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Robert Wickens: 'Meu objetivo é voltar a um carro da Indy'

Depois de acidente nas 500 Milhas de Pocono, em agosto de 2018, canadense vai aos treinos do GP de St Pete e fala sobre recuperação

Robert Wickens, Schmidt Peterson Motorsports Honda

Em agosto de 2018, Robert Wickens sofreu várias lesões depois de uma forte batida nas 500 Milhas de Pocono. Desde então, o piloto está passando por um processo de reabilitação e documentando sua luta para voltar a caminhar. Nesta sexta-feira, ele retornou a um circuito pela primeira vez desde o acidente. Foi para acompanhar os treinos livres para o Grande Prêmio de São Petersburgo, que abre a temporada 2019 da IndyCar. Em coletiva, o canadense disse que seu “sonho” é voltar a pilotar na Indy.

“O objetivo é voltar a pilotar um carro da IndyCar. Não saberei se isso é uma realidade até eu tentar. Além disso, há uma série de pilotos memoráveis que tiveram sucesso no automobilismo com controles para a mão. Isso me faz acreditar que, independentemente de como o meu tratamento progredir, eu estarei de volta em um carro de corrida”.

“É só uma questão de tipo de carro. O sonho é sempre a Indy. Sei que a Arrow [equipe de Wickens] tem dito que terá um carro para mim quando eu estiver apto. Mas também que há regras que devemos respeitar. Não sei quantas modificações podemos fazer, etc. Teremos que cruzar essa linha quando chegar a hora certa”.

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Questionado sobre o motivo pelo qual deseja retornar à categoria, Wickens respondeu: “É tudo que sei fazer. Desde jovem, eu soube exatamente o que queria fazer da vida. Disse aos meus pais quando tinha 9 ou 10 anos que queria ser piloto de corrida. Eles riram e repetiram ironicamente para mim naquela noite, como se o que eu desejasse fosse inalcançável”.

“Depois do acidente, todos me disseram desde o começo: Se você não puder correr novamente, ainda poderá fazer algo grandioso na vida. Mas sou um trabalhador, sei que vou colocar meu pé em algum lugar. Não fiquei satisfeito com aquela resposta. Não quero um emprego padrão em outro lugar. Quero pilotar um carro de corrida”.

Robert Wickens, Schmidt Peterson Motorsports Honda

Robert Wickens, Schmidt Peterson Motorsports Honda

Photo by: Michael L. Levitt / LAT Images

“Mesmo que eu tenha de aprender alguma coisa nova, como os controles com as mãos, sei que será algo em que me dedicarei. Temos o Billy Monger, que está fazendo um grande trabalho com isso. E Alex Zanardi, o grande cara a dar volta por cima no automobilismo depois de um acidente. Veja o que ele fez em Daytona e na DTM no ano passado, em que ficou no top 10 sem nem mesmo ter testado!”

“Tudo é possível. Sei que sou um trabalhador, e analítico. Acho que posso me dar bem mesmo com controles de mão. Meu único medo é que sempre quis voltar a correr no mesmo nível de antes. Não quero ser apenas mais um piloto entre tantos. Quero ser aquele que compete por vitórias ou pódios, como antes. Isso é o principal para mim”.

Último diagnóstico permanece desconhecido

Descrevendo seu progresso pessoal, Wickens enfatizou novamente que nada é definitivo e que ele não tem ideia de qual será o resultado final: “Estou fazendo algumas coisas e melhorando a cada dia. Mas é como se fosse uma estrada em linha reta sem um cenário, e você está se esforçando ao máximo para chegar no final”.

“Vamos chegar lá, um passo de cada vez. É basicamente tudo que posso dizer – estamos fazendo progresso. Quanto à lesão cervical, você nunca sabe se chegará o dia em que não haverá mais evolução. Eu tento pensar que estamos utilizando todos os dias que podemos para que eu fique o mais saudável possível".

