e hoje um grande amigo. Admiro demais o Jackie como piloto e como pessoa. Um cara muito marcante para mim."
- Ayrton Senna: "Não preciso nem explicar. O Ayrton é o maior de todos."
- Michael Schumacher: "Trabalhei com ele e o cara era realmente fora de série. Eu tive a prova real de quão bom ele era. Na telemetria e tudo o mais. Ele era muito especial."
- Fernando Alonso: "O cara começou no mesmo ano que eu. Tenho grande respeito, embora não simpatize muito com o jeito pessoal dele de ser. Mas é fora da curva, talentoso e capacitado demais. E até por ser muito bom acabou se perdendo, também por se achar demais e pensar que podia tudo. Na pista, dos que eu presenciei, foi o melhor."
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