Entrevista

Chefe de Wickens pede barreiras maiores em ovais

Sam Schmidt fala sobre como acidente do canadense e seu estado de saúde afetam ele e sua equipe

Robert Wickens, Schmidt Peterson Motorsports Honda and Sam Schmidt

Dono da SPM, Sam Schmidt falou abertamente sobre Robert Wickens após seu acidente no domingo passado no circuito de Pocono. Falou também o que o estreante da IndyCar tem feito para a equipe, e sobre as mudanças de segurança que quer que introduzam aos circuitos ovais.

Atualmente chefe de Wickens e James Hinchcliffe, Schmidt ficou tetraplégico depois de um acidente forte no oval da Walt Disney World em 2000, quando sua medula espinhal foi gravemente danificada na região das vértebras cervicais C3-C4.

No entanto, ele disse ao Motorsport.com que está esperançoso de um melhor resultado para Wickens após a cirurgia do canadense na coluna na noite passada.

"Tivemos todos os especialistas lá e todos os protocolos da IndyCar foram feitos. Eu não posso elogiar o suficiente a equipe de segurança da IndyCar e como eles trabalharam com os hospitais e cirurgiões locais. Todos fizeram um trabalho fantástico.”

"Os médicos estão fazendo o que precisam e tudo o que podem. Tudo o que precisaria ser feito para alguém depois de um acidente tão violento, com o carro e o corpo humano indo aos limites absolutos, está sendo feito. Depois que as outras lesões (nas extremidades inferiores e no braço) estiverem boas, podemos esperar que Robbie seja transferido para Indianápolis. Isso seria o ideal."

Perguntado se todas as cirurgias e reabilitação forem bem-sucedidas ele acredita que Wickens poderia eventualmente voltar para a IndyCar, Schmidt disse: "acho que sim, espero que sim. Só conheço o Robbie há cerca de um ano, mas correr é a sua vida, ele está realmente gostando da IndyCar. Parece se adequar a ele muito bem.”

"Então, se ele sente que pode ser competitivo, não tenho dúvidas de que ele voltaria. Ele é o tipo de indivíduo comprometido e motivado que pode superar grandes contratempos."

Wickens foi "inspirador" para a SPM

Schmidt falou com emoção do efeito devastador que o acidente de domingo passado teve sobre a moral dentro da equipe SPM. O time viu a morte de Dan Wheldon na corrida de Las Vegas em 2011, viu um violento acidente de Mikhail Aleshin em Fontana em 2014 e os grandes ferimentos internos de James Hinchcliffe nos treinos para a Indy 500 em 2015. Agora, o acidente de Wickens.

"Estou farto de nossa equipe ter que ser o time mais resiliente", disse Schmidt. "Ninguém na nossa equipe está no negócio pelo cheque de pagamento: eles têm uma paixão. Temos esse vínculo porque nós somos competidores e queremos ganhar sempre”.

"E Robbie já se tornou uma parte intrínseca desta organização, apesar de ser um estreante na IndyCar."

"Mas isso é o que torna esse tipo de situação muito pior. Todos nós reconhecemos seus talentos. O que ele fez é simplesmente uma performance fantástica para um um novato, por mais experiência que ele tenha em outros campeonatos."

Schmidt diz que o carro "fez o que deveria fazer"

Sobre a questão de quão bem o chassi Dallara de Wickens resistiu ao acidente, Schmidt comentou: “tenho certeza de que mais análises serão feitas pela IndyCar, mas pelo que posso dizer, ele fez absolutamente o que deveria fazer”.

“Quero dizer, não sobrou nada. Agora é apenas uma grande pilha de lixo sem nenhuma parte utilizável. Mas é assim que deve ser, para dissipar a energia durante um acidente como esse. Ajudou a proteger o elemento que deveria proteger - o piloto.”

“Ver Robbie de olhos abertos no centro de atendimento foi intenso. Porque os 40 minutos de silêncio foram longos demais. Parabéns para a Dallara, para o pessoal técnico da IndyCar, para a equipe de segurança e todas as pessoas que contribuíram com os procedimentos e o protocolo da IndyCar para cobrir essas situações.”

“Você sabe, eu só tenho que agradecer a Deus por aqueles 15 ou 20 homens e mulheres que viajam para todas as nossas corridas e têm a mesma paixão por corridas que nós. Eles salvam vidas e cuidam dos feridos – seja James, seja Robbie, seja Mikhail... sem a equipe de segurança, perderíamos mais pilotos.”

Barreiras maiores devem ser introduzidas

Desde o acidente de Wickens, pensa-se em buscar alternativas para cercas, que evitariam que o carro girasse violentamente. A grade também tende a rasgar pedaços grandes e pequenos do carro, jogando detritos em ambos os lados da cerca.

Alguns até sugeriram uma versão reforçada de acrílico para substituir as grades. Schmidt está entre aqueles ansiosos para ver a situação remediada, e acha que a solução é mais óbvia.

"Precisamos descobrir alguma coisa", comentou ele. "E venho dizendo isso desde que Dan Wheldon morreu em 2011. Eu odeio reclamar sobre algo ou pedir mudanças quando não tenho uma solução. Eu não sou o cara com as respostas”.

“Mas o que eu pedi desde então é que nas curvas onde não há arquibancadas - e então nenhuma linha de visão de espectadores seria afetada - eles deveriam ir mais alto com as barreiras.”

"Talvez isso seja apenas uma correção de curto prazo, mas o Safer Barrier é testado e não leva os carros de volta à pista.”

“Se você assistir ao acidente de Mikhail, ao acidente do Robbie e a outros – incluindo NASCAR – mais um metro de barreira teria contido o carro dentro da pista sem esse efeito ralador de queijo que a grade tem. Não sei se isso é uma correção de longo prazo, mas, certamente, nas curvas em que a visualização dos espectadores não é um problema, as pistas ovais precisam fazer algo assim. ”

Schmidt indeciso sobre quem será substituto no carro #6

Schmidt ainda não confirmou se um substituto para Wickens seria encontrado antes do final da temporada. A equipe revelou que andará apenas com o carro de Hinchcliffe em Gateway neste fim de semana. A corrida de Portland é no fim de semana seguinte, com a final em Sonoma duas semanas depois disso.

"Para as duas últimas corridas, eu ainda não sei, sinceramente não sei", disse Schmidt. “Como descobrimos em Indy (quando Hinchcliffe não conseguiu se qualificar), temos parceiros incríveis e ligamos para todos eles para discutir a situação de agora. Todos disseram: 'precisamos nos concentrar em Robbie, focar em suas necessidades, focar em sua família, focar em Hinch tendo um final de temporada bom e você não precisa fazer nada por nós.' Foi ótimo ter essa resposta.”

“Como disse, somos competidores e queremos correr, mas as mentes de todos dentro da equipe estão inevitavelmente distraídas agora, pois mantemos Robbie em nossos pensamentos. Tentar introduzir um novo piloto neste fim de semana, tão cedo, seria outra distração. Para Portland e Sonoma, ainda não sei.”

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