No Dia Mundial da Diabetes, pilotos provam que doença não é empecilho para desempenho em alto nível
Estrela norte-americana, multicampeão brasileiro e promessa do kart mostram que tratamento não impede glórias no esporte
No Brasil, cerca de 11% da população convive diariamente com a diabetes, segundo levantamento da Federação Internacional de Diabetes. Apesar dos cuidados que o tratamento impõe, pilotos ao redor do mundo provam que a doença não é empecilho para um desempenho de alto nível no esporte a motor.
O exemplo mais notório no cenário internacional é o do piloto Charlie Kimball, da IndyCar, diagnosticado com a diabetes tipo 1 - que é do tipo autoimune, ou seja, não tem cura - em 2007, quando tinha 33 anos de idade. Desde então, ele se tornou o primeiro piloto diabético a vencer uma corrida na categoria, em 2013, seu único triunfo.
Charlie Kimball
Photo by: Michael L. Levitt / Motorsport Images
Kimball, que se tornou defensor dos movimentos de conscientização sobre a doença, convive normalmente com a diabetes. Os únicos ajustes que teve de fazer no carro foram um indicador do nível de sua glicemia no volante e um recipiente com suco de laranja, que ele toma quando seu índice glicêmico apresenta queda.
“Espero que consiga inspirar as pessoas para que, seja o que for que queiram fazer na vida, saibam que nada está fora de alcance”, disse ele ao Detroit News. “Atleta profissional, CEO de uma grande empresa, o que quiserem... Existe uma maneira de fazer com que a diabetes funcione para eles. É o meu objetivo quando converso com crianças, jovens e especialmente com famílias – incentivar os pais. É difícil e há pessoas que entendem o quanto é difícil”.
O exemplo do norte-americano não é isolado. No Brasil, Miguel Paludo, hexacampeão da Porsche Cup, convive com a diabetes tipo 1 desde os 21 anos. Hoje, com 37, não se sente prejudicado em relação aos rivais por ter de lidar com a doença.
Miguel Paludo, hexacampeão da Porsche Cup
Photo by: Luca Bassani
“O tratamento evoluiu e facilitou muito a monitorar a doença. Hoje usamos um aparelho que lê o nível glicêmico do sangue a cada cinco minutos”, afirmou o piloto ao Motorsport.com. “Fora competições de longa duração, como o Iron Man, em que a glicemia cai muito e você teria que repor, não tenho nenhuma limitação para a prática esportiva”.
Há alguns anos, o piloto passou a ter um companheiro no convívio com a diabetes de tipo 1. Seu filho, diagnosticado com oito meses de idade, também vive uma vida “completamente normal”, nas palavras do pai.
“Monitoramos ele o tempo todo, inclusive quando está na escola ou em casa de amigo. Se o nível de açúcar no sangue dele cai, uma notificação já aparece no nosso celular, então o risco é bem menor”.
A história de Miguel Paludo teve papel essencial na vida de Christian Mosimann, de 10 anos, que decidiu não parar de perseguir o sonho de competir profissionalmente no automobilismo. Há quatro anos com a doença, o garoto chegou a abandonar o kart quando descobriu que também tinha a diabetes tipo 1, mas mudou de ideia quando percebeu que, tomando os cuidados necessários, poderia voltar às pistas normalmente.
Flavia Mosimann, mãe de Christian, disse que a notícia de que o filho teria diabetes por toda a vida, no primeiro momento, assustou. Mas, hoje, o tratamento já virou uma rotina. A partir do momento em que o filho decidiu competir profissionalmente, passou a ter consultas periódicas com nutricionistas e endocrinologistas para montar um plano especial para treinos e corridas.
“As dosagens de insulina são diferentes quando há esforço físico ou adrenalina. O regulamento aponta que ele pode competir com diabetes, desde que monitorado”, contou ao Motorsport.com.
Ela afirma que as vitórias nas competições deram uma nova motivação para Christian. “O esporte tirou o foco do 'menino que tem diabetes' para o 'menino que anda de kart' e deu a possibilidade de ele se sentir igual aos outros, porque não há limitação”.
“Independente de ele se profissionalizar, o esporte já cumpre o seu papel”, completou.
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