Análise

Veja por que a entrada do Grupo Volkswagen na F1 é mais provável do que nunca

Motorsport.com analisa as chances de a categoria ter outra montadora no futuro próximo

Volkswagen logo

O Grupo Volkswagen considerou entrar na Fórmula 1 pelo menos duas vezes nos últimos cinco anos, mas acabou optando por não ingressar na categoria. Agora, porém, está próximo de promover a volta de uma de suas marcas à elite do esporte a motor mundial.

Em meio à reformulação do regulamento de unidades de potência da F1 e todas as mudanças no cenário do automobilismo nos últimos tempos, os dirigente de Wolfsburg, na Alemanha, consideram seriamente um envolvimento com o campeonato.

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Diferentemente das duas possibilidades anteriores, porém, agora as chances da entrada do grupo na F1 de fato acontecer são grandes. De todo modo, ainda se está longe de uma decisão vinculativa.

Tudo vem após o vice-presidente de automobilismo da Porsche, Fritz Enzinger, dizer à BBC Sport que uma entrada do Grupo Volkswagen na F1 seria "de grande interesse" sob certas condições.

Entretanto, a Porsche Motorsport preferiu não comentar a fala de seu dirigente quando questionada pelo Motorsport.com. O que é fato é que Enzinger não é qualquer um. Ele substituiu Wolfgang Durheimer como chefe do grupo de automobilismo da Volkswagen no início de 2018. Antes disso, esteve na BMW até o final de 2011, tendo atuado como chefe de logística para o projeto da marca na F1, entre outras funções.

Enzinger então desempenhou um papel fundamental na construção de uma organização de sucesso na Porsche, com direito a três vitórias nas 24 Horas de Le Mans e oito títulos de campeonatos mundiais de endurance.

Desde janeiro de 2019, Enzinger 'tem dois cargos', atuando como chefe do automobilismo da Porsche, com cerca de 500 funcionários, e também sendo responsável pela estratégia do automobilismo para todo o Grupo Volkswagen.

Especula-se que ele é um apoiador convicto de uma entrada do grupo na F1. "Basicamente, todos os desenvolvimentos no automobilismo e nas categorias de corrida são permanentemente observados e avaliados", disse Enzinger à BBC.

O dirigente ressaltou que isso é especialmente verdadeiro "no que diz respeito ao novo motor e às regras da Fórmula 1 a partir de 2025", quando uma nova geração de unidades de potência deve ser introduzida na categoria.

“Se os aspectos de sustentabilidade desempenham um papel nisso, por exemplo, com a introdução de e-combustíveis, então isso seria algo de grande interesse”, destacou o experiente dirigente.

Já faz algum tempo que se diz, nos círculos da indústria, que a ideia de uma entrada na F1 não foi 'arquivada' pelo Grupo Volkswagen. E as condições gerais são boas. O escândalo Dieselgate pode não ter sido plenamente resolvido, mas pelo menos as piores ondas já passaram.

Também é importante ressaltar que o novo chefe da F1 é Stefano Domenicali. Ele é um ex-VW, tendo trabalhado na Lamborghini. Além disso, o italiano supervisionou e desenvolveu um estudo em 2015 para ver se fazia sentido para a Audi entrar na F1.

Em 2019, em entrevista ao Motorsport.com, Enzinger disse que se baseou naquele mesmo estudo quando o grupo estava prestes a 'enviar' a Porsche para a F1. Entretanto, na época, a ideia não foi adiante.

De todo modo, um novo ímpeto foi 'adicionado' aos rumores quando o CEO do Grupo VW, Herbert Diess, postou no LinkedIn em agosto passado que "uma F1 com combustíveis sintéticos é mais emocionante, mais divertida, uma experiência melhor do automobilismo e traz mais competição técnica do que uma Fórmula E". Mais um sinal que animou os fãs do esporte a motor.

Desde então, a Audi, pertencente ao Grupo Volkswagen, anunciou que deixará a Fórmula E no final da atual temporada, embora a presença do grupo seja mantida através do time da Porsche.

Quanto à F1, o Grupo Volkswagen só entrará na categoria se as condições forem tais que um compromisso de um gasto financeiro razoável tenha uma chance realista de sucesso e seja ambientalmente sustentável.

Quando uma entrada na elite do esporte a motor com a Porsche estava sendo examinada a partir de 2017 e 40 funcionários estavam desenvolvendo um motor de seis cilindros adequado para a F1 - inicialmente sob estrito sigilo -, a Volkswagen até se sentou à mesa durante as negociações sobre o novo formato de motor a ser usado na categoria máxima do automobilismo mundial.

Em fevereiro de 2019, o "motor de alta eficiência" - como era conhecido internamente na Porsche - rodou pela primeira vez na bancada de testes e todos os sinais pareciam apontar para uma entrada.