“Estou trabalhando duro, fazendo tudo que posso, porque toda minha filosofia de vida se pauta no seguinte: quanto mais você trabalha, mais resultados tem. Tenho que me certificar de que sou o que mais se esforça e não serei vencido. É o meu pensamento desde o primeiro dia da minha vida, como meus pais ensinaram”.

Robert Wickens, Schmidt Peterson Motorsports Honda

Robert Wickens, Schmidt Peterson Motorsports Honda

Photo by: Scott R LePage / LAT Images

“É a minha abordagem, não sei se certa ou errada. Pode ter uma pessoa do meu lado com a mesma lesão comendo fast food deitada o dia todo que pode caminhar antes de mim. Os médicos sabem que trabalho forte e pedem que eu descanse. Mas também me dizem para manter o que estou fazendo pois está dando certo. Faço exercícios de 4 a 6 horas por dia, seis dias por semana, e é dureza. Só aproveito o domingo”.

“Não tem como saber exatamente o porquê dos resultados que estou tendo, ou se se eu fizesse mais ou menos atividades iria mudar alguma coisa. Ninguém sabe. A grande questão para mim é que sempre me dizem que entre 6 e 9 meses ou 6 e 12 meses é o período em que há mais evolução. E estou bem no começo disso”.

“Toda semana temos pequenos progressos. Karli [noiva de Wickens] e eu estamos documentando tudo que podemos no começo de cada mês. É memorável quando comparamos a situação de março com fevereiro e janeiro. Todo mês tem algo novo”.

 “Incrível” torcida de fãs e pilotos

Wickens disse que o carinho recebido em São Petersburgo, desde o dono de sua equipe, Sam Schmidt, até os pilotos e fãs, foi “surpreendente”: “Eu esperava muito apoio, mas já foi algo além do que eu imaginava. Ao ir para o pit lane para a primeira sessão, imaginei que os fãs estariam mais concentrados nos carros, como eu estaria. Mas pareceu que todos ali se importavam comigo. Todos cantavam meu nome”.

“É muito legal ver o pessoal da mina equipe e de outras dizendo que é bom me ver. Nunca tinha visto alguns deles antes. Isso mostra o quão grandiosa é a comunidade da Indy, como é familiar. E os fãs também são fantásticos. Todos estão me dando muito apoio. É sensacional”.

Wickens também elogiou Sam Schmidt, que ficou tetraplégico em um acidente na Walt Disney World Speedway em 2000: “Sam tem sido muito atencioso ao longo de todo o processo. Quando a lesão aconteceu, ele já sabia quem eram os bons médicos e cirurgiões. Ele está sempre se certificando de que eu terei o melhor tratamento possível”.

Sam Schmidt

Sam Schmidt

Photo by: Scott R LePage / LAT Images

“Sam sabia muito sobre a lesão por causa da pesquisa que ele fez sobre sua paralisia. Ele já foi a muitos hospitais de reabilitação. Então agora que estou nessa realidade, ele já sabe me dizer todas as informações de todos os centros de reabilitação que contatamos. É difícil expressar em palavras o que ele tem feito. Acho que ele fez tanto que nem consigo mensurar, porque eu estava num estado em que não conseguia perceber tudo o que ele estava fazendo”.

Em relação ao apoio vindo do restante da comunidade automobilística mundial, Wickens disse que tem uma noção do carinho recebido: “Sempre soube que as pessoas dariam suporte. Eu sempre dei apoio quando outro piloto tinha um acidente, mesmo sem conhecer. Estar no outro lado da moeda é especial. Não estive em casa em Indianápolis desde o acidente, mas minha noiva me conta tudo. Há caixas e mais caixas de correspondências para abrir”.

“Do mundo do automobilismo, todos os pilotos, grandes e pequenos nomes me mandam mensagens de apoio nas postagens que faço em redes sociais. Eles me reafirmam que posso conseguir meu objetivo. Honestamente, quando esses pilotos vão até você, a vontade cresce ainda mais. É a grande questão: quero finalizar essa jornada não apenas por mim, mas por todos que me apoiam. Não quero falhar de forma alguma”.

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David Malsher
Indy
Robert Wickens
Schmidt Peterson Motorsports
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