Fórmula E ePrix de São Paulo

'Caminho sustentável' da F1 não representa o futuro do esporte a motor, diz criador da Fórmula E

Para Alberto Longo, o caminho trilhado pelas montadoras apontam que o futuro está na plataforma que a F-E fornece F1 tenta ser sustentável, m

Alberto Longo , CEO Formula E

Em meio a uma guinada na Europa pela eletrificação da indústria automotiva, a Fórmula 1 tomou um ousado passo de se manter nos motores a combustão, mas buscando nos combustíveis sintéticos uma forma de caminhar em direção à sustentabilidade. Mas, para o cofundador da Fórmula E, Alberto Longo, a direção trilhada pela categoria não representa o futuro do esporte e da indústria.

Há alguns anos, a F1 anunciou um projeto de tornar a categoria mais sustentável, buscando neutralizar suas emissões de carbono até 2030. Para muitos, essa seria a porta de entrada do Mundial no mundo elétrico, mas o caminho pela qual o esporte optou acaba sendo bastante diferente.

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Em 2023, a F1 mudou a composição do combustível para o modelo E10, uma mistura de 90% de combustível fóssil e 10% de etano. Porém, para a nova geração de motores, que entrará em jogo a partir de 2026, o projeto dá outra guinada.

A unidade de potência ficará ainda mais híbrida que a atual, com 50% de eletrificação, enquanto o combustível passará a ser sintético, 100% sustentável.

Mas, em entrevista exclusiva ao Motorsport.com durante o ePrix de São Paulo, Longo não vê o caminho trilhado pela F1 como o mesmo que a indústria automotiva segue no momento.

"Isso é algo que poderíamos falar por horas a fio", disse. "Mas primeiro é importante destacar uma coisa: a Fórmula 1 não pode eletrificar. Não pode porque a licença é nossa. Como os dois são campeonatos da FIA, é ela quem dá os direitos de um Mundial com motor de combustão interna para a F1 e o de carros elétricos para nós".

Longo cita o fato de que várias montadoras de renome o mundo do automobilismo já estão seguindo o caminho da eletrificação, com projetos de abandonar os motores a combustão nos próximos anos.

"O que a F1 está tentando fazer, ser o mais sustentável possível, usando esses combustíveis sintéticos, não é o futuro. É um passo intermediário na ecomobilidade, porque essa mobilidade é completamente elétrica. Eu diria que vamos seguir caminhos paralelos, mas em algum momento a indústria decidirá qual dos campeonatos eles poderão viver sem".

"Mas o que estamos vendo no momento é a indústria focar na eletrificação. Já temos marcas como Porsche, Maserati e Jaguar que, nos próximos anos, devem aumentar a produção de carros elétricos, reduzindo os de combustão. O prazo de algumas é 2030. Isso é logo ali. A Jaguar mesmo vai deixar de produzir carros com motor a combustão em 2025".

Piloto da Mahindra e grande apoiador da Fórmula E, o brasileiro Lucas di Grassi também acredita que o caminho ideal para as montadoras é o Mundial elétrico.

"O futuro dos carros é a eletrificação", disse o brasileiro em entrevista ao Motorsport.com. "Não há mais dúvida disso. Grande parte das montadoras que estão entrando na F1, elas podem desenvolver algumas tecnologias, mas o carro 100% elétrico é muito diferente do híbrido". 

"Se você quer desenvolver carro elétrico, precisa estar em uma categoria de carros elétricos, que usa um ou dois jogos de pneus por final de semana, e não 20". 

Mesmo assim, Longo diz desejar o melhor para a F1, inclusive agradecendo o Mundial por gerar mais interesse para o esporte e, como consequência, mais fãs para a F-E.

"Assim, por enquanto coexistiremos. Eu sou um grande fã da Fórmula 1. Inclusive já vi várias corridas aqui em São Paulo e, sem dúvida, desejo o melhor para eles, porque eles estão vivendo uma boa fase. E eles estão nos ajudando a crescer também, porque hoje o número de fãs do esporte a motor cresceu". 

Longo ainda fez uma análise sobre a evolução da F-E, que está atualmente em seu nono ano, iniciando a terceira era de carros.

"Eu vejo [essa evolução] como algo espetacular. Se você me dissesse há nove anos que hoje estaríamos com nove montadoras no grid, que estaríamos correndo em todas as cidades que desejávamos, que os carros teriam evoluído para aguentar uma corrida inteira, que teríamos um grid competitivo desse nível, eu diria que essa pessoa estaria louca".

"Foi uma evolução muito rápida. Nesse período, já estamos atingindo 150 países pelo mundo, cerca de 400 milhões de pessoas. O crescimento da categoria foi bem mais rápido do que esperávamos".

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