'A bordo' do projeto estava Andreas Seidl, agora chefe da equipe de F1 da McLaren, mas também o homem que já havia trabalhado com Enzinger no programa de sucesso da Porsche na classe LMP1 do Campeonato Mundial de Endurante (WEC).

Ainda existem diferentes relatos de por que a Porsche não deu luz verde a uma entrada na F1. A VW alega que as montadoras da F1 não estavam dispostas a mudar o formato do motor a tal ponto que um fabricante recém-chegado teria uma chance realista de sucesso.

Pela F1, foi sugerido que a Volkswagen queria pressionar por regulamentos completamente novos, mas não estava preparada para se comprometer com uma entrada, enfraquecendo o argumento para uma mudança no formato do motor já na temporada de 2021.

Mas, agora, a VW e a F1 têm outra chance, porque, nos bastidores, o curso está sendo traçado para o motor de 2025. Tanto que pesquisas estão sendo feitas sobre e-combustíveis - tema que pode desempenhar um papel importante na estratégia da Volkswagen nos próximos anos.

Tanto a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) quanto a F1 traçaram planos para usar combustíveis totalmente sustentáveis em um futuro próximo, com um passo nesse sentido sendo dado já em 2022, quando o combustível 'E10' será introduzido.

Se a F1 definir o curso certo sob o comando de Domenicali, as chances de a Volkswagen se envolver são melhores do que nunca. No entanto, ainda não está claro qual marca poderia ser inserida em tal caso, apesar do favoritismo da Porsche.

Afinal, o grupo é composto por oito fabricantes de automóveis que teoricamente poderiam ser consideradas: Audi, Bentley, Bugatti, Lamborghini, Porsche, SEAT, Skoda e a própria Volkswagen.

Stefano Domenicali

Stefano Domenicali

Photo by: Alex Galli

Na prática, três deles estão na frente. A Audi faria sentido, sendo uma fabricante de automóveis de massa. A Porsche, por outro lado, tem o componente 'emocional' com seu nome ressonante e a influência da família dentro do grupo.

Teoricamente, a Lamborghini poderia ser considerada. É uma subsidiária integral da Audi e foi chefiada por Domenicali de 2016 até sua saída para assumir o cargo na F1. E o presidente do conselho da Audi, Markus Duesman, também é um fã confesso da F1.

Duesman começou sua carreira no Grupo Daimler e foi chefe de desenvolvimento do departamento de motores da F1 em Brixworth (como predecessor do atual CEO do Grupo Daimler, Ola Kallenius).

Em 2006, ele se mudou para a BMW e foi responsável pelo equipamento da equipe BMW Sauber, que era considerado o motor mais potente da categoria máxima do automobilismo na época.

Nesse ponto, os caminhos de Duesman, Enzinger e Seidl se cruzaram na BMW. Hoje, Duesman é considerado - e isso também desempenha um papel nesta história - um grande candidato para suceder o chefe do Grupo Volkswagen, Diess.

A nível político, estes são os pré-requisitos para um possível compromisso com a F1 por parte do grupo. Uma série de condições deve ser cumprida antes que os dirigentes possam assumir um vínculo claro. A bola agora está nas mãos dos tomadores de decisão da F1.

A Liberty Media, dona da categoria, certamente tem um grande interesse em trazer um quarto grande fabricante de volta à elite do esporte a motor após a decisão da Honda de sair no final deste ano.

Isso não apenas minimizaria o risco de enfrentar a crescente pressão e incerteza caso outro fabricante saísse, mas também ajudaria do ponto de vista corporativo, já que cada fabricante traz uma ampla gama de parceiros e patrocinadores para a categoria.

Também não se esperam obstáculos por parte da FIA. Para a Volkswagen, tópicos como sustentabilidade (redução para quatro cilindros; híbrido; e-combustíveis) são de importância elementar, assim como um limite de orçamento para o desenvolvimento. São metas que se alinham às do presidente da FIA, Jean Todt - e que podem despertar o interesse não só da Volkswagen, mas também de outros fabricantes.

As montadoras atualmente envolvidas na F1 - Mercedes, Ferrari e Renault - podem, portanto, se tornar o ponto crítico. Caso estejam preparadas para enfrentar uma grande reforma no que diz respeito ao novo motor a partir de 2025, muitas opções estão abertas para a Volkswagen.

Em 2016, o escândalo do Dieselgate impediu a entrada da Volkswagen. Três anos depois, a relutância dos players existentes na F1 em se 'reformarem' novamente interrompeu os planos. Já 2025 marca a terceira chance realista em 10 anos - mas ainda há passos a serem dados. O primeiro seria a Volkswagen sentar-se à mesa nas negociações sobre a nova fórmula do motor. Se isso acontecer, tudo pode ficar claro nas próximas semanas.

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Christian Nimmervoll
Fórmula 1
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